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terça-feira, 21 de junho de 2016

[9357] - ARTE, APENAS...



Fotos de Paula Azevedo Simão
Este "passarão" enxertado em chifre de bovino e cabeça de águia quase imperial é, a meu ver, um exemplo de que, com um par de cornos se pode fazer arte...

Tenho este exemplar (único) há mais de 50 anos, oferta do artesão Mestre Pulú - Clarimundo Faria de Andrade - que foi casado com a Tia Fernanda, segunda mãe de minha mulher, tudo, gente de Dja'Braba!
Pulú foi o "self-made man" mais completo que alguma vez conheci em áreas que íam da mecânica automóvel à construção naval, da marcenaria à construção civil, do artesanato ao fabrico de cachimbos, da panificação à serralharia...
Esta ideia de "mostrar" o meu passarão, vem de uma observação que, dias atrás, o Valdemar fazia àcerca da pobreza do panorama do artesanato cabo-verdiano, recordando o tempo em que proliferavam os "navizins" feitos de chifre, os artefactos de casca de côco, tudo em abundância, numa era em que os turistas se contavam pelos dedos da mão...
Hoje, vende-se pelas ruas do país artesanato do Senegal, da Nigéria e sei lá de onde, pois, segundo esses vendedores da costa africana, não há artesanato local...Porque?!
Haja quem se inspire na arte de Mestre Pulú e, pelo menos, voltem a fazer "navizins" de chifre de vaca e bules de chá de casca de côco pois estamos certos que "artistas" não faltam e a matéria prima não é difícil de obter... Bastará, talvez, um pequeno incentivo por parte do poder instituído pois, quer se queira, quer não,  artesanato é cultura e Cabo Verde até tem um Ministro para tal pelouro!

zito azevedo
21.06.2016

2 comentários:

  1. Em primeiro lugar, o meu aplauso ao artista desta bela peça, o mestre Pulú.
    Há, na verdade, um campo a explorar em matéria de artesanato e tem de haver incentivo.

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  2. Citei este tipo de artesanato aqui, hà pouco tempo, quando se inseriu algo relacionado com o novo Ministro da Cultura. Quero acrescentar que esta arte é antiga mas honra ao mestre Pulu que a reabilitou de forma a entrar nos salões e exportar.
    Todavia, não esqueçamos os pioneiros que, sem qualquer preparação, "descobriram" a matéria prima. O trabalho era tão primitivo que nem se conseguia retirar totalmente o cheiro nauseabundo de cadàver. Mesmo assim os estrangeiros compravam esse tipo de artesanato.
    Havia o mesmo interesse pela sepentinha e pelo côco mas... era dias-hà na munde !!!

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