José F. Lopes |
TRANSPARÊNCIA SOBRE FACTOS DA INDEPENDÊNCIA DE CABO VERDE E DA 1ª REPÚBLICA
Num momento em que se comemora o 40 º Aniversário da Independência de Cabo Verde e em que swe distinguem várias iniciativas individuais nos media (fotografias, comentários) para lembrar os eventos que ocorreram entre 25 de Abril de 1974 e 5 de Julho de 1975, tomei a iniciativa de colocar um conjunto de questões até hoje deixadas sem resposta por omissão ou silêncio de quem de direito. É pena que não se tenha aproveitado a oportunidade para se realizarem Simpósios, Mesas Redondas, comemorando o evento. Como se sabe, os principais protagonistas dos eventos de há 40 anos, uns desapareceram fisicamente (os da então oposição), outros, desapareceram da cena pública (os jovens revolucionários de então estão praticamente na pré-reforma ou mesmo na reforma). Foi um erro histórico não se ter organizado um Simpósio da Reconciliação (envolvendo todos os protagonistas) aquando da comemoração do XX Aniversário da Independência de Cabo Verde, numa altura em que se podia aproveitar o testemunho de muitos dos protagonistas ainda vivos.
Até hoje, tem havido pouco ou nenhum trabalho rigoroso, imparcial ou suficientemente objectivo sobre o período em questão, à altura da importância do assunto, na medida em que quem o fez (ou poderá fazer), mesmo usando critérios científicos, muitas vezes foi actor da própria história que conta, ou está ligado profissionalmente aos agentes políticos que participaram na história, não podendo neste caso haver independência, nem recuo histórico suficiente para garantir uma objectividade total na análise dos factos. O mínimo que se exige numa análise histórica é a Transparência e a Objectividade.
As questões que coloco não terão de certeza resposta pois a sociedade cabo-verdiana não é aberta ao debate, e nos dias que correm, as pessoas estão mais interessadas em questões materiais e de sobrevivência. Estas questões normalmente deveriam/poderiam ser respondidas pelos protagonistas, mas prevendo de antemão a não resposta, lanço-as ao ar através das redes mediáticas. Obviamente, não é meu objectivo esgotar a problemática: tentei levantar um conjunto de questões que o comum do cidadão pode levantar ou mesmo responder, nem que seja parcialmente.
A-OS COMBATES DA LIBERDADE DA PÁTRIA E OS COMBATENTES
1- QUEM SÃO VERDADEIRAMENTE OS COMBATENTES DA LIBERDADE DA PÁTRIA NA LUTA ARMADA NA GUINÉ BISSAU E NO ESTRANGEIRO: UMA LISTA EXAUSTIVA DESDE O ANOS 60 ATÉ 24 DE ABRIL DE 1975. FEITOS DE ARMAS DETERMINANTES NA CLADESTINIDADE OU NA LUTA ARMADA.
2- QUEM SÃO OS COMBATENTES DA LIBERDADE DA PÁTRIA QUE SE NOTABILIZARAM NO PÓS 25 DE ABRIL DE 1975: FEITOS DETERMINANTES PARA A MOBILIZAÇÃO PARA A INDEPENDÊNCIA
3- DADOS SOBRE O PASSADO DE TODOS COMBATENTES DA LIBERDADE DA PÁTRIA (ANTES DE SE FILIAREM AO PAIGC)
4- LISTA PÚBLICA E DETALHADA DE TODOS OS COMBATENTES DA LIBERDADE (E CANDIDATOS)
5- FACTOS REAIS E COMPROVADOS DE ACTIVIDADES CLANDESTINAS DO PAIGC EM CABO VERDE, ANTES DA INDEPENDÊNCIA ASSOCIANDO OS COMBATENTES DA LIBERDADE DA PÁTRIA: ACTIVISTAS E ACÇÕES.
6- PENETRAÇÃO E A ACEITAÇÃO DO PAIGC NA POPULAÇÃO, ILHA POR ILHA, RESULTANTE DAS ACTIVIDADES CLANDESTINAS EM CABO VERDE DOS COMBATENTES DA LIBERDADE DA PÁTRIA: ADESÃO ÀS IDEIAS INDEPENDENTISTAS.
Questão importante, com quesitos bem formulados, José.
ResponderEliminarHá ainda outra questão que é susceptível de ser colocada e que entra no campo conceptual. O assunto é delicado e de difícil resposta, e pode até ser incómodo e desconfortável abordá-lo. Trata-se do conceito de pátria, e, implicitamente, de “liberdade da pátria”. Uma vez que pátria é uma representação necessariamente subjectiva de um território e seus habitantes, no caso particular de Cabo Verde sobra sempre uma margem significativa para a pluralidade do conceito.
A História do povoamento do território cabo-verdiano e a génese e natureza da sua população são factores que, efectivamente, aconselhariam a rejeição da simplificação do conceito. Principalmente quando a ideia e o sentimento de pátria são capturados por correntes ideológicas ou libertárias em voga, ainda mais por influência do fenómeno de rejeição de um regime político opressor. Se verificarmos que os regimes políticos são contingentes e transitórios, é óbvio que não podem marcar irreversivelmente a leitura da História. Há um lugar que não se pode negar à Cultura e o que ela tem de memória e afecto.
E então, muito a propósito, perguntar-se-á sempre se o Baltasar Lopes da Silva não foi tanto um “combatente pela liberdade da pátria” como supostamente o foi o Amílcar Cabral. Estas duas figuras serão sempre pólos de uma dialéctica que vai ainda sobrar para os vindouros.
Desta forma, embora respeite quem tenha andado no mato de arma na mão, serei mais adepto de quem tenha feito uso de outras armas para defender os interesses do nosso povo. É que o fogo de uma espingarda pode valer pelo estampido e pelo efeito letal, mas não tem o impacto e a veemência moral da palavra dita no momento e no palco próprios.
Felicito-te, José, por não te cansares de suscitar estas discussões.
Noutros horizontes, onde o respeito pelas leis e suas aplicações são da ordem do dia, nem é preciso ser especialista para dialogar sobre a matéria. Se a prosa do José é apaixonante para uns torna-se um osso para quem tem por lema "nôs terra ê pa nôs pove" e não se discute sequer as possibilidades de um referendo sobre a Descentralização de uma terra cujo território se encontra disperso em dez partes.
ResponderEliminarQuanto ao que sugere o Adriano a porca torce o rabo porque podem dizer que temos pátria e não precisamos de discutir a liberdade. E nada os demove !!!
Por enquanto, caros amigos, estamos feitos.
Todavia, continuem a dar-nos vossos temas e comentários. Se os centralistas fingem nada entender, nós, os regionalistas, não nos cansamos
Amigos foi minha intenção lançar o debate. Não há nunca na vida uma opção única pois a vida é uma encruzilhada. A mesma coisa para um jovem país sobretudo quando se encontrou na encruzilhada da Independência.
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