Os Servidores do Estado, antigamente designados por Funcionários Públicos, estão - de novo - em greve...Professores, médicos, enfermeiros, bombeiros, autarcas e muitos outros, dos que são pagos pelos impostos pagos por todos os portugueses, estão de folga, se não todos, uma grande maioria, pois um ponte à sexta-feira é sempre de aproveitar, seja qual for o motivo, sejam quais forem as consequências...
Não se trata, aqui, de discutir o direito à greve que, sendo do estatuto constitucional se considera sagrado mesmo que a Constituição, ela própria, seja uma obra imperfeita como tudo o que o homem faz! O que preocupa é que esta greve - como tantas outras - pretendendo lutar contra as consequências nefastas de medidas da governação, cujos fautores se sabe que não mexerão uma palha para remediar antes das eleições que se avizinham, se perfila, não como uma reivindicação laboral mas como uma manifestação de cariz político cujas cores, de resto, nem sequer se tenta disfarçar!
Outra preocupação que decorre é que, mau grado os famigerados "serviços mínimos", no que respeita à saúde, esta e todas as greves de uma maneira geral, beliscam, de forma sensível, um direito que deveria prevalecer sobre todos os outros, mormente os sindicais: o direito à saúde e ao bem estar de todos os cidadãos que, assim, sofrem com os adiamentos de consultas, tratamentos e cirurgias, protelados para as calendas por uma fúria grevista que todo o mundo - incluindo os grevistas - sabe que não levará a coisa nenhuma!
A não ser, claro, a um fim-de-semana prolongado!
A greve foi pensada para defender os interesses dos trabalhadores perante o patronato. Actualmente é o que sabemos, a greve é contra o Estado, isto é, contra nós todos. Quem faz mais barulho é que come. E foi assim que a minha classe profissional (Instituição Militar) perdeu regalias. Por estar proibido de fazer barulho, em função do seu estatuto profissional. Dou um exemplo. Há mais de 20 anos, o estatuto remuneratório da patente de coronel era equivalente ao de magistrado. Os magistrados reivindicaram fortemente e subiram de estatuto, deixando os coronéis atrás e a uma distância considerável. Hoje, quanto muito, o coronel se pode equiparar a secretário de tribunal. O Otelo Saraiva de Carvalho disse há tempos que os militares não fazem manifestações nem greves, pois quando as coisas chegam a um ponto de ruptura derrubam é o governo. O que eu penso é que os que reivindicaram (com gritos ou nos bastidores do poder) não deviam ter sido atendidos. Isto é, os magistrados deviam estar no mesmo patamar em que estiveram há mais de 20 anos com os coronéis. Significa isto que não quero ganhar mais do que aquilo que o país pode pagar, mas a regra e o princípio deviam ser observados por todos.
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