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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

[9626] - A PÁGINA NEGRA (2) ...

RECOMENDAMOS A LEITURA PRÉVIA DO POST Nº 9622...


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Incidentes em Agosto de 1981 em S. Antão no Processo de Reforma Agrária em Cabo Verde ou como um Partido arraja Sarna para se Coçar toda Vida.

É irónico que esta pesada herança da Reforma Agrária caia exclusivamente no colo do PAICV, partido herdeiro do PAIGC, que resultou numa mudança cosmética de nome com o golpe de Estado de Nino Vieira na Guiné Bissau em 1980, e que se saldou no fim do Utópico processo de Unidade Guiné Cabo Verde, contestado nas duas nações recém criadas. É preciso recordar que o MPD nasce de uma costela do PAIGC, de resto a maior parte dos seus membros actuais só abandoram o PAICV em vésperas da grande derrota do PAICV nas eleições de 1992, enquanto muitos cidadãos livres e apartidários davam o litro na oposição,em Cabo Verde e na Diáspora, contestanto abertamente ou clandestinamente o regime de Partido Único, havendo mesmo um verdadeiro partido radicalmente oposto ao PAIGC, a UCID (um partido que nunca conseguiu alacançar o poder), que, na década de 80, causava suores frias ao PAIGC, tanto em Cabo Verde como na Diáspora. Todo o busílis da problemática do regime de Partido Único reside neste paradoxo.
Leiam este excelente trabalho jornalístico no Notícias do Norte sobre os incidentes da lei da Reforma Agrária de 1980, esta Reforma muito ideológica, quando ela deveria ser algo técnico, inspirado nos métodos israelitas para travar a progressão inexorável das secas, solucionar o problema da falta das chuvas, assim como os problemas no campo em Cabo Verde. Na realidade correspondeu a um autêntico Tiro de Pólvora Seca Revolucionária do PAIGC ou melhor, o seu maior Tiro no Pé em Cabo Verde, redundando num Bluff Político. Neste dia O PAIGC/CV divorciou-se irremediavelmente do povo santantonense e os caboverdianos começaram a ver com olhos diferentes este partido que se auto-proclamava de libertador. Com todos sabiam a muita católica ilha de S. Antão era desde 1974 a pedra no sapato do PAIGC pela resistência que as populações desta ilha manifestaram em relação às mudanças no período de 1974-1975, uma reacção um pouco similar ao que acontecera no Norte de Portugal em relação à progressão das ideias de esquerda. Bastava um rastilho para incendiar tudo. E foi o que aconteceu com uma Reforma mal estuda e enquadrada e num processo mal conduzido.
Vou tentar proximamente apresentar um ponto de vista sobre este processo numa perspectiva global da época em questão. Todavia parece-me muito fácil individualizar a questão pela sua complexidade e o número de actores e autores. José F. Lopes

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