... No passado dia 11 de Fevereiro decorreu um pouco por todo o país,
uma marcha/concentração de cidadãos devidamente enquadrados por uma
frente sindical, que a plenos pulmões gritavam contra o fantasma do
endividamento, a famosa crise e suas maleitas.
A mim, foi-me confiada a missão de zelar por estas mesmas pessoas e ao mesmo tempo fazer por que tudo corresse dentro daquilo que tantas vezes se ouve falar, a liberdade democrática.
Acompanhando a malta Tuga, lá fomos, indo desaguar na Praça do Povo, outrora conhecida por Praça do Comércio, que cantava, berrava e cuspia umas asneiradas, enquanto pelo canto do olho, alguns davam uma mirada, a uma ou outra menina, enquanto emborcavam uma imperial à pressa, porque não podiam largar o cartaz por muito tempo.
Tudo dentro daquilo considerado normal. Discursos, apupos, vaias e aplausos, termina a parte oficial.
Eis senão quando, foi-me dada a ordem de recolher o pessoal, visto que o evento estaria na sua fase de rescaldo. Assim, juntei a malta e, devidamente formados, deslocámo-nos para a nossa viatura para que pudéssemos trincar uma bucha.
Neste reagrupamento, há um gajo que, encoberto pela multidão, grita:
"Vão trabalhar seus chulos! Parasitas! Filhos da puta! Fascistas! Cabrões!"
Ignorei e dei ordem para ignorar, e fomos à bucha. Devia haver qualquer problema com a minha sande, porque caiu-me mal!
Eu sei que agora é tarde mas, mesmo assim, a esse covarde e a outros que para aí andam, tenho duas ou três coisas para dizer:
Vão mas é trabalhar!
Aqueles a que chamam chulos, ganham 780€ por mês, trabalham 45
horas por semana e que, se somarmos os gratificados, passam para 60,
sendo pois 60 horas semanais.
Os parasitas trabalham os feriados todos, sim, todos sem direito a
compensação, as noites e os fins de semana sem direito a quaisquer
subsídios, ou pagamento de horas nocturnas, faça chuva ou faça Sol, frio
ou calor...
Os Filhos da puta, depois de saírem de serviço, vão para tribunal com
o bêbado que podia muito bem atropelar a tua família toda, quando saíste
para ir jantar e celebrar uma merda qualquer que te tenha acontecido.
Ficam na esquadra a acabar o expediente que segue de manhã para o
Tribunal, com o bando que assaltou à mão armada, ou com o que roubou,
matou, assaltou a farmácia, a ourivesaria, o carro, o puto que vinha da
escola, a velha no autocarro, o 'camone' no eléctrico e por aí fora que, por
mim, bem podias ser tu, a tua mãe, o teu filho ou o teu irmão, que seriam
todos tratados de igual forma.
Os fascistas chamam o reboque quando não consegues sair com o carro,
quando um como tu, abusa da sua liberdade e deixa o carro mesmo na
saída da garagem. Entendes este conceito de liberdade?
Penso que sim.
Os chulos abrigam e protegem a mulher, as crianças que levam porrada
de um esterco qualquer, só porque lhe apetece e levam-o a tribunal, muitas vezes, na hora de folga.
Os parasitas entram em casas em chamas, enfrentam armas de fogo,
embrulham-se à facada, perseguem a grandes velocidades, lidam com todo
o tipo de doenças, inúmeras vezes contagiosas, e correm de frente para o
perigo, quando todos os outros fogem dali para fora.
Os chulos saíram do seu seio familiar e social e deslocaram-se, alguns
para mais de 400km de casa, deixando tudo para trás, para fazer vida de
forma honrada sem pedir nada a ninguém. Sem pedir nada a ninguém, sabes o que isso é?
Os parasitas vivem num estatuto aprovado há mais de dois anos e regem-se pelo estatuto antigo, não conseguem passar um fim-de-semana inteiro com a família, esperam 12 anos por uma promoção (única na carreira de 36 anos) e se quiserem algo mais, concorrem 1300 para 50 vagas.
Aqueles que insultaste, têm família, trabalham duro, são esforçados e honrados e são só os montes de merda como tu que colocam isso em causa!
Não! Definitivamente não! Estes mesmos Homens e Mulheres apoiam os idosos que alguém como tu abandonou ao consumo do esquecimento, levam-lhes as compras, mudam-lhes a garrafa do gás e dão-lhes a medicação, apenas em troca de um olhar grato, que justifica tudo.
Tu apareces quando tudo acaba, para vir buscar o ouro e ficar com as chaves de casa.
E nós é que somos os chulos!
Aqueles que olhas com desprezo sabem um pouco de tudo, são Padres, Juízes, Médicos, Socorristas, Bombeiros, Rambos, Psicólogos, Professores, Mecânicos, e se somares isto tudo e mais qualquer coisa tens um Polícia.
Quando é que vais perceber que só podes falar em liberdade, porque nós existimos?
Quando é que vais entender que tipos como tu são a razão da minha existência, enquanto profissional?
Se nós não existíssemos, ias à praia? Ao futebol? Jantar fora? Deixavas os teus filhos ir à escola?
Quer-me parecer que não.
Será que não entendes que, ao insultares-me, estás a insultar aquilo que és, um homem livre?
Tudo isto funciona com o combustível que, com certeza, encontrarás em abundância num qualquer Homem ou Mulher de farda:
Abnegação, Generosidade, Espírito de Sacrifício e Altruísmo.
'Googla' estas palavras e saberás a definição, e bom seria que aprendesses o conceito.
Já hasteei a minha Bandeira à chuva, já a arreei ao som do clarim, já representei a minha Mui Nobre Nação e já chorei a cantar: A Portuguesa!
Caso não saibas, é o título do nosso hino. Conheço muitos Homens e Mulheres que cozeram a nossa Bandeira no braço, e que fazem de ti uma cabeça de alfinete num mundo de cabeçudos.
A minha farda é rica em sangue, suor e lágrimas, a minha e a de tipos como tu que, quando precisam, ao ver-me, encontram refúgio e protecção.
Olha, o meu Pai nunca me deu um carro, nem me pagou a Universidade, mas em contrapartida deu-me coisas sem preço, entre elas o valor de um Não, da Educação, da Humildade e do Espírito
de Luta.
EU, SOU POLÍCIA, ORGULHOSAMENTE!
E TU, O QUE É QUE TU JÁ FIZESTE PELO TEU PAÍS?
(Texto a circular na Internet, de autor desconhecido)
(Sugestão de Valdemar Pereira)
Bom texto. É preciso ouvir, perceber para se poder comungar com o outro lado da barricada...
ResponderEliminarTrata-se de um verdadeiro profissional que se orgulha de o ser.
Abraços
Gente que merece respeito e consideração pelo que faz em pol da paz. No meu tempo bastava dizer "policia" para que (geralmente) se acalmassem.
ResponderEliminarNunca esqueci episodios vividos na ilha-irmã de Santo Antão, mais precisamente na Fajã de Janela, onde qualquer nomeado "cabo-chefe" ou simples "agente" dava voz de prisão a um delinquente. Qualquer brutamonte que prevaricasse era conduzido até Paul por um agente que levava um lenço vermelho no braço e uma espada com mais de cem anos.
Agora são os assassinos que têm as armas mais sofisticadas.