Olá Rosario,
hoje falaremos um pouco da ilha de Säo Nicolau, aprecie.
Filha da morna e da sôdade, terra de mistérios e de uma cultura imponente, São Nicolau, deve o seu nome ao dia do seu descobrimento em 1461.
De formas acidentadas e de paisagens íngremes e rurais, a magia dispersa-se no ar e nos rostos das suas gentes, crentes em mil e uma lendas e mistérios que alinham, ainda hoje, as suas vidas. Das coloridas habitações ao negro dos rochedos, São Nicolau é local de paragem para os amantes de práticas ancestrais talassoterapeuticas, como os banhos de limo e de areia. "Preguiça", "Ponta Larga – Juncalinho", o antigo vulcão (Juncalinho – já extinto), "Ribeira Prata" e "Carberinho" constituem pontos de passagem obrigatórios para quem visita a ilha.
Ilha da nostalgia, cantada por Cesária Évora, tem na Ribeira Brava o principal centro urbano, cuja arquitectura, marcadamente colonial, carimba a sua identidade histórica e cultural. Falando de cultura, a música aqui é outra: a Mazurca, que, induzida ao sabor do violino, é um excelente apontamento musical para se degustar o conhecido "modje" de São Nicolau.
Aventurar-se da "Ribeira da Prata" (concelho do Tarrafal de São Nicolau) ao Parque Natural de Monte Gordo, a 1.312 metros de altitude, é, sem dúvida, um passeio de memorável beleza, por entre eucaliptos e coníferas que marcam os trilhos. A não perder são as vistas que se têm deste monte, ora para o mar que separa e une as tradições crioulas, ora para algumas ilhas a norte do arquipélago, apenas visíveis em dias de boa visibilidade.
Para terminar Rosario, näo podemos esquecer os dragoeiros. Típicas da região da Macaronésia, onde Cabo Verde se insere, os dragoeiros são árvores raras e antigas e foram classificados como uma das espécies em vias de extinção. Contam-se, aqui, mais de cem exemplares desta árvore, completando um cenário de exuberância e beleza ímpar.
(Col. Manuel Marques da Silva)
A descrição paisagística está sugestiva e real!
ResponderEliminarA ilha de São Nicolau é, no meu entender, a ilha que conservou melhor o passado religioso e muitos dos usos e costumes do seu antanho. Apercebe-se muito rapidamente, em lá estando, que o calendário dos santos e dos padroeiros, é ainda guardado e celebrado com fé e entusiasmo, em cada fim-de-semana do mês a decorrer, num local, numa freguesia, numa aldeia ou sítio da ilha.
Igualmente, os tamboreiros (os tambores) de São Nicolau merecem menção, e de entre eles, destaque para os da Praia Branca. Um espectáculo digno de se ver e de se ouvir. Outra nota da ilha de São Nicolau, e esta é musical também, são os seus violões e a quantidade de tocadores (jovens e mais velhos) que os executam com boa mestria. Falar de São Nicolau é também falar do seu bom e diversificado peixe; é falar dos seus pratos típicos e deliciosos.
Para finalizar gostaria de realçar (o que há muito não vejo infelizmente, nas ilhas do sul Fogo e Santiago, excepção feita à amorável Brava) a boa educação das gentes nas ruas e nos lugares que ainda cumprimentam gentilmente, não só os seus, como também os forasteiros e não dizem "palavrões" na via pública. O que me encantou.
A ilha é de facto, linda!
Abraços
Ondina
Permita-me, cara amiga, que faça aqui uma especial e prosaica menção aos "percebes" de S.Nicolau que têm a fama de serem os melhores de Cabo Verde...Em Vicente, a gente chamava-lhes "purtchabe" e, em S.Nic. como será?!
EliminarAbraço com água ma boca
Zito
A descrição do Manuel Marques é um bom petisco literário, cujo sabor nada fica a dever ao do "modje" e do "purtchabe". Julgo que não me engano se disser que a ilha de S. Nicolau das que mais sincretizam o tipicismo e a genuinidade cultural cabo-verdiana.
ResponderEliminarO Manel sabe do que diz pois, Nhô Césa era de S.Nicolau como, aliàs, os meus ascendentes maternos.
ResponderEliminarPermitam-me dar uma colherada jà que falam em mnhentezas. Ê onde se faz a melhor "farinha de pau"
em Cabo Verde.
Ainda me lembro dos cartuchos de farinha com açucar escuro. Uma delicia para o "azonce" lll