O investigador Moacyr Rodrigues considera que ao longo dos anos Cabo Verde tem perdido traços importantes da sua identidade cultural. A posição é defendida em entrevista ao Programa Cabo Verde 2016, da Rádio Morabeza, que esta segunda-feira analisa o percurso da cultura cabo-verdiana.
Para fundamentar a sua posição, o investigador exemplifica com aquilo que considera “serem os traços da cultura cabo-verdiana que ficaram pelo caminho”.
“já não ouvimos falar da louçaria ou barro de Santiago, os potes utilizados para armazenar água desapareceram. Raramente vemos um binde, porque as pessoas hoje em dia para fazerem o cuscuz usam as ‘cuscuzeiras’ ao invés de bindes porque é mais fácil”, analisa o investigador.
No entender de Moacyr Rodrigues, aos poucos, a cultura cabo-verdiana está a desaparecer.
“Com o tempo, descuraram-se aspectos e manifestações da nossa cultura. Veja-se o que fizeram com o Fortim. Arrasaram com aquilo. Talvez se conhecessem a história, o tivessem preservado. É esse o destino das coisas em Cabo Verde e principalmente em São Vicente”, frisa Rodrigues. (Lourdes Fortes)
Este foi apenas um dos mindelenses que se demitiram de defender a sua ilha.
ResponderEliminarAssino por baixo Adriano. Se este e outros tivessem manifestado em tempo oportuno, muita desgraça teria sido evitada. Uma sociedade é feita de pequenas atitudes ,que no seu conjunto resultam em acções.
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ResponderEliminarClube Matiota escreveu no facebook e assino também por baixo
Fala-se nos casos emblemáticos do Eden-Park, do Fortim, mas não podemos esquecer os outros casos do património histórico de S.Vicente que foram destruídos, como as instalações da antiga italcable, casas com uma matriz italiana, as instalações onde funcionaram as primeiras centrais eléctricas do Mindelo, edifícios que deviam ter sido preservados por contarem uma história.E muitos mais exemplos poderiam aqui ser referidos.
A história de um povo só pode ser compreendida quando se olha para trás, e se tem referências dessa história, e só pode ser vivida quando se olha para frente....
Escrevi no facebook
ResponderEliminarEste senhor tem razão e sabe do que fala, mas não sei se isto já vem um pouco tarde, pois a bulimia no novo e do moderno falam hoje mais alto. Por termos defendido alguns marcos de referência e estruturalmente definidores da identidade arquitectónica da ilha de S. Vicente, fomos tratados de reaccionários pelos pseudo modernistas do betão e do alcatrão.
Tivesse Moacyr marcado a sua posição, como agora o faz, quando abateram a casa Adriana, ainda se salvariam o Fortim e o Eden Park etc. Agora, sobra o Liceu Velho cuja defesa seremos intransigentes?
O curioso é que o abate do património ou a sua condenação à degradação acontece sistematicamente em S. Vicente !! Estas recriminações, para alguns leitores, quase que já cansam, soam á repetição, mas o que tem acontecido com esta ilha, não são coincidências, longe disto: S. Vicente reflecte todos os paradoxos, contradições e dores deste Cabo Verde moderno, que se quer transformar à paulada, e parecer à imagem daquilo que alguns políticos teimam em querer que seja, mesmo que para isso se transforme a própria realidade!!
O Património Arquitectónico insere-se na Cultura, tomada no seu sentido mais lato, é algo que deve ser preservado como ferramenta pedagógica e de cidadania. Através dela percebe-se a ideologia, a política os valores estéticos de uma determinada sociedade, num dado momento da História, mesmo que os mesmos sejam repudiados. Cabo Verde vive um processo de alienação do seu passado, pelo que urge uma certa reconciliação, como pedagogia e terapia. Se não se preservarem as nossas heranças, goste-se ou não goste-se delas, é um pouco da nossa humanidade que desaparece !!!
São Vicente ao que perece tem servido de "cobaia" neste processo de destruição de património ao ponto de os responsáveis terem chegado a conclusão que já é tempo de parar.
ResponderEliminarFico satisfeito por terem decidido transformar a antiga central eléctrica da Praia situado em chã d'areia num museu de electricidade. Há pouco mais de dois anos mandaram vender aos sucateiros, primeira Centra de Dessalinização de água do País situado na matiota desde os anos 60
- Transcrevo o meu comentàrio no "Expresso das Ilhas": -
ResponderEliminarQuando se fala dos dorminhocos, dos comodistas e dos "desimportode" que não quiseram defender a Ilha do Monte Cara, o Prof. Moacyr Rodrigues ocupa um dos primeiros lugares no cimo.
Moacyr ficará na história da História como um dos que podiam ter levantado o estandarte dos seguidores do Capitão Ambrósio mas limitaram-se a jogar no off side enquanto os predadores faziam o regabofe. O distinto filho de Nhô Toi Lulu fez-se no Liceu Gil Eanes onde foi professor mais tarde; não sei se ia brincar pelos lados do Fortim mas sabe dos meninos que para lá iam e praticou as suas 2as e 3as línguas (como todos nós) na universidade popular (Eden Park) mas a fidelidade partidária fez com que esquecesse das suas raízes, dos momentos mais felizes da nossa juventude, das suas amizades e não sei que mais.
Rapaz, desejo-te muita saúde para que venhas ainda mais vezes para lamentar como nós fazemos
Eduardo Oliveira (Tio Dudu)