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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

[7732] - TEREMOS UM "PREC" GREGO?!...

A VITÓRIA DO SYRIZA (EXTREMA ESQUERDA) NAS ELEIÇÕES GREGAS DE DOMINGO PASSADO, A DOIS DEPUTADOS DA MAIORIA ABSOLUTA, PODE SER RECEBIDA COMO PORTADORA DE ANTICORPOS QUE ROBUSTEÇAM O IMPÉRIO DOS MERCADOS, AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS, E O EMPOBRECIMENTO DOS CIDADÃOS.

Nos idos do PREC (Processo Revolucionário em Curso, que ocorreu em Portugal entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975), o Poder foi fortemente disputado. Era o papel de Portugal em África, nos territórios sob soberania portuguesa, mas também o papel de Portugal na Europa. À esquerda, pairava o espectro do Chile de Pinochet. Ao centro e à direita receava-se uma ditadura comunista apoiada pela União Soviética.
Os E U A tinham interesses estrategicos importantes em Portugal e deram um cheirinho do que poderia acontecer, fundeando no Tejo, em frente do Palácio de Belém, nos inícios de 1975, o porta-aviões USS Saratoga, durante a operação Locked Gate-75 da N ATO. Henry Kissinger, Secretário de Estado da Administração Nixon, que superintendeu o golpe militar que derrubou o Presidente Salvador Allende a 11 de Setembro de 1973 e frustrou, com inusitada violência, o projecto de estabelecimento de um regime socialista democrático no Chile, preparou as partituras para o (des)concerto de Portugal com uma abertura sobre a ocupação militar americana dos Açores, com vista à manutenção da Base das Lages.
No caso de os planos americanos darem para o torto, Kissinger engendrou a tese da vacina. Dizia ele que um regime comunista em Portugal acabaria por funcionar como uma excelente vacina para proteger a Europa de semelhante desassossego.
Quarenta anos volvidos, desfeita a União Soviética e com os Estados Unidos da América a aposentarem- se de polícias do mundo, a Europa padece da doideira em que a ilegitimidade democrá tica e incompetência dos líderes que a têm desgovernado a lançaram. A vitória do Syriza (extrema esquerda) nas eleições gregas de Domingo passado, a dois deputados da maioria absoluta, pode ser recebida como portadora de anticorpos que robusteçam o império dos mercados, as políticas neoliberais, e o empobrecimento dos cidadãos. Mas também pode vir a constituir um novo renascimento europeu por apontar aos eleitores o voto inovador em outros partidos que não os designados como pertencendo ao “arco da governação” que se metamorfosaram em polvos assassinos das sociedades em que se implantaram e que merecem intolerância crescente do eleitorado.




5 comentários:

  1. Uma boa abordagem da viragem grega. Apontou e bem os dois aspectos extremos, equilibrados: o resultado grego, ou robustece o "status" actual da Europa, ou o eleitorado muda e alterna de forma renovada o seu voto o que poderá projectar mudanças significativas na actuação dos tais grandes Partidos de sempre. Gostei. Curto e assertivo.

    Abraços

    Ondina

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  2. Syriza: a vacina de que a Europa necessita? Uma boa questão
    Será só a Europa que necessita desta Vacina? A vitória do Siriza, um partido de esquerda moderna alternativa, não deixa de ser um pontapé no sistema partidário tradicional .No caso da Grécia é o sistema que levou à dívida impagável e a bancarrota deste país, mesmo depois de vários perdões à dívida que é mesmo assim impagável (175% do PIB e já foi 320%. Que grande irresponsabilidade!!!). Só para as pessoas terem uma ideia os encargos e juros da dívida ultrapassam o orçamento em áreas como a educação e a saúde que quase já não existem neste país. Portanto algo tinha que ser feito e não podia vir do Centrão político, civilizado e disciplinado, BON ELEVE que dizia sempre amen. Pois em presente situação um Centrão ele mesmo não tinha alternativas e estava preso à sua ética moral, liberal e do centro. Esta classe política mereceu esta vassourada (um autêntico 'coup de pied au fesses' e não tenho dúvidas que vai haver cadeia. As medidas revolucionárias tomadas pelo Siriza são louváveis. Será isto sustentável, poderá este partido reformar a Grécia, cumprir as promessas, regenerar este país doente por décadas de corrupção e um sistema democrático totalmente desvirtuado? não acredito!Mas isto é outra História! Para já estamos em plena Euforia revolucionária. Está toda a gente na expectativa de saber como o Tsipras e o resto dos revolucionários democráticos vão fazer como degladiar com o Mundo das Finanças o FMI a UE e os poderosos do Wall Steet, que já estão prontos para o embate (contam-se as as forças de ambos os lados). A eleição do Siriza não deixa de ser um grande abanão no sistema internacional e democrático ao provar que os pequenos partidos podem chegar lá e causar pânico nos poderosos, não pela violência mas pela força das suas convicções e pela moral. Depois virá a ressaca. Costuma-se dizer em CV 'Depos de Sab Morre Ca Nada'!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  3. Syriza: a vacina de que a Europa necessita? Uma boa questão
    Será só a Europa que necessita desta Vacina? A vitória do Siriza, um partido de esquerda moderna alternativa, não deixa de ser um pontapé no sistema partidário tradicional .No caso da Grécia é o sistema que levou à dívida impagável e a bancarrota deste país, mesmo depois de vários perdões à dívida que é mesmo assim impagável (175% do PIB e já foi 320%. Que grande irresponsabilidade!!!). Só para as pessoas terem uma ideia os encargos e juros da dívida ultrapassam o orçamento em áreas como a educação e a saúde que quase já não existem neste país. Portanto algo tinha que ser feito e não podia vir do Centrão político, civilizado e disciplinado, BON ELEVE que dizia sempre amen. Pois em presente situação um Centrão ele mesmo não tinha alternativas e estava preso à sua ética moral, liberal e do centro. Esta classe política mereceu esta vassourada (um autêntico 'coup de pied au fesses' e não tenho dúvidas que vai haver cadeia. As medidas revolucionárias tomadas pelo Siriza são louváveis. Será isto sustentável, poderá este partido reformar a Grécia, cumprir as promessas, regenerar este país doente por décadas de corrupção e um sistema democrático totalmente desvirtuado? não acredito!Mas isto é outra História! Para já estamos em plena Euforia revolucionária. Está toda a gente na expectativa de saber como o Tsipras e o resto dos revolucionários democráticos vão fazer como degladiar com o Mundo das Finanças o FMI a UE e os poderosos do Wall Steet, que já estão prontos para o embate (contam-se as as forças de ambos os lados). A eleição do Siriza não deixa de ser um grande abanão no sistema internacional e democrático ao provar que os pequenos partidos podem chegar lá e causar pânico nos poderosos, não pela violência mas pela força das suas convicções e pela moral. Depois virá a ressaca. Costuma-se dizer em CV 'Depos de Sab Morre Ca Nada'!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  4. ..." Essa coisa curiosa: uma "independência" que depende inteiramente do dinheiro dos outros"...

    Rui Ramos / in "Observador

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  5. Gostei da análise do Jorge Morbey e também dos comentários até agora introduzidos. O Syriza é uma autêntica pedrada no charco em que se transformou esta Europa desviada dos princípios que nortearam os seus fundadores. No entanto, creio que o problema ultrapassa a esfera da Europa porque se entrelaça com a lógica de um satânico sistema financeiro que aproveitou a globalização para apurar os seus métodos de dominação.
    A hegemonia alemã vê nesse sistema uma oportunidade histórica para conseguir por outros meios aquilo que não logrou no passado pela força das armas. A ideologia deixou de existir e a Alemanha até a dispensa, seja de que cor for, para evitar indesejáveis conotações, e porque está convencida de que a imposição da submissão a outros povos se consegue a par e passo e com doses calculadas de anestesia.
    É errado pensar que a Alemanha é que está a pagar os “vícios” dos outros. Antes de juízos precipitados e simplificadores, tem de se perguntar: quem ganhou com a criação do euro?; quem beneficiou com expansão da UE para Leste? Quem beneficiou verdadeiramente com a queda da URRS? Não foram seguramente os países da periferia e de economia débil. Se a Alemanha abre por vezes, e a contragosto, a bolsa é porque sabe que tem o dever moral (e a conveniência táctica) de o fazer.
    Temo que apareçam mais syrizas e que o fenómeno não se limite ao continente europeu. E acho que é natural que apareçam porque estamos numa fase da História em que as soluções dos modelos clássicos se esgotaram e os povos esclarecidos rejeitam a injunção da servidão. Independentemente dos seus erros no passado (Grécia), é intolerável que haja populações a passar fome na Europa e que os sistemas de saúde estejam a regredir para níveis de décadas atrás.

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