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segunda-feira, 28 de março de 2016

[9064] - A TRADIÇÃO JÁ NÃO É O QUE ERA!...


Ontem, foi Domingo de Páscoa, talvez a festa mais familiar depois do Natal e a que, obviamente, está associado um almoço com mesa farta e variada, dos chamados acepipes pascais, mais ou menos tradicionais e, normalmente, onerosos...
Minha filha Ana Paula, como é habitual, convidou a família para almoçar lá em casa: os pais, os tios o irmão, a nora e os sobrinhos, que se juntaram ao marido e filhos e compuseram a habitual mesa de...13 convivas, dos 10 aos 83 anos... Não me parece, de resto, que alguém o tenha notado até porque a "pouca-sorte" associada ao número aziago acabou por ter um desmentido de todo o tamanho, como se verá...
Nestes dias, claro, a refeição atrasa-se sempre, por causa dos aperitivos, do "gin-&-tonic" que raros dispensam, da necessidade de por a conversa em dia, as queixas das dores nos ossos dos mais velhos enfim, como diria o meu falecido patrão, o "trivial e croquetes"!...
Então, com as mentes condicionadas aos habituais cabrito assado, arroz de pato,  polvo à lagareiro,  leitão de Negrais e manjares adjacentes, aparecem na mesa duas grandes terrinas que exalavam um aroma indisfarçável a uma festa de "sanjon" na Ribêra de Julião...É verdade: era cachupa e, minhas amigas e meus amigos, uma cachupa que só de olhar nos vinham as lágrimas aos olhos e, depois de degustada, nos punha a mente a divagar através do Atlântico e, de olhos semi-cerrados os nossos sentidos se embebiam dos sabores e dos aromas da ilha e dos seus sortilégios que, indelevelmente, marcam o adn da nossa personalidade...
E, como se isso não bastasse, ainda havia um "ponche de tambarina" que bebi pela primeira e...pela segunda vez!
Bem tarde, deitei-me, antecipando uma espécie de "san-brás", na imagem de num prato fundo de cachupa guisada e dois ovos estrelados a cavalo...
Páscoa...Não restam duvidas: a tradição já não é o que era!
Obrigado, Paula - adorei!


3 comentários:

  1. Eu ainda estive para escrever "Fora, porrada no Zito, manduco no costado do sujeito, cacetada nele", pois uma coisa destas não se faz aos amigos (embora eu já a tenha feito...), mas os tempos são de demasiada violência e nós não podemos acrescentar mais. Por isso, limito-me a olhar para o idílico recipiente de cachupa e suspirar: "Ai, ai..."

    Braça trinta vezes invejosa,
    Djack

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  2. Ah! Zito! foi uma Páscoa tipicamente cabo-verdiana! Isso é que foi. Uma cachupada, cuja fotografia já cria água na boca!...imagino-a ao vivo!! (vide descrição feita pelo próprio conviva da degustação). Para além do mais, rematada com um ponche de "tambarina" De certeza que foi ali chamado o manjar de deuses a estar presente na vossa lauta refeição pascalina.

    Abraços

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  3. Ainda bem que gostaste papá! Melhor que a cachupa, foi o convívio familiar. Beijinhos :)

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