Páginas

quinta-feira, 19 de março de 2015

[7917] . S. VICENTE - DESEMPREGO E DIFICULDADES...

Augusto Neves
O presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, considerou hoje que São Vicente e os mindelenses “não têm saudades” da governação do PAICV que, à ilha, “só trouxe” desemprego e dificuldades.
Em declarações à Inforpress, a propósito do balanço do 4º aniversário do Governo da VIII legislatura liderado por José Maria Neves, o autarca enunciou “oportunidades perdidas” e “erros crassos” em direcção à sua ilha, “retrocesso” e “pouco investimento”, para concluir que, em relação a São Vicente, foi uma governação que “muito pouco” serviu aos mindelenses.

Até hoje, Augusto Neves não consegue, por exemplo, entender a visão do Governo do PAICV, aquando do primeiro pacote do Millennium Challenge Account, programa dos EUA, direccionado para a área portuária, em que preferiu fazer “avultados investimentos” no Porto da Praia, ao invés do Porto Grande.

“Houve essa oportunidade de investimentos estruturantes capaz de levar o Porto Grande a competir com Dacar ou Las Palmas, pois ele é dotado de condições naturais capazes de ombrear com qualquer espaço no globo”, lembrou, para acusar o Governo de investir no Porto da Praia “só para competir” com o porto de São Vicente.

É que, explicou, o Porto Grande deveria ser o “único destino” desse financiamento porque “São Vicente nunca vai competir com Santiago”, mas sim com outros países para entrada de receitas.

“Foi um grande falhanço e de certeza que se esse investimento fosse feito aqui a dinâmica do porto seria outra coisa”, precisou, explicando que o terrapleno construído em São Vicente foi feito “só para enganar as pessoas” e que “aquilo não vai servir para nada”.

O designado “cluster do mar”, no entendimento de Augusto Neves, é mais “um nome bonito e classificado” para “não trazer nada à ilha" onde, aliás, “áreas inter-relacionadas com o mar sempre existiram”, portanto ”não há aqui novidade”.

“O que se fez foi pegar num grupo de técnicos e criar esse tal “cluster”, que existe desde os primórdios da história desta cidade, aliás foi através dessa actividade portuária que Mindelo nasceu” ajuntou, precisando que São Vicente necessita, sim, de “investimentos sérios e não de retórica”.

A pesca, que “regrediu” quando é um dos “sectores fundamentais” para o desenvolvimento e para a economia de São Vicente, a educação, sector para o qual pede “mais e melhor investimento”, o desporto, em que “pouco ou nada fez o Governo”, e o turismo, onde “falta discutir profundamente” várias questões, são outras aéreas em que o presidente da Câmara de São Vicente aponta o dedo à governação de José Maria Neves.

O autarca queixa-se ainda do ”escasso número” de contratos-programa rubricados entre o Governo e a autarquia que dirige, e enumera um contrato com o Instituto de Estradas, num financiamento de cerca de cinco mil contos, um apoio na elaboração do Plano Director Municipal (PDM) e um outro na área do ambiente.

“São pequenos contractos; acho que deveria haver mais, porque a situação da ilha é cada vez mais difícil, com muito desemprego”, acrescentou Augusto Neves, que pede “mais atenção” do Governo.

Questionado se no meio das críticas ao desempenho do executivo vislumbra algum projecto do Governo que tenha tido impacto em São Vicente, Augusto Neves foi taxativo: “O Governo, claro, fez alguma coisa, deu continuidade ao aeroporto, embora estejamos à espera dos voos internacionais nocturnos, e a nível do saneamento tivemos a 3ª fase do plano sanitário do Mindelo”.

Por fim, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente disse que “sempre pautou” por ter “excelentes relações” com o Governo, reconhece que no início foi difícil, e concorda que são mais as pessoas do que o próprio executivo que dificultam.

“Por exemplo, temos um ministro, Antero Veiga, com quem mantemos um excelente diálogo, ele tem-nos ajudado com as dificuldades nessa área do ambiente/saneamento, é claro que ele não pode fazer tudo, pois somos muitos municípios, mas ele está sempre pronto a ouvir o presidente da câmara de São Vicente, e procurar soluções”, concluiu. (Inforpress/ExpressodasIlhas)


2 comentários:

  1. Se o presidente da câmara de S. Vicente tivesse proferido um discurso diferente, então teríamos de concluir que nós, os do Grupo da Regionalização, estivemos este tempo todo a cometer falsidades e a ser injustos com o governo de Cabo Verde. Ele tocou num ponto: "cluster do mar". Tem razão, não passou de um chavão utilizado pelo governo para acalmar os descontentes. Aliás, não é só esse chavão, o governo de Cabo Verde é pródigo em utilizá-los, quase todos em língua inglesa. Como se costuma dizer, com flores e bolos se enganam os tolos. Mas os mindelenses não são tolos, andam é desmobilizados. É certo que o dinheiro não abunda e não chega para tudo, questão que ninguém pode ignorar, mas o que se questiona é o critério de prioridade que tem sido adoptado nos investimentos públicos, e uma das provas disso é o Millennium Challenge Account.

    ResponderEliminar
  2. Mas a questão é ainda mais profunda que esta avaliação deste período mais recente. Onde estamos 40 anos depois, e onde podíamos estar com outras políticas? Esta é a verdadeira questão que muitos colocam!!!!!
    Uma reflexão 'sem complaisance' sobre o real impacto do poder do Paigc/cv na ilha de S. Vicente e na sociedade mindelense (economia social....) como um todo para os 40 anos tem que ser feito um dia, quando toda a poeira se assentar : Para já globalmente podemos dizer que as políticas do regime do Paigc/cv da 1ª República destroçaram a nossa ilha por completo, escangalharam o já frágil tecido socioeconómico da nossa ilha. Nenhum projecto resultou a não ser autênticos elefantes brancos moribundos nas praias da Laginha e da Matiota e muita propaganda. E vamos ver o que vai sair da lotaria do Cluster do Mar deste regime já em fim linha, de mandato. E ainda têm a lata de andar a cantar de galo por aí e a receber Condecorações !!!!!!!!

    ResponderEliminar