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sexta-feira, 3 de julho de 2015

[8272] - TRANSPARÊNCIA E O BJECTIVIDADE - 02 ...

José Fortes Lopes
 TRANSPARÊNCIA SOBRE FACTOS DA INDEPENDÊNCIA DE CABO VERDE E DA 1ª REPÚBLICA 2ª PARTE

 B-NEGOCIAÇÕES E PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA: A QUESTÃO DO PROCESSO DE TRANSIÇÃO

Nesta segunda parte elenco um conjunto de questões que se prendem com as Negociações entre Portugal e o PAIGC, o Processo de Transição em Cabo Verde, os Erros e Omissões. Obviamente, não é meu objectivo esgotar a problemática e as questões que outros cidadãos poderão colocar aos protagonistas do processo ainda vivos, mas tão só levantar um conjunto de questões que o comum do cidadão poderá colocar ou mesmo responder, nem que seja parcialmente.
O mínimo que se exige numa análise histórica é a Transparência e a Objectividade. 

1- POR QUE RAZÃO OUTRAS FORÇAS POLÍTICAS (NOMEADAMENTE INTELECTUAIS CABO-VERDIANOS DE RENOME) NÃO FORAM CONVIDADOS PARA A MESA DAS NEGOCIAÇÕES DA INDEPENDÊNCIA.
2- QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS PONTOS DISCUTIDOS E OS PONTOS DE DISCORDÂNCIA/DESACORDO ENTRE O PAIGC E AS AUTORIDADES PORTUGUESAS.
3- QUAIS FORAM AS POSIÇÕES NA MESA DAS NEGOCIAÇÕES RELATIVAMENTE À QUESTÃO DA DEMOCRACIA PLURI-PARTIDÁRIA. 
4- PORQUE É QUE NÃO SE REALIZOU UM REFERENDO PARA QUE TODO OS CABO-VERDIANOS SE EXPRIMISSEM LIVREMENTE SOBRE UM ASSUNTO TÃO IMPORTANTE PARA O SEU FUTURO: A RUPTURA COM A POTENCIAL COLONIAL E A CRIAÇÃO DE UM NOVO ESTADO. MESMO QUE FOSSE UM DIREITO DE CABO VERDE À INDEPENDÊNCIA ESTE ACTO SOLENE DEVERIA SER SELADO POR UMA CONSULTA POPULAR E UM VEREDICTO ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA.
5- PORQUE É QUE HOUVE TANTA PRESSA EM DECLARAR A INDEPENDÊNCIA EM 5 DE JULHO DE 1975, QUANDO NESSA ALTURA NÃO HAVIA CONDIÇÕES POLÍTICAS, SOCIAIS E ECONÓMICAS PARA TAL DESIDERATO: 1 ANO DE UM GOVERNO DE TRANSIÇÃO ERA INSUFICIENTE PARA UM PAÍS COM CARÊNCIAS COMO CABO-VERDE
6- PORQUE É QUE AS NEGOCIAÇÕES PARA A INDEPENDÊNCIA NÃO GARANTIRAM UM PERÍODO MÍNIMO DE TRANSIÇÃO, DE PELO MENOS 5/10 ANOS DE MODO A: 
-TODOS OS CABO-VERDIANOS, INDEPENDENTE DA SUA ORIGEM, CONVICÇÃO OU IDEOLOGIA E RESIDÊNCIA (DIÁSPORA) PUDESSEM PARTICIPAR PARA CONSTRUIR UMA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA E PLURAL
-A ESTABILIZAR POLITICAMENTE CABO-VERDE, CONSTRUIR INFRA-ESTRUTURAS A CARGO DE PORTUGAL OU DA ONU.
- CRIAR ALICERCES PARA O FUTURO ESTADO, EVITANDO RUPTURAS NA ESTRUTURA FUNCIONAL E MANTENDO OS EQUILÍBROS SOCIOECONÓMICOS DO ARQUIPÉLAGO.
7- PORQUE É QUE NÃO SE RESPEITARAM OS HIPOTÉTICOS COMPROMISSOS DE INSTALAÇÃO DE UM REGIME PLURALISTA GARANTINDO UM LUGAR À OPOSIÇÃO (COMPETIA À POTENCIA COLONIAL VERIFICAR QUE NAS VÉSPERAS DA INDEPENDÊNCIA OS ACORDOS RESPEITANTES A ESTE PONTO SERIAM RESPEITADOS PELO PAIGC).
8- PORQUE É QUE NÃO SE OPTOU POR UM GOVERNO DE UNIDADE NACIONAL COM TODOS OS PROTAGONISTAS, INCLUINDO ELEMENTOS VALIOSOS NA DIÁSPORA QUE DESEMPENHARAM FUNÇÕES TANTO NAS EX-COLÓNIAS COMO NA EMIGRAÇÃO.
9- QUEM ORDENOU EM DEZEMBRO DE 1974 O ASSALTO À RÁDIO BARLAVENTO, UMA RÁDIO PRIVADA: PORQUE É QUE AS AUTORIDADES DE ENTÃO NÃO ASSUMIRAM O SEU CONTROLO GARANTINDO A PLURALIDADE E A LIVRE EXPRESSÃO DE OPINIÕES. RECORDE-SE QUE DE UMA ASSENTADA FORAM SILENCIADAS AS DUAS RÁDIOS DE MAIOR IMPORTÂNCIA PARA A PLURALIDADE NO ARQUIPÉLAGO.
10- QUEM ORDENOU A PRISÃO DOS OPOSITORES DA UDC E QUAL O PAPEL DA FORÇAS ARMADAS. 

3 comentários:

  1. Já agora, seja-me permitido acrescentar algumas interrogações ao extenso inquérito do amigo José:
    - Quem ordenou a minha detenção, em Junho de 1977 e porquê?
    - Quem ordenou os interrogatórios a que fui submetido, alta madrugada, sob ameaça de arma de fogo e a aplicação de choques eléctricos, para me obrigar a confessar o inconfessável?
    - Que Tribunal sentenciou a minha expulsão de Cabo Verde como "persona non grata", no prazo de 48 horas?
    Não creio que alguma vez haja coragem moral para responder a estas questões, o que é pena mas, felizmente, nada do que me aconteceu nessa semana fatídica belisca o carinho que nutro pelas gentes e pela terra, onde vivi dos melhores anos da minha vida!
    Mantenha,
    Zito
    ,

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  2. Uma reacção do Zito Azevedo do blogue ArrozCatum em forma de comentário ao meu artigo TRANSPARÊNCIA E O BJECTIVIDADE - 02 ...
    Recorde-se que o Zito é uma vítima viva dos atropelos do período 1974- e foi apanhado na onda de repressão que se abateu sobre S. Vicente em 1977 com a prisão de figuras marcantes da sociedade mindelense, a alegada Intentona contra o poder do Paigc, uma farsa política inventada de todas a peças para justificar a instauração do regime de Partido Único. Tinha acabado a revolução estudantil do 25 de Abril e a abertura democrática chegava ao seu fim. Foi neste ano de 1977 que o Paigc mostrava as suas garras tendo endurecido politicamente e desenvolvido todo o seu aparato policial e de repressão. A chapa de chumbo abateu-se definitivamente sobre a nossa ilha de S Vicente e iniciou-se o silenciamento do todos os que com o 25 de Abril acreditavam que já se respiraria definitivamente em CV liberdade e a democracia. Acontecia neste ano a debandada dos que ainda resistiam e a lenta queda até ao fundo do poço em que nos encontramos em SV. A ilha com um peso económico, socio-político cultural, o fiel da balança de Cabo Verde, que projectou Cabo Verde ao mundo graças ao concurso dos melhores cabo-verdianos e de muitos que não nasceram aí mas que beberam da sua água apagava-se……, mas há ainda uma luz da vela ao fundo do Tunel.

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  3. Fiquei arrepiado ao ler as revelações do Zito. Eu apenas pensava que ele tinha sido simplesmente expulso, não que tivesse sido torturado e submetido a feroz interrogatório para confessar pecados que não tinha cometido.
    O José complementa o seu inquérito com um comentário muito apropriado.
    De resto, a resposta a todos esses quesitos formulados se resume numa única: a existência de um regime ditatorial e opressor. Tudo é possível quando se apropria do poder à margem das regras democráticas e se proclama o direito de agir arbitrariamente em nome do povo.
    Ainda hoje pergunto como foi possível que a alma pacífica, tolerante e convivente do povo cabo-verdiano tivesse gerado gente capaz de oprimir e torturar o seu semelhante.
    Quanto à luz ao fundo do túnel, oxalá não a deixemos bruxulear mais. É preciso alimentar-lhe o combustível. Para isso, o partido da independência, hoje um partido submetido à democracia, tem de se relançar numa escala mais ampla e em plena concordância com o figurino de um verdadeiro partido da esquerda democrática. Tem de se pedir perdão a todos os que foram vítimas dos atropelos do passado. Tem de se virar de vez a página. Tenho esperança na actual líder do partido. Outra geração, outro arejamento mental, outros horizontes ideológicos.

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