Relacionados com a comemoração do "dia da rádio", em Cabo Verde, coincidindo com a data do assalto à Rádio Barlavento, a 9 de Dezembro de 1974, enviou-me o amigo José F. Lopes alguns comentários que apareceram no FaceBook, especialmente de João Matos, que julgo seja filho do meu grande amigo e colega da rádio, Evandro de Matos, com quem tive o privilégio de trabalhar, muitos e bons anos, no Rádio-Clube Mindelo...
Tais comentários encerram algumas dúvidas e pequenas imprecisões que acho importante rectificar, a bem da verdade histórica sobre essa data negra da radiofonia cabo-verdiana...
Na realidade, na altura eu já não trabalhava no R.C.M., que entrara numa espiral de rápida desagregação, tendo passado a produzir para a Rádio Barlavento, o programa Revista Sonora, um título respeitado que já tinha passado pelas mãos do Dr. Aníbal Lopes da Silva e pelas do amigo Francisco Mascarenhas, entre outros...Além deste, produzia, ainda, o programa desportivo, também semanal, Onda do Desporto...De notar que estes dois programas eram montados e gravados com os meios técnicos de que eu dispunha, em minha casa, sendo remetidos à R.B. em bobines "open-reel" de fita magnética. Alem destes programas, eu tinha uma outra função que era a de "locutor de noticiários" (três vezes por semana), mas nunca fui locutor de continuidade na R.B. Aquela era, de resto, função, também, da Drª Armanda Fonseca...
Além destas actividades, eu e mais dois companheiros - Abílio Alves e Abel Pires Ferreira - tínhamos alugado duas horas diárias de emissão à Radio Barlavento, entre as 22 e as 24 horas, para a transmissão de um programa a que demos o nome de "Encontro às Dez" e que mantivemos durante vários anos, graças a receitas de publicidade comercial...
Aquando do "assalto", aliás, já estava na recta final a preparação da visita da equipa de futebol da Académica de Coimbra a S. Vicente, para as comemorações de aniversário do programa, e que acabou por ficar , obviamente, adiada para as calendas gregas...
Por último, refira-se que, nessa noite, era eu quem estava escalado para a leitura do noticiário, mas havia pedido à Drª Armanda que me substituísse, por estar com uma incomodativa dor-de-garganta!
Azar o dela, infelizmente, que teve que defrontar, com naturais receios, a invasão que se conhece e que agora se recorda, uma vez mais, 41 anos passados...
Situação da Radiofonia na noite de 9/12/2015 Um depoimento de de ZITO AZEVEDO
ResponderEliminarUm pequeno depoimento de Zito Azevedo um dos animadores durante décadas (60/70) das 2 Rádios concorrente Rádio Barlavento e Clube do Mindelo em que apresenta a situação destas rádios nas vésperas do assalto e ao mesmo tempo vem corrigir algumas imprecisões trazidas pelos ânimos.
É na realidade um depoimento para a História. Se muitos outros ainda vivos não tivessem fechado nas suas conchas ainda teríamos dezenas de depoimentos de pessoas que vivenciaram estas rádios e assistiram às suas agonias ou aos derradeiros momentos e teríamos uma visão global da questão.
O período Histórico que culminou em 1975 vai passar à História sem ter sido feito um levantamento global, honesto e sério da história, a verdadeira, colhida através de entrevitas, depoimentos etc e depois tratada científicamente.
Onde estão os arquivos de toda esta época? Os que não foram rasgados devem estar fechado a sete chaves para que a nova geração contuinue alienada da verdade e dos factos.
Milhares de pessoas envolvidas nos processos, que viveram a sitação colonial dos dois lados da barricada, morreram sem que tal trabalho de levantamente fosse feito.
A vontade de limpar com uma borracha tudo o que existiu antes do 25 de Abril, e de alguns aparecerem como os heróis únicos, salvadores da pátria. a vontade de 'matar' os outros protagonista que tinham outras história para contar, vai legar para a História um autêntico buraco, preenchido por mentiras e vaidades.
Pudera para haver mais 400 falsos herois, a acrecentar às dezenas de combatentes, o preço a pagar é este, a omissão histórica.
Uma coisa é certa a nova história centralista reescrita a partir da visão Santiago, encomendada pelo novo regime paicvista que tem todo o interesses em explorar e deturpar a história de CV, não suporta que grande parte da Hsitória do século XIX e século XX tenha sido escrita em S. Vicente, com o sangue e suor dos seus habitantes e de muitos que demandaram o seu porto para vivere e sobreviver, esta ilha que colocou Cabo Verde na modernidade, precisamente devido à abertura ao Mundo e ao seu cosmopolitismo.
A eles só interessa a história da escravatura do século XV pois é um país virado para o passado e que tem medo do futuro que se vislumbra insuportável precisamente pelos maus caminhos trilhados.
Foi bom o Zito ter prestado este esclarecimento. Pena que outros não o façam com o mesmo desassombro, por amor à verdade.
ResponderEliminarComo eu disse num mail há pouco, o povo do Mindelo escaqueirou tudo e agora anda a apanhar os cacos enquanto alguns revolucionários vivem bem e recomendam-se.
Trabalhei alguns anos como locutor do Radio Club Mindelo com o Zito e o Evandro Matos. O Evandro Matos assumia a redacçao das "notas de abertura".Ao deixar Cabo Verde em 1968 ja' havia mais de sete anos que diairamente escrevia essas notas mas que lhe faltava meios para as editar. No meu regresso a Cabo Verde soube que os arquivos do Radio Club com as notas do evandro teriam desaparecido. E' com muita saudade que me lembro do bom tempo do Radio Club, do Evandro ,Zito, Djosa Sena, Gaby, Pedrosa, Jorge Ramos com o seu "Feliz despertar", etc. Se conseguissemos recuperar os arquivos do Radio Club ver-se-ia que nao faziamos radio à toa como muita gente pretende..
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