COMENTÁRIO DEIXADO NO POST Nº 6986...
RIBEIRA DO CALHAU
Se eu voltasse a criar o mundo
Não deixaria que os remorsos
Mais tarde me corroessem
Por deixar incompleta tua beleza.
As pedras que te enfeitam
Não conspirariam agora em silêncio
Nem ruminariam com azedume
Sua sina de matéria inerte.
Ordenaria sim que as nuvens
Transbordassem de água
Sobre teu corpo quente
Em banhos de perpétua fecundidade.
Enfeitaria tuas formas
Com simulacros de primavera
E nem o mais afamado costureiro
Desdenharia minha obra.
Então os pássaros
De todas as espécies e cores
Viriam de longe
Trazer-te seu canto matinal.
Se eu voltasse a criar o mundo
Deixar-me-ia enamorar
Pela tua exótica fantasia
E abdicaria da minha divina condição
S. Vicente, Julho de 2002
Adriano Miranda Lima
Lindo
ResponderEliminarEu estou para ver quando é que este rapazim se digna organizar a papelada e a escrita, vestir o camuflado e partir à luta de uma edição EM PAPEL. Sim, EM PAPEL, a mais útil e adequada maneira de dar textos (em prosa ou poesia) ao mundo. Eu escrevo o prefácio e compro logo meia dúzia de books. Ouviste, ó mindelense-nabantino? Espero que sim!
ResponderEliminarBraça, sentado à espera que o dito cujo se decida.
Djack
Faço eco das palavras do Djack...A poesia do Adriano é de uma delicadeza que raia as fronteiras da melancolia e tem a musicalidade e o ritmo filhos da espontaneidade que vem mais da inspiração do que da elaboração...Merece ampla difusão!
ResponderEliminarObrigado, amigos. Eu apenas procuro ocupar o meu tempo com alguma "escrevedura" em vez de ficar sentado num banco de jardim a olhar para as moscas como fazem outros reformados. Não tenho qualquer intenção de publicar livro e muito menos de me querer afirmar neste género literário. Mas agradeço, reconhecido, as vossas simpáticas palavras.
ResponderEliminarPor sinal, a minha neta Beatriz saiu ao avô no gosto natural pela leitura e pela "escrevedura" e escreveu na escola (aos 11 anos)um poeminho que vou enviar ao Zito. Assim, talvez um dia ela publique tudo o que tenho por aí guardado.