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sábado, 9 de julho de 2016

[9423] - NOVE DE JULHO DE UM TEMPO SEM FIM...


                           
O dia de hoje surge luminoso como uma abóboda transparente em cujas paredes coam os pequenos nadas das nossas certeza.
Chame-se pássaro o pensamento que galga distâncias infinitas ou luz o frémito de emoção que humedece o espelho da  alma, a verdade é que ambos, pássaro e luz, tecem a palavra que lavra o esplendor deste dia de Julho.
A festa explode antes mesmo de a claridade inundar o dia e sem esperar que os deuses acordem do seu sonho sobre o mundo. 
E então já não terei de descrever a alegoria da vida em meia dúzia de palavras frágeis que bailam como pena de ave e vão com o vento.  
Mas ninguém me impede de acreditar que o centro do tempo está em cada um de nós e nele habitamos e saciamos a sede em múltiplas  nascentes de um espaço puro e cristalino.
É onde nascemos e renascemos, e basta o sopro dum breve instante cósmico para inspirar o que é uno, indivisível e gerador do ente.
Lá ou cá representamos a mesma substância imperecível forjada pela nervura do astro e adoçada no núcleo da rosa. Lá ou cá a mesma  pulsação reluz no trânsito entre espaços concêntricos.
Tudo é eterno se mantivermos aceso o facho da memória e alimentarmos o fogo crepitante do coração.  
                                                                                                             Tomar, 9 de Julho de 2016
 Adriano Miranda Lima



7 comentários:

  1. Segundo o autor, este texto pretende assinalar a data natal de um ente querido já desaparecido...Se o propósito é louvável, sinto-me a indagar em que outra lingua deste universo tão plural esta oração teria a mesma profundidade dramática, o mesmo impacto emocional, a mesma beleza estética...Ó língua, ó pátria, ó lusitana saudade!
    Abraço emocionado
    Zito

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  2. Obrigado pelas suas amigas palavras, Zito. Esta oração é, pois, pela minha mãe, falecida no ano passado.

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  3. ...

    A prosa é emocionante de elegante valor
    de um filho amante demonstrando o amor.
    Cidadão que honra a terra onde nasceu
    Sua nobreza ajudou a chegar ao apogeu

    ...

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    Respostas
    1. Glorificamos o amor atravez do poema
      mas grande é a prosa conforme o tema.
      Se poesia é manifestação de ciência
      uma prosa à nossa Mãe é excelência.

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  4. líndissimo, todos sabemos que o Adriano tem um dom para a escrita.

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  5. Adriano, também acredito que o "centro do tempo está dentro de cada um de nós" e o conservaremos assim, desde que mantenhamos bem vivos e alimentados a "memória e o coração." Texto lindo e feito como se de uma janela, o narrador observasse os entes que ama.

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  6. Adriano, também acredito que o "centro do tempo está dentro de cada um de nós" e o conservaremos assim, desde que mantenhamos bem vivos e alimentados a "memória e o coração." Texto lindo e feito como se de uma janela, o narrador observasse os entes que ama.

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