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quarta-feira, 14 de março de 2018

[10048] - CABO VERDE VISTO DE ÁFRICA



CABO VERDE VISTO PELOS OLHOS DE UM PROFESSOR GANÊS

Um texto muito interessante de um Ganês, Issah Hassan Tikumah, sobre Cabo Verde, publicado na Newsletter do Turismo Sustentável em Cabo Verde, partilhado no Facebook.

Cabo Verde - a terra da ausência absoluta de monotonia. Rica em montanhas e vales, colinas e encostas, cores e tons, gostos e impressões, a terra constantemente mantém o apetite do candidato vivo.

O caminhante, por exemplo, é prontamente resenteado com a descida antes de se entediar com a subida; e a subida antes se cansar com a descida. Cada dia do ano, as ondas generosas do mar iluminado da terra, provêm mais de cinquenta espécies diferentes de peixes saborosos e saudáveis - dos quais Cavala, Catchorreta e Barbeirosão os meus favoritos.

E assim são as lindas pessoas da terra: completamente preto - quase preto - quase branco - completamente branco.Os Cabo-verdianos podem não ter milhões em dinheiro, mas têm triliões em paciência e tolerância. Por exemplo, em toda a minha experiência em todo o mundo, e não apenas na África, Cabo Verde é o único lugar onde um/a motorista iria parar de repente o seu carro no meio de uma estrada movimentada, por um minuto de conversa com um amigo que passa, enquanto uma dúzia de outros motoristas esperam atrás, calmamente. Em outro lugar, isso não seria tentado, pois o infractor seria logo espontaneamente bombardeado com pragas impiedosas e insultos grosseiros de vulcões em erupção nos peitos dos camaradas.

Num Estudo de 2006, Bruce Baker de Oxford referiu Cabo Verde como "o país mais democrático em África". Eu gostaria de retorquir dizendo que Cabo Verde não é apenas o país mais democrático em África, mas também a única de verdadeira democracia em África, pois Cabo Verde é o único país da África onde a democracia não é um jogo de fanatismo étnico. Cabo Verde deve a sua invejável paz e estabilidade à ausência do fardo de tribalismo que tem mantido o resto da África em ebulição desde a independência política da Europa há mais de meio século atrás. Como eu costumo dizer aos meus alunos e colegas cabo-verdianos, na medida em que Cabo Verde está livre do sentimento venenoso do tribalismo, Cabo Verde é um modelo perfeito da África que aspiramos. Eu discordo totalmente daqueles que normalmente comparam Cabo Verde com os seus vizinhos e a pronunciam como uma nação pobre, carente de recursos naturais - a menos que tais analistas me possam explicar como a riqueza natural sem paz natural, tem qualquer sentido significativo. Se por acaso tiver de concordar com eles, então eu vou ter que referir-me a Cabo Verde como um pobre anão brilhante cercado por ricos gigantes sem luz. Aqui, a luz da humanidade e integridade contrasta com a melancolia da ganância e corrupção. É melhor ser pobre em petróleo e gás, mas rico em integridade, do que ser o contrário.

Cabo Verde pode não ser rico em ouro e diamantes, mas é rico em liderança. Cabo Verde é o único país da África onde se entra numa padaria comum e se encontra um ministro de Estado na fila, juntamente com os cidadãos comuns, para comprar pão comum. Cabo Verde é o único país da África onde o presidente iria partilhar uma casa simples, como um inquilino, com pessoas comuns,num apartamento de bloco comum. Cabo Verde é o único país da África, onde o Chefe de Estado iria embaralhar com pessoas comuns, dentro de um bar comum, para uma xícara de café comum.
A primeira vez que vi o Jorge Carlos de Almeida Fonseca entrar no Pão Quente, na Várzea, há dois anos, eu fiquei atordoado. Como que a confirmar que os meus olhos não me estavam enganando, eu fui até ele e gritei na cara dele ’Ó Presidente! "Tudo Bom?".O presidente respondeu-me com um aperto de mão. Todo hipnotizado para dizer qualquer coisa, eu saí sem responder à saudação do presidente. Mas o meu fascínio só aumentou ainda mais quando eu fui lá fora e descobri que a cena era tão comum como sal e água, com nenhuma indicação de que havia uma pessoa importante nas proximidades. Em outro país Africano, todas as quatro direções para o bar, seriam bloqueadas ao tráfego humano e de veículos motorizados, horas antes da chegada do presidente ao local e a cena será muito fortemente policiada para o conforto de uma alma comum. (A questão é mesmo esta: Em primeiro lugar, num outro país Africano, o que o todo-poderoso presidente estaria fazendo num "lugar ignóbil"?).

Em poucas palavras, Cabo Verde é o único país da África onde ninguém é ninguém, mas ao mesmo tempo todo mundo é alguém. Eu amo este país chamado Cabo Verde, a terra da beleza natural, a terra da compaixão humana, a terra da variedade infinita.

(Issah Hassan Tikumah - Professor e Historiador Ganês).

PARTILHA DE: PAULA AZEVEDO SIMÃO

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

[9962] - AS CRÓNICAS DE ADRIANO LIMA...



CABO VERDE E A SAGA DOS ESTATUTOS ESPECIAIS

     Recentemente, foi tornado público que o ex-primeiro-ministro, José Maria Neves (JMN), defendeu a criação de um Estatuto Especial para os antigos chefes de governo cabo-verdianos. Para JMN, “esse estatuto deve passar por um subsídio mensal ‘condigno’, garantia de viatura, segurança, telecomunicações e viagens quando se desloquem em trabalho na condição de ex-governante”. Sustenta a sua tese no facto de “os ex-presidentes da república terem um estatuto, um vencimento mensal, escritório, segurança, transporte, assistentes e despesas de telecomunicações e de saúde pagas”. Indo mais além, JMN propõe ainda “uma compensação para os ex-assessores do gabinete do primeiro-ministro e dos ministros, pelo exercício de funções públicas e de comprometimento forte durante o mandato cessante”.
     Ora, não deixa de causar estranheza, e até repulsa, esta reivindicação do JMN. Estranheza porque creio ser inédita esta regalia especial na maior parte das democracias que o são de verdade, seja em regimes republicanos ou monárquicos. Repulsa porque não é eticamente limpo que um político defenda um estatuto visando retroactivamente o benefício da sua própria pessoa. Esta infeliz iniciativa é mais uma prova de que a classe política em Cabo Verde tarda em fazer da democracia um espelho límpido de virtudes. Para mais, esta reivindicação pode criar precedentes perigosos e incontroláveis, caso a moda pegue, suscitando a curiosidade de macacos de imitação. Vejamos então. A título de exemplo, por que não também um estatuto especial para os presidentes de câmara que cessam funções após dois mandatos cumpridos? Ou para os titulares de órgãos de soberania como o Presidente da Assembleia Nacional e os dos Tribunais? Não tardaria, os ex-ministros de cada pasta estariam também na mesma trincheira reivindicativa. E assim, de estribilho em estribilho, veríamos surgir um retábulo de privilégios não só injustificáveis como indignos, escarmentando as nossas residuais esperanças numa sociedade cabo-verdiana mais justa e mais igualitária.
     Note-se que até mesmo o estatuto especial de que gozam os ex-presidentes da república pode ser questionado num país de tão escassos meios como o nosso. Admite-se, sim, que seja assegurado um quadro de dignidade pessoal e cívica a quem exerceu a mais alta magistratura do Estado, mas sempre dimensionado à realidade económica e social do país. Vem então à talhe de foice referir que os antigos governadores coloniais, normalmente oficiais do exército ou da armada, finda a missão, regressavam à sua anterior função orgânica na instituição militar ou outra. Não recebiam qualquer recompensa vitalícia pelos serviços que prestaram. Muitos deles marcaram indelevelmente a nossa memória colectiva pelo alto espírito de missão e recta seriedade com que defenderam os interesses do território e do seu povo, independentemente do regime político em que exerceram as suas funções. Afinal, ambos os cargos, embora diferentes no seu significado político, correspondiam ao cume da hierarquia do Estado em Cabo Verde e tinham o mesmo pano de fundo humano-geográfico.
     Mas a saga dos estatutos especiais entre nós tem que se lhe diga. Uma das primeiras medidas do actual governo, logo na sua primeira intervenção parlamentar, foi lançar as bases de um entendimento com o principal partido da oposição para a aprovação de um Estatuto Especial Administrativo para a cidade da Praia. Foi a prioridade das prioridades numa altura em que a sociedade cabo-verdiana estava expectante de um sinal, ténue que fosse, no sentido do cumprimento das promessas apregoadas durante a campanha eleitoral, nomeadamente sobre a regionalização, uma vez que este processo fora bandeira habilmente agitada em S. Vicente para conquistar o eleitorado local. Ocorre pensar que se em Cabo Verde houvesse uma cidadania activa, dinâmica e exigente, a atribuição deste estatuto à cidade da Praia poderia forçar a abertura de uma espécie de Caixa de Pandora. Sim, por que não reivindicar também um estatuto especial para a Ilha do Vulcão, sujeita a cataclismos frequentes, para a Ilha das Montanhas, rica de potencialidades por explorar, ou para a Baía do Porto Grande, congelada na exploração das suas vocações? Se a cidade da Praia apresenta graves situações de disfuncionalidade estrutural, de caos urbanístico ou de delinquência e criminalidade incontroláveis, é porque a política centralista e concentracionária do Estado conduziu inexoravelmente a esse resultado. Ocorre assim pensar que se fez o mal e agora se pretende fazer a caramunha. É que esse estatuto especial traduz-se, basicamente, em mais dinheiros públicos e vantagens para a cidade capital, quando, ao invés, deveria atacar-se o mal pela raiz mediante o descongestionamento da urbe com a deslocalização para outras ilhas de parte dos organismos estatais que esmagam a cidade com o seu peso inusitado. Bem poderiam os nossos governantes ter observado a relação paritária entre S. Miguel e Angra do Heroísmo, na região autónoma dos Açores, ou entre Las Palmas e Santa Cruz de Tenerife, na das Canárias.
     Os chamados “Combatentes da Liberdade da Pátria” são contemplados em Cabo Verde com regalias que configuram um Estatuto Especial, que inclui um subsídio mensal e benesses de carácter social. Obviamente, vitalícios. A respectiva associação, que integra 400 membros, viu-se há alguns meses confrontada com a afluência de inúmeros cidadãos a reclamar esse estatuto. É possível que haja um sem número de mistificadores e oportunistas entre aqueles que de facto assumiram a “Luta” no mato da Guiné ou em actividade burocrática no estrangeiro. Mas, seja como for, é discutível a existência deste estatuto, mormente quando, não se limitando a galardões honoríficos, mexe com o erário público e com os impostos pagos pelos cidadãos, num país que está a braços com uma dívida pública incomportável e com reais dificuldades para atacar a pobreza congénita de largos sectores da população. Refira-se que nada existe de semelhante em Portugal a beneficiar os antigos resistentes ao regime de Salazar, muitos dos quais viveram parte das suas vidas na clandestinidade, arrostando riscos e sacrifícios pessoais e familiares. Todavia, em ambos os casos, em Cabo Verde como em Portugal, as pessoas agiram por seu livre arbítrio, movidas por um ideal político, e provavelmente sem esperar que pudessem mais tarde ser ressarcidas pela sociedade. Portanto, a recompensa pelos seus actos poderia e deveria esgotar-se num honroso sentimento de gratificação com a sua própria consciência e, quanto muito, no reconhecimento oficial dos actos e serviços relevantes eventualmente praticados, expresso em distinções honoríficas e em cerimoniais públicos. 
     O nosso país é pobre e sobrevive graças à ajuda internacional, que, por isso mesmo, e em princípio, deverá esperar dos dirigentes um critério de rigor, parcimónia e contenção na gestão dos dinheiros públicos. Criar condições especiais para beneficiar materialmente quem exerceu cargos públicos ou quem lutou pelos seus ideais, deve extravasar os limites da razoabilidade e afrontar os mais elementares princípios de justiça social, esta entendida no pressuposto basilar de que numa democracia todos os cidadãos e situações devem ser tratados em pé de igualdade perante a lei, independentemente do seu mérito. A atribuição de “estatutos especiais” deste jaez fere de morte aquele princípio e deve compelir-nos a uma séria reflexão sobre os valores que hoje regem a nossa sociedade. A ética pessoal e colectiva sofre tratos de polé na nossa terra, perante a espantosa indiferença com que os cabo-verdianos parecem assistir a esse fenómeno deletério, como se estivessem anestesiados e inaptos para repensar e nortear o seu modo de viver colectivo.
     A pretensão do JMN, reveladora de um carácter difuso, traz-me à memória a grandeza moral do exemplo de cabo-verdianos do passado, que se dedicaram à sua terra e ao seu povo de corpo e alma, imbuídos de um sentido de altruísmo que hoje não é perceptível entre nós, renunciando a todo e qualquer privilégio ou honraria, não raro sacrificando os seus interesses pessoais. Por exemplo, e só para citar um caso ilustrativo, lembremo-nos de que o senador Augusto Vera-Cruz cedeu a sua moradia para nela se instalar o liceu de S. Vicente a fim de evitar que a indisponibilidade de um edifício condigno servisse de pretexto para preterir ou emperrar a respectiva decisão do governo central. Pois a diferença é que naquele tempo a dimensão ética da personalidade dos servidores de Cabo Verde tinha consistência de granito e essência de cristal, diferente do barro de hoje, que facilmente se esboroa à mínima oportunidade, ao virar da esquina.
     Nenhum cidadão singular, nenhuma classe social, nenhum interesse corporativo, nenhuma entidade, devem ser contemplados com Estatutos Especiais, originando indesejáveis fracturas no tecido nacional, mormente quando os meios e os recursos não chegam para as encomendas. Quem pensa o contrário está a prostituir-se e a contribuir para inquinar a água já pantanosa da nossa democracia. O único estatuto especial concebível em Cabo Verde só pode destinar-se ao seu sacrificado povo.


Algarve, 28 de Novembro de 2016

Adriano Miranda Lima





sexta-feira, 12 de agosto de 2016

[9560] - UMA ESTÁTUA PARA NHÔ ROQUE...


Estátua para Nhô Roque é um projecto lançado a 15 de Abril de 2015 que continua sendo apenas
isso: um “projecto”


Ou seja, poucas têm sido as contribuições para a edificação da estátua em pedra, desse grande homem da cultura de Cabo Verde.

A construção da estátua em homenagem ao escritor, crítico, historiador e professor cabo-verdiano António Aurélio Gonçalves, carinhosamente chamado por Nhô Roque, será uma forma de reavivar a memória do escritor.

Nascido em São Vicente a 25 de Setembro de 1901, Nhô Roque viria a falecer a 30 de Setembro de 1984, depois de ter sido atropelado na Avenida Marginal do Mindelo, onde existe presentemente uma praça em sua memória, à qual pretende agora juntar uma estátua em pedra.

Essa estátua será edificada nessa praça Nhô Roque, e todo o espaço envolvente ganhará uma nova vida artística. Para construir a estátua, o artista Leão Lopes já ofereceu os seus conhecimentos e a sua arte à comissão que organiza esse projecto, que continua ainda com pouca adesão de pessoas e entidades.

Leão Lopes, artista plástico, já construiu uma estátua em pedra para o Dr. Baltasar Lopes da Silva que está numa praceta na Ribeira Brava em São Nicolau, e deixa um apelo aos mecenas no sentido de ajudarem a edificar a estátua para Nhô Roque.

António Aurélio Gonçalves, além de escritor, foi professor de História e Filosofia no liceu do Mindelo nos liceus Gil Eanes e na escola técnica.

MCSA - RCV (Junho 2016)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

[7071] - S.VICENTE - EVOLUÇÃO SOCIAL...

 
” Depois das primeiras experiências realizadas na Praia, a capital da Colónia, na primeira década do século XX, foi mesmo em Mindelo que se inaugurou o primeiro cinema de Cabo Verde, em 1919. A grande sala, que, permaneceu na história do país e na memória de muitos caboverdianos, abriu as suas portas em 1922, o Éden-Park.
Como era comum em muitos países, o cinema transformou-se rapidamente em um “salão de novidades”: além da projeção de filmes, no Éden-Park eram realizadas exibições de teatro, conferências (entre as quais as de importantes intelectuais locais, como Baltazar Lopes e os envolvidos na revista Claridade), reuniões políticas, actividades circenses, espectáculos musicais, bailes de carnaval, demonstrações de ginástica, entre outros eventos.
…” Se o Éden ocupou espaço de importância, a vida festiva era certamente mais ampla. Em Mindelo, que passava por reformas urbanas e iniciativas de embelezamento, a chegada da luz elétrica em 1929 permitiu a diversificação das práticas de diversão, notadamente as noturnas. Em 1930, foi construído um edifício para o ensaio da banda municipal, foi inaugurado o Estádio da Fontinha e foram realizadas as primeiras corridas de automóveis/gincanas automobilísticas na praia da baía das Gatas (provas essas repetidas com certa frequência). Nesse mesmo ano, foi estabelecido o descanso semanal aos Domingos!
…” Em S. Vicente, destacava-se ainda o grande número de actividades carnavalescas, até hoje uma das marcas mais conhecidas dessa ilha. Pelos jornais, vemos propagandas e comentários dos bailes oferecidos no Grupo Cruzeiro, no Belo Horizonte Nacional, no Flôr do Oriente, no Fichismo, no Marcaridu, no New Island Star, no Flôr do Atlântico, no Souza Cruz, no Monumental, no Grémio Caboverdiano, no Éden-Park…”
…” Os clubes desportivos já existiam em bom número, contribuíam com ar de festividade tanto por suas actividades cotidianas quanto por suas comemorações. Bons exemplos foram os festejos do 14º. Aniversário do Castilho (realizados em Março de 1937) e a entrega de faixas à equipa de futebol do Mindelense, vencedora do campeonato de S. Vicente em 1941…”
…” Os periódicos, por sua vez, passaram com mais frequência a abrir espaço para as novidades desportivas. O Noticias de Cabo Verde, lançado em 1933, desde as primeiras edições exibia uma coluna inteiramente dedicada ao tema; em 1940, criou um suplemento de duas páginas. Essa experiência levou ao lançamento do primeiro jornal desportivo da colonia, em Dezembro de 1944: o Goal. Os responsáveis por essas iniciativas foram dois importantes personagens da história do arquipélago: Evandro de Matos, o Evandrita, e Joaquim Ribeiro.
…”Ribeiro foi, aliás, um dos homens que melhor expressou os novos tempos marcados por uma vida pública mais intensa. De família cabo-verdiana, embora tenha nascido na Guiné, viveu parte da infância e da adolescência em S. Vicente e em Portugal, tendo sido designado, quando retornou à ilha, professor de ginástica do Liceu Gil Eanes…” Jogador de futebol e atleta de diversas modalidades, Ribeiro foi membro de vários clubes, além de dirigente de federações desportivas. Envolvido com muitas iniciativas politicas e culturais, actuante em vários periódicos, ficou também conhecido por ser galanteador…” Foi ainda um dos pioneiros da aviação em Cabo Verde…”
…” Diante do avanço das vivências públicas de lazer, o governo metropolitano tomou iniciativas diversas. Em algumas oportunidades, estimulou certas práticas. Por exemplo, em 1934, baixou os impostos e criou privilégios para manter abertos os teatros. As acções de restrição, contudo, foram em maior número: o uso dos balneários passou a ser mais bem regulamentado e as actividades musicais que tanto agradavam à população sofreram interferências significativas, especialmente em Mindelo, onde certamente se delineava uma musicalidade própria”…
…” Obrigatoriedade de pedido de licença para a realização de bailes, aumento de impostos para a promoção dessas actividades, tentativa de acabar com a banda de música – essas decisões desencadearam uma onda de protestos dos “munícipes que se viram assim privados de um divertimento muito apreciável em terras de África. Protestamos com os munícipes contra tão estranha medida” (Noticiário) 15.07.33 p.1)…
…” O ECO de Cabo Verde ecoava críticas populares: Por acabar com este lenitivo do povo que aos domingos se reunia na Praça Nova para se esquecer do quadro pungente que tem em casa? (Noticiário) 22 dezembro 1934 p.3).
Para o periódico:” Estamos sob regime de terror. Pobre povo! Não podes folgar! Não podes esquecer os teus males que são cotidianos! (Noticiário, 15.7. 1933, p.7)
…” De um lado, uma intensa vida festiva e o estímulo à busca da excitabilidade; de outro, o excesso de trabalho para pessoas das camadas populares e as iniciativas de controlo do tempo livre. Nesse quadro de ambiguidades, foram organizados dois significativos movimentos juvenis que tinham a saúde como uma das preocupações centrais e as actividades físicas como estratégia fundamental: o escotismo e os Falcões” …

In U. Rio de janeiro/Estudos Sociais
Pesquiza de A.Mendes

quarta-feira, 4 de junho de 2014

[6991] - POESIA....

COMENTÁRIO DEIXADO NO POST Nº 6986...
 

       RIBEIRA DO CALHAU

Se eu voltasse a criar o mundo
Não deixaria que os remorsos
Mais tarde me corroessem
Por deixar incompleta tua beleza.


As pedras que te enfeitam
Não conspirariam agora em silêncio
Nem ruminariam com azedume
Sua sina de matéria inerte.


Ordenaria sim que as nuvens
Transbordassem de água
Sobre teu corpo quente
Em banhos de perpétua fecundidade.


Enfeitaria tuas formas
Com simulacros de primavera
E nem o mais afamado costureiro
Desdenharia minha obra.


Então os pássaros
De todas as espécies e cores
Viriam de longe
Trazer-te seu canto matinal.


Se eu voltasse a criar o mundo
Deixar-me-ia enamorar
Pela tua exótica fantasia
E abdicaria da minha divina condição




S. Vicente, Julho de 2002
Adriano Miranda Lima  

domingo, 4 de maio de 2014

[6867] - ESPLANADA DA ALFANDEGA...


Esta é a Esplanada da antiga Alfandega do Mindelo, em data que bem gostaria de saber...Repare-se no aspecto cuidado e limpo do local, onde pontificava esse outro "ex-libris" do Mindelo, o velho "passaron"...

Foto publicada no FaceBook por
Armindo Carneiro Gonçalves

domingo, 23 de fevereiro de 2014

(6566) - HISTÓRIA DAS COMUNICAÇÕES-RADIO EM CABO VERDE...



A propósito do texto da segunda parte deste artigo publicado no "post" 6553, o amigo Adriano Limna, especialista nestas coisas das Forças Armadas, nomeadamente, sobre e tropa expedicionária que se aquartelou no principio dos anos 40 do séc. XX, em Cabo Verde, recebemos o seguinte esclarecimento:

 As fotos a que me referi no comentário sobre os Telegrafistas estão no texto que eu publiquei no Praia-de-Bote, pelo que anexo esse texto. Como a Arma de Transmissões não existia à época como Arma autónoma, como passou a ser mais tarde, o serviço de telecomunicações militares estava antigamente integrado na Arma de Engenharia, o que aliás confere com o texto publicado no ARROZCATUM.
Mas o autor do texto refere o capitão Guardiola como o oficial que recebeu os telegrafistas à chegada a S.Vicente, mas quem era o comandante da companhia era o capitão Firmino da Silva. O capitão Guardiola não pertenceria ao Estado-Maior do Comando das Forças Expedicionárias?

Capitão de Engª Firmino Silva, Comandante da Companhia
de Engenharia Nº 2.
Foto pertencente eo expedicionário ex-1º cabo Custódio Jacinto.
 
 

 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

(6553) - HISTÓRIA DAS COMUNICAÇÕES-RÁDIO EM CABO VERDE...


Os Primeiros Radiotelegrafistas em Cabo Verde
Durante a II Guerra Mundial


Chegaram ao destino em 21 de Agosto 1941, depois duma viagem difícil devido ao péssimo alojamento e deficiente alimentação a bordo.
Sendo os únicos militares a bordo tiveram ao seu cargo o transporte diário de carvão do porão para alimentar as fornalhas do vapor.

Na recepção a estes telegrafistas está o Cap (Eng.º) Guardiola, comandante da 2ª. companhia de sapadores mineiros do regimento de engenharia 2. É nesta unidade que ficam adidos e aquartelados em péssimas condições, no chamado “ Parque de Engenharia”.
Dias depois reuniram os caixotes com os materiais e ao abri-los aperceberam-se das grandes dificuldades que iam ter nesta missão.

O material de telegrafia sem fios (TSF) era de fraco rendimento, constituído em partes por estações receptoras/transmissoras de “Trincheira” de origem inglesa, excepto um equipamento construído nas Oficinas de Material de Engenharia (OGME), que previa ser o equipamento para guarnecer o Quartel-General (QG) do comando militar como posto director
Antenas, baterias e aeródinos para carregamento de baterias completavam o material de (TSF).

O 2º. Sargento António Maria informou estes radiotelegrafistas que estava previsto na Primavera de 42 a chegada de mais pessoal e com eles material novo de origem inglesa e portuguesa.
O material de telegrafia por fios (TPF) era constituído por telefones construídos nas Oficinas Gerais de Material de Engenharia (OGME) e os S33 de origem alemã, enquanto as centrais telefónicas eram do tipo Ericsson de origem sueca.

Foi por aqui que começou a actividade dos telegrafistas.
TCor MAN TM António Maria Viegas de Carvalho
 
Pesquiza de A.Mendes


 

 

 

 

domingo, 29 de dezembro de 2013

(6339) - S. VICENTE - ENTARDECER...





(6337) - EXCERTOS...

Souto Moura: “A arquitectura de Mindelo lembra-me as vilas das novelas brasileira"

29 Dezembro 2013

Uma rápida passagem por S. Vicente deixou o arquitecto Eduardo Souto Moura apaixonado pela “geografia peculiar” da cidade do Mindelo e as suas características arquitectónicas de influências coloniais portuguesas. Adepto do “small is beautiful”, o prémio Pritzker 2011 não gostou, no entanto, de ver edifícios gigantescos construídos nas encostas. São prédios “contra natura” e “banais”, que, na opinião do especialista, podem beliscar a beleza de uma cidade que lembra as vilas das telenovelas brasileiras.


Souto Moura: “A arquitectura de Mindelo lembra-me as vilas das novelas brasileiras”
A Semana - É a primeira vez que vem a Cabo Verde, pelo que a impressão que tem até agora da arquitectura cabo-verdiana resume-se àquilo que viu na cidade do Mindelo. Quais as primeiras impressões daquilo que já observou?
– Souto Moura - Realmente desembarquei na cidade da Praia à noite e vim logo para S. Vicente, pelo que não deu para apreciar nada na ilha de Santiago. Aquilo que mais me impressionou na cidade do Mindelo foi a geografia, a ligação do território com a água, os montes envolventes, enfim, a paisagem é lindíssima. É uma geografia muito peculiar. O segundo aspecto que me chamou a atenção é constatar que as coisas estão muito bem arranjadas, dentro das vossas possibilidades económicas, que não são muitas. Está tudo limpo, tratado com cuidado. Mindelo transmite uma sensação de serenidade. Até perguntei se não há stress aqui. Já conheci outras ex-colónias portuguesas, que são mais agitadas. Aqui o comportamento das pessoas é de uma certa calma. Mas não sei se isso é verdade, porque estou cá há apenas cinco horas.
AS – Acha que essa sensação de tranquilidade pode estar relacionada com a presença da baía marítima do Porto Grande e com a estrutura arquitectónica da cidade do Mindelo?
– SM - Para dizer a verdade, gosto do conjunto, há um certo anonimato (em termos arquitectónicos), harmonioso, gracioso. Percebe-se que está presente uma arquitectura portuguesa do século XIX, marcada pelos chalés, os telhados, os sótãos… Esta cidade faz-me lembrar as vilas brasileiras que aparecem nas telenovelas. Portanto, há uma presença de elementos portugueses, mas que ainda não sei dizer ao certo quais são. Mas chego aqui e posso dizer “isto é uma coisa portuguesa”. Há influências portuguesas que vocês conservaram inteligentemente, naquela lógica de continuidade na história da arquitectura.
AS - Sente, então, que houve uma harmonização entre o passado e o futuro, na ilha de S. Vicente?
– SM - Vejo um certo cuidado, sem excessos, e uma preocupação de não se degradar o conjunto. Fui dar uma volta pela periferia, vi muitas casas por acabar, feitas de bloco, mas as ruas e os terrenos estavam limpos. Não vi os sacos de plástico e os colchões abandonados que encontramos em Portugal, nos sítios mais degradados.
AS - Algum edifício em particular chamou a sua atenção?
– SM - Gostei do prédio da Capitania dos Portos, situado na Avenida Marginal. Apesar da sua idade é um edifício modernista, muito fresco. Acho também agradável o edifício do Hotel Porto Grande.
AS - Possivelmente ouviu dizer que Mindelo pertence ao grupo das baías mais belas do mundo. É uma pessoa viajada, com sentido crítico, por isso lhe pergunto o que acha disso.
– SM - Seria desagradável vir dizer que não concordo, não é?! (risos). Acho que as coisas, às vezes, são exageradas. No fundo, os cabo-verdianos são que nem os portugueses, pois temos a mania de que somos os maiores do mundo. Não sei quantificar, dizer se é a quinta ou sexta baía mais bela do mundo e esta questão não me interessa. Agora, não restam dúvidas de que é uma enseada bonita, por isso estou com medo que a estraguem. Se eu fosse arquitecto da Câmara de SV, a primeira coisa que fazia era construir uma grande maquete da cidade, o que é uma coisa barata. Depois, cada pessoa que fizesse um projecto pedia-lhe para colocar isso na maquete para que visse com os próprios olhos se ficava ou não bem enquadrado no conjunto. Há pequenos processos que nos ajudam e muito a projectar uma cidade.

Edifícios “contra natura” nas encostas

AS - Em Cabo Verde, especialmente na ilha de S. Vicente, as pessoas começam a ficar preocupadas com as construções nas encostas. Falo de projectos aprovados pela Câmara de S. Vicente e não de casas clandestinas. Das voltas que deu pela cidade, como é que sentiu este aspecto?
– SM - Há algumas coisas que me fizeram uma certa impressão, porque sou um bocado adepto do “small is beautiful” (o pequeno é lindo). As pessoas têm um sentido colectivo de responsabilidade social e não restam dúvidas de que há edifícios altos demais implantados nas encostas. São contra natura e não têm a qualidade intrínseca para poderem existir. Eu não me importo que haja uma aldeia, uma cidade ou uma vila com uma determinada silhueta e depois desponte no horizonte uma igreja, uma catedral, um palácio ou um castelo, enfim, qualquer coisa de grande valor intrínseco. Quando vejo uma coisa banal, igual às outras, e que aparece só porque se pôs em bicos de pés, aquilo que posso dizer é que ninguém tem o direito de alterar a imagem e a identidade de uma terra.
AS - Esse tipo de construção pode desvalorizar uma cidade?
– SM - Acho que sim. Cabo Verde é um país recente e não devia cometer os mesmos erros que ocorreram, por exemplo, na Europa. Vocês são cultos, são patriotas, gostam desta terra, portanto deviam ter cuidado para isso não acontecer. Confesso que há coisas que não gostei de ver, mas isto é uma questão de bom senso. Quem é um grande artista, como o Picasso, pode não ter bom senso, mas quem não é genial tem que ter bom senso.
AS - É voz corrente que nas grandes cidades europeias as encostas são os sítios mais valorizados e que quem constrói nesses lugares é quem tem mais dinheiro. Mas parece que aqui em Cabo Verde é o contrário.
– SM - Nos países desenvolvidos paga-se muito bem pelas vistas e a proximidade com a água, como o mar e os rios. Nos países mais pobres, isto funciona ao contrário. Levantei esta questão quando fui à Baia das Gatas, Salamansa e Calhau e deparei com uma paisagem inóspita, que me tocou por ser áspera. Perguntei ao arquitecto César Freitas se essa paisagem está virgem por bom senso, mas a resposta não foi clara. Temos tanto espaço e já temos tantas infraestruturas nos aglomerados urbanos, por que razão vamos ocupar os montes?
AS - Não sei se sabe, mas há projectos turísticos para essas zonas da Baia, Calhau e Salamansa…
– SM - O turismo é uma fonte da economia como outra qualquer. Não sou contra o turismo; as geografias e paisagens são democráticas, toda a gente tem o direito de as ver e usá-las. Agora, há que haver planeamento. Não posso espalhar casas por onde quero. Faço parte de uma tradição, posso ser proprietário de um terreno, tenho o direito ao uso, mas isso não me permite fazer o que me apetece.
AS - Se tivesse a oportunidade de construir nessas tais paisagens ásperas que viu, que tipo de obras escolheria?
– SN - Construiria pequenas coisas. Penso que os arquitectos deviam aprender muito com as construções espontâneas e vernaculares. Passamos pela Ribeira d’Calhau, que é um vale bastante seco, e vi um conjunto de casas ainda sem reboco, envolvidas por algumas árvores. A vegetação, embora escassa, ajuda, porque aconchega, ampara. Quero dizer que as construções ficam desapercebidas, sem agredir a paisagem envolvente. Os arquitectos deviam aprender um bocado com isto. Penso que deve haver na arquitectura a vocação de se querer ser anónimo. Para mim, o patamar mais alto da arquitectura é fazer um edifício que o coletivo reconhece como seu.
– As pessoas falam do Castelo de Guimarães e não de quem o arquitectou. A Torre Eiffel é o símbolo de Paris e não do arquitecto Eiffel. As construções saem da cabeça de uma pessoa ou de um grupo e depois passam para um colectivo que as transformam em objectos afectivos. Se fossem demolir estas obras, certamente que haveria uma resistência popular.
AS - Mas ainda não disse que obras poderia fazer, por exemplo, na planície da Baía das Gatas.
– SM - Há ali um vazio junto a uma praia maravilhosa, que é uma piscina natural. Faria construções com o máximo de dois metros e meio de altura, bem integradas e construídas com material muito ligado à areia e à terra. Na Baía faz falta, por exemplo, um bar de praia. Junto ao muro poderia haver um conjunto de construções descontínuas e de pequena escala, para não formarem uma barreira                       

“Casa da Arquitectura Cabo-verdiana”

AS - A Ordem dos Arquitectos de Cabo Verde (OACV) quer abrir a sua Casa da Arquitectura, que é um conceito aplicado noutras partes do mundo. Como é que vê essa iniciativa?
– SM - Acho importante. A Casa da Arquitectura em Portugal é um projecto do arquitecto Siza Vieira. O que está a acontecer em Portugal é que a arquitectura passou a ser um tema quase que diário, que aparece nos jornais e os arquitectos são agora considerados personalidades do ano. Já não são só os actores e futebolistas.
AS - Está disposto a apoiar a OACV na abertura desse espaço?
– SN - Claro, mas não estou disposto a fazer o projecto, porque acho que não faz sentido ser um tipo de fora a fazer isso, quando há bons arquitectos em Cabo Verde. Estou disposto a ajudar a futura Casa de Cabo Verde a estabelecer relações com outras Casas que conheço.
in A SEMANA
 

(6334) - CABO VERDE, ENTREPOSTO DE DROGA?!

   
Pedro Pires admite a existência de droga armazenada em Cabo Verde. Esta constatação do ex-presidente da República tem com base os recentes casos relacionados com o tráfico de estupefacientes registados no país. O comandante Pedro Pires fez tais declarações à saída de um encontro com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.
Portador de uma mensagem dirigida ao PR, na sequência da sua recente visita ao Benin, Pedro Pires que é membro da Comissão Oeste Africana para a droga, abordou com Jorge Carlos Fonseca questões relacionadas com o narcotráfico e o consumo de droga na nossa sub-região.
Pedro Pires considera que a situação relacionada com o tráfico de droga na região oeste africana é “preocupante” uma vez que o combate a esse fenómeno é “extremamente difícil, complexo, cheio de armadilhas e subterfúgios”.
O ex-presidente considera, no entanto, que é um combate a ser feito, porque tem um “impacto negativo” sobre a economia sobre o funcionamento das instituições do Estado, mas também a saúde das pessoas. “Esta é a mensagem que trouxe ao senhor Presidente da República, com quem troquei impressões sobre esta questão”.
Pedro Pires, que reconhece resultados positivos no combate ao narcotráfico, exorta as autoridades a se empenharem ainda mais nessa batalha contra o tráfico de estupefacientes.
“Há dias circulou uma informação que um iate foi interceptado nas Canárias transportando droga que tomou em Cabo Verde. E uma conclusão que se pode chegar é que há droga armazena em Cabo Verde. Como e onde, a gente não sabe. Mas a realidade é esta. Da mesma forma que desapareceu daqui um barco e pensa-se que não desapareceu nada e que estaria numa operação de transporte de droga”, afirmou.
Pedro Pires considera que deve haver uma conjugação de esforços no sentido de se combater o narcotráfico e o crime conexo, porque no seu entender nenhum país, de forma isolada consegue combater esse fenómeno transnacional.
“Cada um por isso não pode. Teremos que desencadear todo um processo de cooperação e de trabalho comum para toda a região e para o Mundo, porque nós sabemos”, adverte.
in A Nação,,,