Cabo-verdianos no parlamento português: Deputados que fizeram História
Não se pode dizer que tenham sido muitos os cabo-verdianos a sentarem-se nas bancadas da Assembleia da República portuguesa. Mas o facto é que todos os deputados nascidos nas ilhas de Cabo Verde como que tiveram um encontro marcado com a História. Se não, vejamos:
Nascido e criado até à adolescência em São Vicente (família Fernandes, Alto de Mira-Mar), acabaria sendo o primeiro Presidente da Assembleia da Repúplica de Portugal(1976/78).
Aderiu na década de 30 à Aliança Republicana e Socialista. Em 1943 juntou-se ao Movimento de Unidade Nacional Antifascista e em 1945 fez parte do grupo de fundadores do Movimento de Unidade Democrática. O nome de Vasco Fernandes ficaria para sempre ligado à fundação do Partido Trabalhista, em 1947, e do Partido Socialista, em 1973.
Depois de 1974 foi eleito deputado pelo Partido Socialista, chegando a vice-presidente da Assembleia Constituinte. Em 1976 assumiu a presidência da Assembleia da República Portuguesa, cargo que ocupou até 1978.
Um ano depois demitiu-se do Partido Socialista, para mais tarde fazer parte da Frente Republicana e Socialista. Entre 1985 e 1987 foi eleito deputado nas eleições legislativas pelo Partido Renovador Democrático, partido do qual fora fundador.
Mesmo tendo-se radicado em Portugal, Vasco da Gama Fernandes nunca renegou as suas origens. A saudade da infância passada em Cabo Verde transparecia nas águas calmas, no Sol e na luminosidade das praias do Algarve, província de que gostava muito.
Manuel Correia, 58 anos, electromecânico, natural da ilha do Fogo, é o presidente do Sindicato dos Electricistas de Sul e Ilhas. Foi o primeiro deputado negro a sentar-se nas bancadas da AR, eleito em 1992 nas listas do Partido Comunista Português. Foi ainda o primeiro a apresentar uma comunicacação que daria origem à primeira de Lei de Entrada, Permanência e Expulsão de Estrangeiros do Território Nacional.
Actualmente é também Presidente das Organizações Cabo-verdianas em Portugal. Membro Conselho Nacional da CGTP.
Depois de passar parte da sua vida dedicada ao ensino e ao associativismo, com algumas passagens pela AR portuguesa (discussão de diplomas sobre a imigração), a entrada definitiva de Celeste Correia - natural de São Vicente - para o parlamento português acontece, em 1995, pela mão do então líder da oposição, António Guterres, que a convida para a lista dos candidatos a deputados. No bolso levava, como ela costuma dizer, algumas “encomendas” por parte de dirigentes associativos cabo-verdianos e do resto da comunidade africana, em Portugal. Estes passaram a vê-la como um interlocutor privilegiado dos seus interesses junto do poder político.
E é assim que Celeste Correia se vai ocupar das questões das minorias, em Portugal, como a regularização de imigrantes, a Lei da Nacionalidade, bem como a criação de um organismo de mediação entre as comunidades e as instituições públicas – o COCAI (Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração).
Em 2008, Celeste Correia é eleita por unânimidade para secretária da Presidência da República, passando a trabalhar directamente com Jaime Gama, a segunda figura do Estado Português. (JA)
(Col. José F. Lopes)
cabo-verdianos que fizeram História recente no parlamento português. Outros fizeram há décadas estou a referir o caso do Dr Adriano D Silva que advogou CV no parlamento e que defendeu valentemente a construção do Cais Acostável do Porto Grande de S. Vicente
ResponderEliminarConheci os seus percursos, excepto no que respeita ao Manuel Correia.
ResponderEliminar