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quinta-feira, 28 de abril de 2016

[9169] - MONTE TCHOTA - A DENUNCIA! ...

Um oficial superior a quem, por razões ponderosas respeitamos o anonimato, a nosso pedido, respondeu à seguinte questão: “Como é possível que um destacamento militar tenha sido dizimado e as FA não sabiam de nada?”. Começou por dizer que isso que aconteceu, “porque o nível operativo das Forças Armadas está em decadência há vários anos e agora bateu no fundo”.

Diz que nenhuma estrutura de comando teve conhecimento porque foi desactivado o serviço de Guarda Operativo. Um serviço que era coordenando por um oficial superior que tinha como funções “o contacto e ligações com todos os destacamentos e regiões militares, isso durante 24 horas para avaliar a situação operativa”. E não havendo essa coordenação, diz que não há razão para espanto que “as estruturas de comando não tenham sabido de nada”. Conclui dizendo que “é uma situação grave, mas as guarnições dos destacamentos sabem que estão abandonadas”.

Em relação ao destacamento de Monte Tchota, a fonte que vimos a citar esclarece que “a rendição é feita de 15 em dias 15. E até lá, eles estão entregues à sua sorte. E a prova é que o contingente foi dizimado e as FA ficaram a saber pela comunicação social 24 horas depois”. Assegura que no mínimo, no espaço de 24 não houve contacto exterior com a guarnição”. No seu entender, isso é prova “da baixa operacionalidade das Forças Armadas que no espaço de 24 horas não sabe nada sobre o que se passa num dos principais destacamentos”.

Más condições no destacamento: fome nos quartéis

Os soldados operam “em condições péssimas no destacamento de Monte Tchota”, garante este oficial superior sob anonimato. Ficámos a saber que o destacamento é composto por:
1 Cozinheiro, 1 sargento, 1 cabo e seis soldados que são rendidos de 15 em 15 dias.

A comida é confeccionada no destacamento o que não garante a qualidade mínima exigida. Refere que muitas vezes os mantimentos terminam e os militares são obrigados a irem pedir comida aos moradores de Rui Vaz. Mas existem denúncias que se passa fome nalguns destacamentos. Este online sabe que um sargento-mor, num encontro com o Chefe de Estado-maior, disse que “havia fome nos quartéis”. A única consequência desta denúncia foi a transferência do denunciante.

A fonte considera que o isolamento do local é “outra condicionante que piora as condições de serviço no posto”. Lembra que se trata de jovens que estando longe das famílias e sem forma de contactar, às vezes não suportam esse isolamento o que provoca consequências na sua estrutura psíquica.

E para piorar, diz que fazem o serviço 24 horas sobre 24 horas. No local existem dois postos de vigia e cada um com uma sentinela que é rendida de duas em duas horas. O que este militar de patente superior considera ser exagerado nas condições em que a guarnição opera. Mas diz que essa situação se estende a outros destacamentos, por isso, afirma que “os soldados foram transformados em máquinas de serviço de segurança”.

O NN tentou, via telefone, contactar o gabinete do Chefe de Estado Maior das FA para saber a sua versão sobre os factos aqui divulgados, mas não tivemos retorno. (in Noticias do Norte)

2 comentários:

  1. Qualquer militar profissional tem de estranhar esta ocorrência. Como é possível não existir um posto de rádio para ligação entre o destacamento e a sua sede? Como é possível que, à falta de meio de ligação, absolutamente imprescindível naquele tipo de missão (guarda de importantes antenas de telecomunições), não haja ao menos uma ronda militar diária ao local?
    Fome nos quartéis? Mas para que é que querem ter forças militares? Não seria preferível reforçar as forças de segurança e extinguir uma tropa que não faz qualquer sentido no arquipélago?

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  2. Isto, infelizmente - com muito pesar pelas vítimas e suas famílias - só prova o estado de lastimosa desorganização por que passam as nossas forças militares e de segurança. Uma desorganização nada abonatória. Comungo com Adriano a opinião de que seria muito melhor termos forças de segurança do que possuir uma tropa que acaba por não corresponder à realidade do País. Faço votos que com esta mudança governativa, venha também alguma mudança de paradigma, no que respeita a este magno assunto.
    Abraços

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