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terça-feira, 1 de abril de 2014

[6750] - IVA CABRAL DESILUDIDA...


Fidja di Amilcar Cabral  disiludido ku Cabo Verde  NU RENEGA NOZ  STÓRIA, NU PERDI ALMA...  Si pai ta assumiba como africano, un simples africano...Mas sociedade  cabo-verdiano di hoje ka kré aceita, ka kré aceita ma nôz é africano, mas nôz espaço vital é Africa,y nâo Europa ou Merka sima ez kré inpingino. Iva Cabral, fidja  di Amilcar Cabral, fla ma Cabo Verde   ten complexo di si raiz africano pamódi nu ka kre aceita ma  nu ben di  escravos, di escravatura,   escravatura ki  sta na base di noz sociedade. Ser africano significa  ser negro, pobre, escravo, y kel li cabo-verdianos ka kre aceita, por isso nu ta volta pa brancos, ê ku ez ki nu ta sina acordos, ê  ez ki nu ta imita, ê na ez ki nu ta bendi alma...  Di noz passado , di noz stória ancestral  ka kré sabedu, próprio ensino  ka ta da  atenson a stória di Cabo Verde, a stóia di Africa. Y kel  li, na opinion di Iva Cabral , ki ê Reitora di Universiadde Lusófona na Mindelo, kel li  é horrivel pamodi nu sta kuase ta perdi  alma. É triste, di facto, odja nôz heróis, nôz mitos, noz lendas enbrudjados y enterrados  la Kobon, pa nu usa un expresson di noz saudoso Norberto Tavares. Nu aproveita, nu aproveita ez 5 di Julho, data ki cabo Verde ta completa maz un  ano como nasson livre y indipendente, nu aproveita  pa nu recorda  di undi li  nu ben , pamódi un cuza ê certo : Si nu ka sabi di undi nu ben, nu ka ta sabi  pa undi nu ta bai ....
Fidja di Amilcar Cabral disiludido ku Cabo Verde
NU RENEGA NOZ STÓRIA, NU PERDI ALMA...
Si pai ta assumiba como africano, un simples africano...Mas sociedade
cabo-verdiano di hoje ka kré aceita, ka kré aceita ma nôz é africano, mas nôz espaço vital é Africa,y nâo Europa ou Merka sima ez kré inpingino. Iva Cabral, fidja di Amilcar Cabral, fla ma Cabo Verde ten complexo di si raiz africano pamódi nu ka kre aceita ma nu ben di escravos, di escravatura, escravatura ki sta na base di noz sociedade. Ser africano significa ser negro, pobre, escravo, y kel li cabo-verdianos ka kre aceita, por isso nu ta volta pa brancos, ê ku ez ki nu ta sina acordos, ê ez ki nu ta imita, ê na ez ki nu ta bendi alma...
Di noz passado , di noz stória ancestral ka kré sabedu, próprio ensino ka ta da atenson a stória di Cabo Verde, a stóia di Africa. Y kel li, na opinion di Iva Cabral , ki ê Reitora di Universiadde Lusófona na Mindelo, kel li é horrivel pamodi nu sta kuase ta perdi alma. É triste, di facto, odja nôz heróis, nôz mitos, noz lendas enbrudjados y enterrados la Kobon, pa nu usa un expresson di noz saudoso Norberto Tavares. Nu aproveita, nu aproveita ez 5 di Julho, data ki cabo Verde ta completa maz un ano como nasson livre y indipendente, nu aproveita pa nu recorda di undi li nu ben , pamódi un cuza ê certo : Si nu ka sabi di undi nu ben, nu ka ta sabi pa undi nu ta bai ....
 
Fonte - Onda Kriolu / Recolha - A.Mendes

4 comentários:

  1. Sempre ouvi dizer que presunção e água benta cada um toma a que quer. Esta senhora toma a dose que lhe parece mais conveniente com os seus pergaminhos académicos ou as suas convicções políticas. A pessoa que comentou as suas palavras toma a dose que mais se adequa aos seus sentimentos pessoais e comportamentos culturais. O cabo-verdiano comum toma a dose que melhor sente conformar-se com a idiossincrasia que emana do seu corpo e da sua alma, fruto de uma génese precisa e de uma sedimentação de séculos.

    Pela simples cor da pele, o cabo-verdiano é, obviamente, africano, se entendermos como africano quem tem a pele de cor negra. Mas este epítome não é eficazmente definidor, se virmos que há povos de outros quadrantes geográficos que têm a pele negra e não podem de forma alguma ser considerados africanos por não terem origem nem directa nem indirecta no continente africano. O Norte da África, por exemplo, é habitado por povos que têm características físicas distintas das dos sub-sarianos e no entanto são africanos, porque nasceram e vivem em África.

    É certo que a origem remota e predominante do povo cabo-verdiano tem a ver nitidamente com a África. Mas foi transportado para ilhas atlânticas, que nada têm a ver geologicamente com o continente africano, e em circunstâncias geográficas específicas aí se foi moldando a sua feição cultural e certas características fenotípicas. Portanto, sob ponto de vista de vinculação territorial, factor identificador da etnia, o cabo-verdiano deixou de ser africano, como nos vai em breve demonstrar um pesquisador em trabalho de real mérito académico ainda por dar à estampa.
    Quanto ao comportamento cultural, o cabo-verdiano é, inegavelmente, produto de uma miscigenação de cultura europeia e africana, que ao longo de séculos foi cinzelando uma fisionomia muito própria e que define a maioria esmagadora do povo das ilhas. Sobre isto, académicos de grande valia, como Baltasar Lopes, escreveram o que é do conhecimento público, pelo que não me parece ser de gastar mais palavras. É evidente que as ideias desta senhora surgem em contraponto com as do nosso Mestre Baltasar Lopes e o movimento cultural que ele e outros dearm forma. Não me parece que, por mais que se esforce, poderá alguma vez esta senhora ombrear com um Baltasar Lopes e outros seus contemporâneos.

    Para concluir, conto apenas este episódio. Em 2003, fui ao interior do Paul/S. Antão a convite de um parente, para visitar a propriedade agrícola da família. A certa altura, fomos visitar um velhote de 90 anos que tinha sido o antigo feitor. Um velhote simpático e ainda rijo de forças e de ânimo. Ofereceu-nos logo um grogue e convidou-nos para comer uma ervilha guisada, cozinhada pela filha, que comemos sentados à sua mesa de madeira. Depois, foi buscar uma rabeca cujas cordas foi desfiando ao mesmo tempo que ia cantando uma modinha antiga. Foi a sua homenagem aos visitantes. O velhote era de tez morena, de feições tipicamente cabo-verdianas, vestindo o seu casaco (estávamos numa região de cota alta e fazia um friozinho em Dezembro) e usando um chapéu de feltro. Por momentos, aquele velhote trouxe-me à mente a exacta fisionomia de pessoas da mesma idade e do mesmo jeito que conheço da Beira Baixa (terra da minha mulher). Tanto no estilo como no comportamento e na expressão do sentimento. Aquele homem era Cabo-Verdiano. Sem tirar nem pôr.

    No mais, direi que Cabo Verde tem tantas urgências que não me parece serem úteis polémicas desta natureza, tanto mais que em tudo isto é indisfarçável a intenção de alguém querer marcar território onde a história se encarregou já de estabelecer marcos perfeitamente legíveis.

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  2. Um debate interessante…………………………………………………

    Quando IVA CABRAL DESILUDIDA.. abre o debate ou o confronto Claridoso-Cabralista sobre o que são os caboverdianos: africanos ou pura e simplesmente caboverdianos? That’s the question. A priori de simples resposta (como os franceses dirão ‘le débat a eté tranché par Amilcar Cabral qui a gagné la bataille de l’indépendence et donc sa thèse a été 100% correcte’ Este debate é fundamental, melindroso, rico e ao mesmo tempo polémico e voltamos à estaca zero ‘le débat n’est pas tranché’

    Adriano fez bem em desacoplar o problema da cor da pela da condição africana, pois hoje temos milhões de europeus de raça negra e portanto europeus por nascença e nacionalidade.

    Cabo verde situado à milhas do continente, Africa: verdade.
    Cabo Verde hoje estado africano? Outra verdade
    Caboverdiano africanos: sim, fazem parte de um estado africano reconhecido
    Cabo verdianos africanos continentais? Não, categoricamente não.
    Existe, então, uma especificidade cabo-verdiana? Sim na minha opinião


    Como bem frisa Adriano Lima esta contradição cabo-verdiana é insanável, resulta da sua história e da sua idiossincrasia, foi bem estudada por Dr Baltazar Lopes e os Claridosos e nenhum debate pode fugir à esta abordagem fundacional. Cabo-verdianos, ‘tout cout’, não são africanos continentais, assim como nunca foram europeus (pois nem europeus formais via estatuto de Autonomia tal como propôs Adriano D Silva e alguns Claridoso não teve resposta positiva ou atempada de Lisboa) talvez uma mistura com ponderações diversas de diferentes povos destes continentes, aqui mais sangue africano lá menos.
    Convém realçar que o grande confronto entre os Claridosos e Amilcar Cabral (dos dois lados da trincheira intransponível) tinha a ver com a questão existencial da identidade cultural cabo-verdiana e que entrechocava nos dois projectos políticos antagónicos para Cabo Verde acima referidos. Se a tese nacionalista cabraliana vingou pois hoje Cabo Verde é, à parte inteira, um estado africano e que pretende uma melhor integração no seu espaço geográfico, no que toca a questão da identidade, a sua especificidade e mesmo originalidade no Mundo, já não se pode dizer a mesma coisa (os franceses dizem ‘le débat n’est pas tranché’, e duvido que o será. Ou seja hoje todos reconhecem a actualidade da visão dos Claridosos (que foram num tempo ostracizados por uma visão muito radical da problemática) embora não se pode advinhar as evoluções da teoria cabraliana sobre Cabo Verde, se este estivesse vivo, na medida em que ninguém pode contestar a sua estatura como intelectual. E mais, hoje com a globalização, mais do que nunca C Verde tem que defender a sua especificidade no contexto africano, evitando os problemas das migrações descontroladas e dos tráficos associados, caso contrário corre o risco das maiores instabilidades, de ser riscado do mapa e de uma fatal diluição da sua identidade cultural. Portanto a visão dita conservadora dos Claridosos envolvia aspectos de geopolítica e uma doutrina nacional ou nacionalista que só hoje descortinamos.

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  3. Um testemunho Histórico:


    " Descoberta num dia 24 de Junho, chamaram-lhe ilha de S. João. Depois a natureza selvática da sua orografia, o bravio dos seus vales emaranhados de vegetação hostil, e o abandono a que foi relegada durante muitos anos e ainda depois de habitada, deram-lhe o nome de BRAVA.
    Em 1680 houve uma grande falta de chuvas na ilha do Fogo; e aventa-se que muitos casais, (não escravos, que esses, jungidos à tirania dos senhores, não podiam mudar de terra), buscaram refúgio na Brava; mas já a encontraram povoada por colonos brancos, os quais, coisa de cem anos antes, se tinham estabelecido na costa noroeste da ilha, constituindo o fundo dessa admirável raça de homens fortes, pacíficos e bravos, e de mulheres perfeitas, com lidimo tipo moral da mulher portuguesa.

    A suposição de uma colónia negra vinda do Fogo, escravos arremessados pela fome às praias de uma ilha deserta, os quais, depois, vieram a realizar a maravilha de uma descendência branca , enérgica, dotada de tradições e virtudes, que não têm, evidentemente, o seu "habitat" no continente africano, essa lenda inconsequente, não podia ajustar, quanto mais prevalecer.
    ..." Mesmo admitida a hipótese dos ádvenas fogueteiros de 1680, impõem-se a negação de terem sido eles escravos; porque estes não podiam quebrar as cadeias da sua condição para passar à Brava com mulheres e filhos; nem seus senhores, cupidos e despiedosos, malbaratariam o seu precioso ébano em holocausto a sentimentos que então floresciam em almas santas.

    E não é maravilhoso que, de colónia de escravos, proviesse esta raça branca, perfeita, de linhas físicas e de elevado moral, dotada das eminentes qualidades dos povos superiores; que é o fundo étnico da Brava ? E não é inexplicável que dessa colónia retinta não tenha ficado sinal, de tal jeito que já em 1879 apenas conhecessem duas ou três famílias de pretos, como o disse, em relatório oficial, o general Sérvulo Medina ?
    Não, não há duvida que os supostos escravos dessa colonização, ou mudaram de cor e natureza ao tocar as plantas na santa terra bravense, ou então em algum abismo desconhecido se afundaram para deles não ficasse noticia, nem epiderme do bravense, nem no seu folclore, nem nas suas festas, nem nos seus descantes, nem na sua indumentária, nem na sua indumentária de motivos fortemente minhotos, nem nas típicas palhoças de tectos cónicos dos quais, na Brava, jamais se teve notícia!
    ....

    Todo este arrazoado para trazer à história a confluência de um veio de verdade; e não porque essa sonhada origem guineana nos importe depressão, pois que a dignidade humana não está na cor da epiderme.
    Antes, honra insigne seria descender de escravos e ter subido a senhores ... já que ninguém ignora que, na Ilha Brava, cada homem é um senhor independente e livre em toda a acção social.

    EUGÉNIO TAVARES.

    A.G.C.

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