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sábado, 5 de novembro de 2016

[9878] - MEMÓRIAS DE MINDELO...

Foto Clube Matiota

HISTÓRIAS DO MINDELO (by Rocca Veracruz).

MINDELO D'UM VEZ
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Antes de mais desejo homenagear a luta dos nossos antepassados conterrâneos graças a quem S.Vicente vem lutando com bravura e sobrevivendo embora com dificuldades, até hoje.
Denominada Aldeia de Nossa Senhora da Luz, depois D. Rodrigo, mais tarde Povoação Dona Leopoldina e, finalmente, em 1838, Mindelo, o povoameto desta cidade parece ter começado na zona de Craca para fugir a eventuais investidas do mar e como posição de defesa contra  piratas. 
Com o passar do tempo a cidade foi evoluindo e talvez seja do conhecimento de poucos que onde hoje se encontra o Cine Eden Park, foi um lindo jardim denominado Dona Angélica, senhora querida pelos mindelenses por ser muito bondosa, esposa do Goveranador Serpa Pinto.
Onde é hoje a CVTelecom era uma grande propriedade privada, cheia de poços e chamado 'Fonte Nova'.
O 1º Liceu de Cabo-Verde e o mais antigo das ex-colonias portuguesas (Liceu Infante D. Henrique e mais tarde Gil Eanes), alberga hoje o Centro Nacional de Artesanato. Segundo consta, perante respostas negativas de Lisboa, o Senador Vera-Cruz disponibilizou a sua própria residência, ficando o problema do Liceu resolvido. O mesmo foi inaugurado em 1917.
Nhô Filipe (João Do Carmo, Adilson Graça Jesus) era um natural de Santiago que ganhou gosto por Mindelo, arranjou uma companheira, comprou uma terrinha, fez a sua casa, abriu um poço e plantou uma hortinha. Vendia hortaliças e agua e a zona ficou com o nome de Fonte Filipe por ter sido Nhô Filipe, o pioneiro na área.
Quanto à Fonte Francês, o nome foi posto em homenagem ao Cônsul Francês,  Mr Cien, que lá morou, numa bela propriedade.
Onde hoje está instalado o Mercado Municipal era, antigamente, uma bela horta com um poço de água doce. A área era toda cercada. A propriedade pertencia a um Padre - Sebastião, pai de nha Isabel - que a vendeu ao Governo que a transformou numa espécie de praça publica, denominada, Largo de Albuquerque. Em 1874 (encontrei dados contraditórios em diversos documentos) iniciou-se a construção do actual Plurim.

RIBEIRA BOTE.

Na zona da Ribeira Bote, arredores da cidade do Mindelo, também denominada, Zona Libertada, havia um mini-estaleiro onde hábeis carpinteiros e mestres construíam botes e pequenos barcos de madeira que faziam as carreiras inter-ilhas. Entre os barcos mais famosos, encontramos diversas vezes os nomes de 'Pomba' e de  'Mensageiro'. Devido à distancia entre a Ribeira Bote e o mar, quando se lançavam os barcos havia que os assentar com cuidado em roletes de ferro maciço e os apoiar em escoras de madeira (à medida que as pessoas iam puxando os barcos com cabos fortes, simultaneamente, as escoras tinham de ser recolocadas para se manter o equilíbrio).Era um processo difícil e moroso e só quando os barcos eram postos a flutuar é que eram colocados os mastros, as cabines e dados os últimos retoques até se iniciar a navegação a sério.
Pelo esse motivo  o povo ficou a chamar ao sítio RIBEIRA BOTE e o nome ficou, até hoje.

O INICIO DO ABASTECIMENTO DE AGUA.

A cidade (ilha), por volta de 1890 tinha perto de 4.000 habitantes (!) que eram abastecidos de agua potável pelos 35 poços (13 deles públicos e 22 privados), o que era manifestamente insuficiente, tanto mais que desses poços só 12 forneciam agua que se podia beber ( a água dos outros poços era utilizada para cozer alimentos, higiene,, etc).
Perante a situação, surgiu um grupo de cidadãos, liderados pelo Sr Manuel Madeira (homem da Ilha da Madeira e fundador da secular empresa mindelense com o seu nome) interessados em resolver o assunto. Assim, Manuel Madeira propôs aos companheiros a fundação de uma empresa com a finalidade de trazer e comercializar as aguas do Madeiral, que fica a cerca de 10 km da cidade. Esta empreitada foi considerada 'louca' pelos companheiros, extremamente dispendiosa e praticamente inexequivel.
Madeira, no entanto, com o seu espírito combativo foi à luta e depois de dois anos das fundações , colocação da tubagem e outros trabalhos , terminou a sua obra para espanto e alegria de todos.
Assim, no célebre dia 27 de Maio de 1886, com grande pompa e muita festa, chegavam à Cidade do Mindelo as aguas do Madeiral, que ficavam armazenadas em grandes reservatórios no belo edificio do Madeiral. O fornecimento era feito em latas (20 litros /20 centavos) e o controlo executado por empregadas da firma. (in Clube Matiota - FaceBook)
  
CONTINUA

2 comentários:

  1. Isto é o começo de uma série de apontamentos que merecem atenção antes de serem arquivados pois contêm elementos não repertoriados de forma a serem consultados frequentemente.
    Felicitações e agradecimentos ao patricio que nos os disponibiliza.

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  2. São apontamentos de interesse, com informações de utilidade sobre o Mindelo dos primeiros tempos.

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