O Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, defende no seu segundo livro que o país precisa de "um choque cultural" e de uma mudança de atitudes dos cidadãos e das empresas em relação ao Estado. "Cabo Verde - Gestão das Impossibilidades" foi lançado na passada sexta-feira, na cidade da Praia.
Segundo escreve José Maria Neves no seu livro "o país precisa, ao nível da administração pública, das empresas, da cidadania, de um choque cultural, pela via da ’desestatização’ da cabeça das pessoas e das empresas privadas". Esta mudança de mentalidades passa ainda pela distinção "dos espaços de actuação partidária do Estado para que cada um assuma as suas responsabilidades" no desenvolvimento do país.
"Em Cabo Verde [...] tudo é partidarizado e estatizado, o que condiciona sobremaneira o desempenho individual e da administração pública e as relações entre o Estado a sociedade civil e os cidadãos", salienta o chefe do executivo.
"O Estado deve fazer a sua parte, mas o cidadão tem que assumir plenamente o seu espaço de acção, a sua autonomia individual, as suas responsabilidades na sociedade. Talvez seja esta a maior mudança que teremos que realizar nos próximos tempos", admite.
O livro conta com 134 páginas e está dividido em quatro capítulos. Faz um balanço do percurso do país ao longo dos 40 anos independência, mas centra-se, sobretudo nos últimos 15 anos de governação do Partido da Independência de Cabo Verde (PAICV).
C/Lusa
Eu só pergunto por que o PM não mudou, ou tentou mudar, este estado de coisas durante os seus 3 governos consecutivos. Não se viu sinal nenhum de ter pretendido mudar alguma coisa, o que não se entende quando se beneficia de maiorias absolutas.
ResponderEliminarConcordo com o Adriano.
ResponderEliminarInteressante, no meio de tudo isto, o autor do livro esqueceu-se de que há um legado histórico introduzido pelo seu (dele) Partido PAIGC//PAICV que "estatizou" ou forçou isso aqui nas ilhas. Claro, que a partir de 1990, se tentou dar a volta a isso, mas foi inculcado com demasiada ideologia e em cidadãos carenciados, grande parte deles. Mas tempo demais já esteve o PAICV no poder 30 em 40 anos, para que nada fosse feito no sentido do tal "choque cultural" propalado agora.
Nós sabemos, vimos assistindo como tem funcionado o sistema de "alta partidarização" de tudo em Cabo Verde, nos últimos 15 anos.
De tal maneira, que ela é exibida sem qualquer pudor ou tentativa de discrição. Escandalosamente às claras...