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sexta-feira, 22 de abril de 2016

[9148] - O HOMO OBESUS...


Julga-se que um terço da população do chamado mundo civilizado sofre de obesidade e, a meu ver, a culpa foi da descoberta do fogo pelos homens das cavernas...
Quando, pela primeira vez, um troglodita se lembrou de passar pelo fogo uma peça de javali previamente salpicada com uma mão cheia daquela sal-gema recentemente posta a descoberto por um terramoto, lá nos fundos da caverna, estavam a ser inventados dois ícones do mundo moderno: o churrasco e a hipertensão... 
E os humanos - ou para-humanos - viram a sua dieta brutalmente alterada, das raízes, bagas, frutos e carnes cruas para os grelhados, para os cozidos, para os assados, para os guisados, tudo, cada vez mais condimentado, mais salgado, mais apetecível e, então, a malta que, até então comia para viver, passou a viver para comer iniciando, também, o seu processo imparável de aumento volumétrico com a inevitável proliferação de doenças mais ou menos suportáveis, mais ou menos fatais... E, então, foram inventados os feiticeiros, os curandeiros, e charlatães afins, antepassados venerados dos médicos mas que, ao que se sabe, parece que matavam menos...E, como se prova, nem uns nem outros conseguiram manter a humanidade a comer decentemente...
É que, comer bem (!), é hoje um acto social de importância quase transcendente e a nível familiar, nacional, internacional, institucional ou não, tudo se comemora à volta de uma mesa, onde se come e se bebe à tripa forra... Depois, já em casa, descalços e em cuecas, é vê-los e vê-las a engolirem compensans e borbulhantes sais-de-frutos para atrasar a azia e acelerar a digestão o que, no entanto, não evita outra noite horrível às voltas na cama e  o acordar com os olhos remelosos e a boca com aquele gosto pastoso a papeis de música, apesar dos alka-seltzer!
Não sei o que será mais perigoso para o mundo civilizado: se o terrorismo, se a obesidade mórbida... Como seria bom o regresso a um mundo de paz e de frugalidade, sem medos nem ventres gigantescos, em que cada um  respeitasse o outro e a si próprio, livremente!

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