A VITÓRIA DO SYRIZA (EXTREMA ESQUERDA) NAS ELEIÇÕES GREGAS DE DOMINGO PASSADO, A DOIS DEPUTADOS DA MAIORIA ABSOLUTA, PODE SER RECEBIDA COMO PORTADORA DE ANTICORPOS QUE ROBUSTEÇAM O IMPÉRIO DOS MERCADOS, AS POLÍTICAS NEOLIBERAIS, E O EMPOBRECIMENTO DOS CIDADÃOS.
Nos idos do PREC (Processo Revolucionário em Curso, que ocorreu em Portugal entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975), o Poder foi fortemente disputado. Era o papel de Portugal em África, nos territórios sob soberania portuguesa, mas também o papel de Portugal na Europa. À esquerda, pairava o espectro do Chile de Pinochet. Ao centro e à direita receava-se uma ditadura comunista apoiada pela União Soviética.
Os E U A tinham interesses estrategicos importantes em Portugal e deram um cheirinho do que poderia acontecer, fundeando no Tejo, em frente do Palácio de Belém, nos inícios de 1975, o porta-aviões USS Saratoga, durante a operação Locked Gate-75 da N ATO. Henry Kissinger, Secretário de Estado da Administração Nixon, que superintendeu o golpe militar que derrubou o Presidente Salvador Allende a 11 de Setembro de 1973 e frustrou, com inusitada violência, o projecto de estabelecimento de um regime socialista democrático no Chile, preparou as partituras para o (des)concerto de Portugal com uma abertura sobre a ocupação militar americana dos Açores, com vista à manutenção da Base das Lages.
No caso de os planos americanos darem para o torto, Kissinger engendrou a tese da vacina. Dizia ele que um regime comunista em Portugal acabaria por funcionar como uma excelente vacina para proteger a Europa de semelhante desassossego.
Quarenta anos volvidos, desfeita a União Soviética e com os Estados Unidos da América a aposentarem- se de polícias do mundo, a Europa padece da doideira em que a ilegitimidade democrá tica e incompetência dos líderes que a têm desgovernado a lançaram. A vitória do Syriza (extrema esquerda) nas eleições gregas de Domingo passado, a dois deputados da maioria absoluta, pode ser recebida como portadora de anticorpos que robusteçam o império dos mercados, as políticas neoliberais, e o empobrecimento dos cidadãos. Mas também pode vir a constituir um novo renascimento europeu por apontar aos eleitores o voto inovador em outros partidos que não os designados como pertencendo ao “arco da governação” que se metamorfosaram em polvos assassinos das sociedades em que se implantaram e que merecem intolerância crescente do eleitorado.
Uma boa abordagem da viragem grega. Apontou e bem os dois aspectos extremos, equilibrados: o resultado grego, ou robustece o "status" actual da Europa, ou o eleitorado muda e alterna de forma renovada o seu voto o que poderá projectar mudanças significativas na actuação dos tais grandes Partidos de sempre. Gostei. Curto e assertivo.
ResponderEliminarAbraços
Ondina
Syriza: a vacina de que a Europa necessita? Uma boa questão
ResponderEliminarSerá só a Europa que necessita desta Vacina? A vitória do Siriza, um partido de esquerda moderna alternativa, não deixa de ser um pontapé no sistema partidário tradicional .No caso da Grécia é o sistema que levou à dívida impagável e a bancarrota deste país, mesmo depois de vários perdões à dívida que é mesmo assim impagável (175% do PIB e já foi 320%. Que grande irresponsabilidade!!!). Só para as pessoas terem uma ideia os encargos e juros da dívida ultrapassam o orçamento em áreas como a educação e a saúde que quase já não existem neste país. Portanto algo tinha que ser feito e não podia vir do Centrão político, civilizado e disciplinado, BON ELEVE que dizia sempre amen. Pois em presente situação um Centrão ele mesmo não tinha alternativas e estava preso à sua ética moral, liberal e do centro. Esta classe política mereceu esta vassourada (um autêntico 'coup de pied au fesses' e não tenho dúvidas que vai haver cadeia. As medidas revolucionárias tomadas pelo Siriza são louváveis. Será isto sustentável, poderá este partido reformar a Grécia, cumprir as promessas, regenerar este país doente por décadas de corrupção e um sistema democrático totalmente desvirtuado? não acredito!Mas isto é outra História! Para já estamos em plena Euforia revolucionária. Está toda a gente na expectativa de saber como o Tsipras e o resto dos revolucionários democráticos vão fazer como degladiar com o Mundo das Finanças o FMI a UE e os poderosos do Wall Steet, que já estão prontos para o embate (contam-se as as forças de ambos os lados). A eleição do Siriza não deixa de ser um grande abanão no sistema internacional e democrático ao provar que os pequenos partidos podem chegar lá e causar pânico nos poderosos, não pela violência mas pela força das suas convicções e pela moral. Depois virá a ressaca. Costuma-se dizer em CV 'Depos de Sab Morre Ca Nada'!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Syriza: a vacina de que a Europa necessita? Uma boa questão
ResponderEliminarSerá só a Europa que necessita desta Vacina? A vitória do Siriza, um partido de esquerda moderna alternativa, não deixa de ser um pontapé no sistema partidário tradicional .No caso da Grécia é o sistema que levou à dívida impagável e a bancarrota deste país, mesmo depois de vários perdões à dívida que é mesmo assim impagável (175% do PIB e já foi 320%. Que grande irresponsabilidade!!!). Só para as pessoas terem uma ideia os encargos e juros da dívida ultrapassam o orçamento em áreas como a educação e a saúde que quase já não existem neste país. Portanto algo tinha que ser feito e não podia vir do Centrão político, civilizado e disciplinado, BON ELEVE que dizia sempre amen. Pois em presente situação um Centrão ele mesmo não tinha alternativas e estava preso à sua ética moral, liberal e do centro. Esta classe política mereceu esta vassourada (um autêntico 'coup de pied au fesses' e não tenho dúvidas que vai haver cadeia. As medidas revolucionárias tomadas pelo Siriza são louváveis. Será isto sustentável, poderá este partido reformar a Grécia, cumprir as promessas, regenerar este país doente por décadas de corrupção e um sistema democrático totalmente desvirtuado? não acredito!Mas isto é outra História! Para já estamos em plena Euforia revolucionária. Está toda a gente na expectativa de saber como o Tsipras e o resto dos revolucionários democráticos vão fazer como degladiar com o Mundo das Finanças o FMI a UE e os poderosos do Wall Steet, que já estão prontos para o embate (contam-se as as forças de ambos os lados). A eleição do Siriza não deixa de ser um grande abanão no sistema internacional e democrático ao provar que os pequenos partidos podem chegar lá e causar pânico nos poderosos, não pela violência mas pela força das suas convicções e pela moral. Depois virá a ressaca. Costuma-se dizer em CV 'Depos de Sab Morre Ca Nada'!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
..." Essa coisa curiosa: uma "independência" que depende inteiramente do dinheiro dos outros"...
ResponderEliminarRui Ramos / in "Observador
Gostei da análise do Jorge Morbey e também dos comentários até agora introduzidos. O Syriza é uma autêntica pedrada no charco em que se transformou esta Europa desviada dos princípios que nortearam os seus fundadores. No entanto, creio que o problema ultrapassa a esfera da Europa porque se entrelaça com a lógica de um satânico sistema financeiro que aproveitou a globalização para apurar os seus métodos de dominação.
ResponderEliminarA hegemonia alemã vê nesse sistema uma oportunidade histórica para conseguir por outros meios aquilo que não logrou no passado pela força das armas. A ideologia deixou de existir e a Alemanha até a dispensa, seja de que cor for, para evitar indesejáveis conotações, e porque está convencida de que a imposição da submissão a outros povos se consegue a par e passo e com doses calculadas de anestesia.
É errado pensar que a Alemanha é que está a pagar os “vícios” dos outros. Antes de juízos precipitados e simplificadores, tem de se perguntar: quem ganhou com a criação do euro?; quem beneficiou com expansão da UE para Leste? Quem beneficiou verdadeiramente com a queda da URRS? Não foram seguramente os países da periferia e de economia débil. Se a Alemanha abre por vezes, e a contragosto, a bolsa é porque sabe que tem o dever moral (e a conveniência táctica) de o fazer.
Temo que apareçam mais syrizas e que o fenómeno não se limite ao continente europeu. E acho que é natural que apareçam porque estamos numa fase da História em que as soluções dos modelos clássicos se esgotaram e os povos esclarecidos rejeitam a injunção da servidão. Independentemente dos seus erros no passado (Grécia), é intolerável que haja populações a passar fome na Europa e que os sistemas de saúde estejam a regredir para níveis de décadas atrás.