Confirmada a determinação das urnas que deram ganho de causa ao projecto de mudança nas políticas e nos actores, a generalidade dos cabo-verdianos olha com esperança para o futuro que começa com instalação da nova maioria governativa.
E, certamente, com natural disposição de conceder o tradicional período de graça de modo que a governação do MpD possa verdadeiramente mostrar ao que vem, pois que tomar as rédeas do poder requer tempo e um profundo trabalho.
Nesta nova fase da vida nacional, inaugurada com mais uma alternância política em plena normalidade democrática, julgo ser importante que todos estejamos a aprender as lições que só tempo e o saber de experiência feito são capazes de legar.
Deste modo e na base da compreensão da causa das coisas, compreensão essa sempre conquistada a duras penas, pessoalmente espero, entre outras coisas, o seguinte:
1) Que o MpD de Ulisses C. e Silva dê início e desenvolva uma governação mais transparente, próxima e amiga dos cidadão e das empresas, fortalecedora das instituições que - é indispensável reconhecê-lo - funcionaram muito em roda livre, à base de vontades e conveniências muitas vezes inconvenientes para a larga maioria dos cidadãos;
2) Que o PAICV, como partido incontornável da política cabo-verdiana, analise profundamente e tire as devidas conclusões sobre tudo o que fez certo e errado, principalmente nos últimos cinco anos em que os ganhos da governação foram algo anulados por perdas patrimoniais e de imagem da classe política, muitas das quais bem poderiam ter sido evitadas;
3) Que a Sociedade Civil se emancipe um pouco mais e os seus actores não fiquem tão ligados ou dependentes de orientações e interesses meramente partidários ou pessoais.
É preciso que os cidadãos, principalmente os que endossam o seu apoio e põe grandes esperanças na nova governação do MpD, façam saber a este e aos outros partidos que apoios não são um cheque em branco. São outorgados com passagem de recibo e com termos e condições de revalidação ou não, na medida dos desempenhos e da satisfação ou não dos interesses da sociedade.
Tanto ou mais do que mudanças de políticas, considero que o maior desígnio é que este seja o tempo de uma cidadania fortalecida nas suas próprias bases e nos seus princípios, favorecida por atitudes mais cooperantes e menos dominadoras do governo, das instituições e dos partidos políticos.
Como bem sabemos, todos eles, no poder ou na oposição, continuam a exercer influência determinante nas atitudes e comportamentos cívicos e políticos da grande maioria das pessoas.
Neste quadro, a não instrumentalização das instituições sociais por parte dos poderes públicos será uma pedra de toque bem sensível e a ser muito bem guardada por todos nós.
Do MpD espero e conto com uma governação para todos os cabo-verdianos, como afirmou Ulisses Correia e Silva no seu muito bom, equilibrado e pacificador discurso de vitória.
Do PAICV espero e conto com uma oposição forte e equilibrada, reestruturada na base de um processo de mudanças, cuja necessidade é imposta pela perda da confiança maioritária do eleitorado e também pelas vozes que clamam por efectivas alterações nas regras do jogo interno.
Da UCID espero uma renovada energia e uma postura ainda mais em sintonia com o sentimento da sociedade, atenta e efectiva no controlo político tanto da maioria governativa como do maior partido da oposição. Que seja o fiel da balança com fidelidade ao povo.
Dos Cidadãos deste país espero que tenham um espírito mais observador e independente na avaliação dos méritos e deméritos dos representantes que elegemos, pois que não há nada que esteja bem e que não possa ser melhorado ou… piorado.
Tenho fé no novo Governo, tenho fé na Oposição Democrática e sobretudo QUERO TER FÉ no Espírito de Cidadania, esse tal espírito que tem a fórmula mágica para equilibrar e temperar a nossa democracia.
Falei e disse, penso eu.
António César Matos Barbosa
21/03/16
Para conseguir esse desiderato, ou ao menos tentar alcançá-lo, há 3 regras muito simples que importa observar:
ResponderEliminarHUMILDADE
FALAR VERDADE
DAR EXEMPLO