A família Azevedo, por volta de 1944, na Pracinha do Liceu Gil Eanes, Mindelo, S,Vicente, Cabo Verde...
Seria, certamente, Domingo e aí estavam os quatro, na cultura de um hábito que hoje já não existe: passear pela cidade não, apenas, para vê-la mas, como dizia meu pai, para a aprender... Como se verifica, estamos vestidos a preceito, incluindo o casaco e a gravata de meu pai, porque era Domingo, decerto, e porque nos encontrávamos numa tarefa que envolvia alguma dignidade: aprender a cidade!
Tinha sido escolha nossa aí viver, por isso, era da mais elementar necessidade conhece-la não bastando, por isso, olhar...Era necessário ver, sentir, entender os sítios, as coisas e as gentes porque, afinal, seriam os nossos sítios, as nossas coisas, as nossas gentes...
Por isso, houve, durante tempos, esse hábito - ou essa necessidade - de excursionar pelo Mindelo, aos Domingos, percorrendo a calçada irregular da Rua de Senador, da Rua de Telégrafo, da Rua da Fazenda, da Rua de Lisboa, saudando conhecidos e não só e descansar nos bancos da Praça Nova, da Pracinha da Igreja e do Liceu, admirar a réplica da Torre de Belém, ir até à ponta do cais da Alfândega olhar os peixes no seu permanente frenesim e admirar os miúdos que mergulhavam em busca de umas pedras de "nhôcass" ou de "cardife" para, lá em casa, aquecer a caldeira da cachupa...
Foram, assim, as minhas primeiras semanas de Mindelo, já lá vão mais de 70 anos... Afinal, os sítios, as coisas e as gentes não foram nossas tanto tempo quanto desejaríamos e tínhamos sonhado pois foram-nos adversos os "ventos da História", mas foi bom, enquanto durou e passaria pelos mesmos infernos para viver esses tempos, de novo!
Bons e velhos costumes. A família reunida e a passear calmamente pela cidade e com momentos da paragem e de conversa, nas praças/jardins. Ternas recordações. Neste simpático grupo qual dos rapazes é o Zito? Sei que o mano é o Tuta. Apenas curiosidade.
ResponderEliminarAbraços
Ondina
Bonito, a familia toda junta, a passear aos Domingos.
ResponderEliminarE igualmente bonito todos bem vestidos. Os rapazinhos com roupas que ficavam tão bem - pareciam uns homenzinhos,assim se dizia. Ainda era assim no meu tempo de menina e juventude. Era! Deixou de ser...
E qual é o Zito? O mais pequenino, do lado esquerdo?
Um abraço, com os desejos de boa Páscoa, extensivos aos seus familiares queridos.
Dilita
Olá, amigas! As senhoras, claro, sempre mais sensíveis a estas coisas de família...O Zito está ao lado da mãe e é mais velho,cerca de dois anos, do que o Tuta, que está ao lado do pai...Creio que, por esta altura, as nossas idades seríam 10 e 8, respectivamente...
ResponderEliminarUma Santa Páscoa!
Zito
Esta crónica do Zito vai ao fundo da memória buscar recordações felizes e emoções sentidas na descoberta do Mindelo para onde a família se transferira de armas e bagagens. Estas sensações são inolvidáveis quando se é criança.
ResponderEliminar“Afinal, os sítios, as coisas e as gentes não foram nossas tanto tempo quanto desejaríamos e tínhamos sonhado pois foram-nos adversos os "ventos da História", mas foi bom, enquanto durou e passaria pelos mesmos infernos para viver esses tempos, de novo!”
Estas palavras ditas ressumam amargura, e com inteira razão. O Zito foi obrigado a sair da ilha quando os “ventos da História” sopraram e devastaram o que havia na nossa terra de convivência harmoniosa e fraterna entre todos. Mas foram ventos contrários à História...
Esta foto da família Azevedo num dia domingo no Mindeloé é uma foto das recordações. Outros tempos!! quaqluer mindelenses revê-se nela.O domingo era o dia em que nos compunhámos da cabeça aos pés para o ritual social, o convívio com e entre amigos, ou para os meninos irem brincar na creche ao ar livre que era a Praça Nova, até horas decentes, 19:30, pois depois era o tempo dos adultos. Bons tempos desta nossa cidade digna e orgulhosa. Hoje ela já nem sombra do que era, é. Portanto muito vai ter que ser feito para recuperar os bons valores e o seu nível.
ResponderEliminarTemos na foto uma familIa que escolheu viver connosco e foi aceite com toda a morabeza. Todos se integraram, cada um tinha seus amigoS que frequentava mas todos passaram a ser "gente cuNchide" né "mnis de soncente". Conheci-os logo ah chegada e até hoje Admiro-os como autênticos.
ResponderEliminarObrigados, amigas e amigos...Hoje, passados tantos anos, continua a ser um privilégio a ligação que mantemos com a terra através de vós!
ResponderEliminarBraças e abraços,
Zito
Fora por uns dias, não foi possível comentar esta imagem na hora. Mas sai agora um braça para o Zito miúdo e outro para o Zito actual, "ambos os dois" faces da mesma moeda - fora os outros três intervenientes, tão importantes como ele, sinais de um tempo que já não volta mas que podemos saborear pelo milagre da fotografia.
ResponderEliminarDjack