A INFLUÊNCIA ÁRABE NA TOPONÍMIA PORTUGUESA...
Albarraque (Albarrak, o brilhante), Albufeira (Albuhaira, a pequena barragem), Alcabideche (Alqabidaq, a “mãe de água”), Alcácer (Alqassr, o castelo), Alcáçovas (Alqassba, a cidadela fortificada), Alcalar (Alqalaa’, o forte), Alcaidaria (a chefia), Alcaide (o chefe), Alcains (Alkanissa, a igreja), Alcanena (Alqanina, a cabaça), Alcântara (a ponte), Alcantarilha (diminutivo de Alcântara), Alcaria (a aldeia), Alcobaça (Alkubasha, os carneiros), Alcochete (Alqucha, o forno), Alcoentre (Alqunaitara, a ponte pequena), Alcoitão (Alqaiatun, a tenda), Alcongosta (Alkunasa, o areal), Alcoutim (Alkutami, o falcão), Alfama (Alhamma, a fonte), Alfambras (Alhamra, a vermelha), Alfarelos (Alfahar, a louça), Alfeizerão (Alhaizaran, o canavial), Alfarim (Alfaramin, os decretos), Alfarrobeira (Alharruba, o mesmo que em português), Alferce (Alfarz, o que separa, entre duas colinas), Algarve (Algharb, o Ocidente), Algeruz (o canal), Algés (Aljaich, o exército), Algueirão (Aljairan, as grutas), Alhandra (Alandar, a debulha), Alijó (Alaja, telhado plano), Aljezur (Aljuzur, as ilhas), Almacave (Almaqabara, os cemitérios), Almada e Almádena (Almadana, a mina), Almansil (a estalagem), Almargem (Almarj, o prado), Almarjão (Almarjun, o pedregal), Almedina (a cidade), Almeida (a mesa), Almeirim (Almirin, o limite), Almoçageme (a água que corre), Almodôvar (Almuduar, o meandro), Almoster (Almustar, lugar de aprovisionamento), Alpedrinha (Albadri, luarento), Alpiarça (Albiraz, o duelo), Alqueidão (Alhaima, a tenda), Alte (Altaf, elegante), Alvaiázere (Albaiaz, o falcoeiro), Alvalade (Albalad, o campo), Alverca (Albirka, o pântano), Alvor (Albur, a charneca), Alvorge (Alburj, a torre), Anadia (delicada), Arouca (Aruqa, a bela), Arrábida (edifício religioso fortificado), Arrifana (Arihana, a murta), Arronches (Arauxan, as penhoras), Arruda (Aruta, planta silvestre), Asseca (o caminho recto e plano), Atalaia (lugar alto de onde se exerce vigilância), Aveiro (Aluarai, retirado, resguardado), Azambuja (o zambujeiro), Azeitão (Azeitun, a oliveira), Azóia (Azauia, a ermida).
Belamandil (Banu Mandil, nome de tribo), Bela Salema (Banu Salam, filhos da paz, nome de tribo), Belixe (garça), Benaciate (Ben sayyad, lugar ou filho do caçador), Benaçoitão (Ben As-Sultan, filho do poder), Benafin (Ben ‘Affan, filho do puro), Benagil (Ben Ajawid, filho do generoso), Benamor (Ben ‘Ammar, filho do devoto), Benavente (Ben ‘Abbad, lugar do devoto), Bencatel (Ben Qatil, filho da vítima), Benevides (Ben ‘Abid, lugar do adorador), Benfarras (Ben Farraj, filho da consolação), Benfica (Ben Fiqa, filho da calmeirona ou da mulher alta), Bensafrim (Ben Saharin, lugar dos feiticeiros), Beringel (beringela), Birre (Bir, poço), Bobadela (Bu abdallah, pai do escravo de Deus), Boliqueime (Bu Alhakim, nome próprio), Borba (Birba, labirinto), Bucelas (Basala, cebola), Budens (Bu Danis, nome de tribo que governou Alcácer do Sal), Burgau (Burqa, zona com o solo pedregoso).
Cacela (Qassila, seara), Cacém (Qassim, nome próprio, que significa aquele que testemunha), Cacilhas (Hasila, lixeira), Caneças (Kanissa, igreja), Cartaxo (Qar at-Taj, residente do Tejo), Caxias (Kashih, inimigos), Charneca (Xarnaqa, terreno inculto), Chelas (Xila, arco), Colares (Kula, pequeno lago), Coruche (Quraichi, nome de tribo), Cuba (cúpula), Elvas (Ilbax, risonha), Estoi (Ustul, esquadra), Estômbar (Ustuwanat, arcos), Falacho (solo gretado), Faro (Harun, nome próprio), Fatela (Fath Allah, vitória de Deus), Fátima (nome da filha do Profeta Muhammad), Golegã (Ghalghal, entrar ou penetrar), Leça (Laza, ferrolho), Loulé (Al’ulia, a elevada), Loures (Lawr, lira), Lousã (Lawha, ardósia), Luz (amêndoa).
Mafamede (Muhammad, muçulmano), Mafamude (Mahmmud, louvável), Mafra (Mahfra, cova), Magoito (Maqhut, árido), Malhada (lugar de travessia de um rio), Marateca (Mar’a at-Taqia, mulher devota), Marvão (Marwan, nome próprio), Massamá (Maa as-Sama’, água do céu), Mesquita (Massjid, o mesmo que em português), Messejana (prisão), Messines (elogioso), Mora (Murah, pastagem), Moscavide (Maskbat, sementeira), Mucifal (Mussafa, vale inundável), Muge (Muhja, alma), Murça (Mussa, nome do conquistador Árabe do Gharb Al-Andalus), Nexe (Naxa, juventude), Niza (disputa).
Odeceixe (Ued Sayh, rio da torrente), Odeleite (Ued Layt, rio do eloquente), Odelouca (Ued Luqat, rio das sobras), Odemira (Ued Amira, ou rio da princesa), Odiáxere (Ued Arx, rio da punição), Odivelas (Ued Ballas, rio da terracota), Oeiras (Urwah, moitas), Olhão (‘Ullyah, elevado), Oura (Awra, esconderijo), Ourén (Wahran, nome de cidade na Argélia), Ourique (Wariq, verdejante), Ovar (‘Ubr, curso de água), Palmela (Bismillah, ou em nome de Deus), Parchal (Barjal, circuito), Penela (Ben Allah, filho de Deus), Peniche (Ben ‘Aixa, filho de Aixa), Quelfes (Kallaf, moço de estrebaria), Queluz (vale da amendoeira), Retaxo (Ritaj, entrada).
Sacavém (Xaqaban, próximo), Safara (Sahara, deserta), Salema (Salama, paz), Sameiro (Samar, junco), Samouco (Samuq, alto), Sargaçal (Xarqwasi, arbusto), Serpa (Xarba, poção), Sertã (Saratan, caranguejo), Setil (Sabtil, de Ceuta), Sever (Sabir, colina), Sines (Sin, fortaleza), Sor (Sur, cerca), Tarouca (Turuq, caminhos), Tavira (Tabira, ruína), Tercena (Dar as-Sina, casa da industria), Trofa (Taraf, extremidade), Valada (Balat, planície), Vau (Wad, rio), Vieira (Bayara, concha), Xabregas (desfazer), Zambujal (de Zabbuj, oliveira brava), Zavial (Zauia, azóia), Zêzere (Za’za’a, agitação).
(Fonte - Blog Histórias de Portugal e Marrocos, de
Frederico Mendes Paula)
A herança é bem maior do que pensamos. Só a severidade da Igreja Católica impediu fosse mais visível a perpetuação da memória árabe na Península. Há uns tempos, e a propósito da reconstituição em Tomar dos tempos medievais, alguém escreveu num jornal local mais ou menos isto: "só é pena que não tenha havido também reconstituição da presença árabe, que continuou mesmo depois da reconquista. Eles continuaram a cultivar os campos e a assegurar vários ofícios, com notável contributo para a vida dos cristãos".
ResponderEliminarÉ preciso não esuqcer que a civilização árabe foi uma das mais avançadas na sua época, tendo contribuído para o eclodir da ciência, das artes na Europa. Córdoba na Espanha irradiava cultura e saberes para todo o Mundo islâmico e não só.....
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