Páginas

terça-feira, 28 de março de 2017

[10023] - CENTENÁRIO

A NOTÍCIA QUE ZITO AZEVEDO FARIA QUESTÃO DE DAR!
Comemora-se este ano o Centenário da criação, em S. Vicente, do Liceu Nacional de Cabo Verde, inaugurado a 19 de Novembro de 1917.
Com a fundação do Liceu em Mindelo, iniciou-se uma importante etapa do desenvolvimento cultural, não só da ilha como também de toda a colónia, com impacto decisivo na consciencialização identitária e na transformação da sociedade cabo-verdiana.
A criação do Liceu deveu-se em grande parte à luta desenvolvida pelas elites cabo-verdianas imbuídas dos novos ideais republicanos e progressistas do início do século XX no sentido de elevar o nível cultural do povo. Ela representou uma conquista importante para os que, conscientes da exiguidade dos recursos naturais para assegurar a sobrevivência das populações, como atestavam as terríveis fomes que ciclicamente dizimavam a população, viam na valorização do homem cabo-verdiano a melhor aposta para enfrentar as adversidades da Natureza e da História.
Nessa luta destacaram-se figuras ilustres da história cabo-verdiana, designadamente Eugénio Tavares, Pedro Cardoso, Luís Loff Vasconcelos e Augusto Vera-Cruz. Este último, enquanto senador eleito para representar a Colónia em Lisboa, foi sem dúvida quem mais pugnou para que se abrisse uma escola secundária em Cabo Verde. Não só os seus esforços culminaram com a decisão de se criar o Liceu Nacional em S. Vicente em 1917, como cedeu a sua própria residência – o actual Centro Nacional de Artesanato - para nele funcionar esse estabelecimento de ensino.
A história do Liceu em S. Vicente não é apenas a de um mero estabelecimento de ensino secundário. Tendo sido, desde a sua fundação até 1960, o único liceu existente em Cabo Verde, a sua existência explica, em grande parte, a notável actividade cultural que caracteriza a vida da cidade do Mindelo, assim como o ambiente propício ao nascimento e intercâmbio de novas ideias com vista ao desenvolvimento social.
Inicialmente denominado Infante D. Henrique, depois, Gil Eanes, e, a partir de 1975, Ludgero Lima, o Liceu abriu caminho a uma intensa actividade intelectual espelhada não só no surgimento de movimentos literários protagonizados por personalidades que de uma maneira ou de outra se encontravam ligadas a esse estabelecimento de ensino, como também por variada actividade cultural, desportiva e cívica envolvendo professores e estudantes dessa instituição de ensino.
Várias iniciativas e acontecimentos com origem no liceu tiveram repercussão importante na vida nacional. Pelo Liceu, com as suas diferentes denominações, transitaram gerações de cabo-verdianos que moldaram a configuração do Cabo Verde de hoje, seja a geração dos claridosos, seja a geração que abraçou e promoveu o ideário da independência nacional ou, mais recentemente, a dos jovens estudantes da primeira metade da década de 70, que contribuíram de maneira decisiva para o triunfo do ideal independentista e a consolidação do jovem Estado de Cabo Verde.
Para assinalar o centenário do Liceu de São Vicente e lembrar o legado que a sua existência representa para a Nação cabo-verdiana, um grupo de antigos alunos decidiu organizar um programa de celebrações que pretende incluir um colóquio internacional, exposições, entrevistas e programas radiofónicos e televisivos, assim como estimular actividades diversas (culturais e desportivas) nos estabelecimentos de ensino secundário e universitário que hoje continuam o esforço iniciado em 1917 no sentido da valorização integral da mulher e do homem cabo-verdianos.
Brevemente será apresentado o programa definitivo das comemorações para as quais desde já solicitamos os necessários apoios e a colaboração das entidades oficiais, privadas, estabelecimentos de ensino secundário de São Vicente, actuais e ex-alunos e professores e da sociedade civil mindelense em geral.
A Comissão Organizadora

8 comentários:

  1. Isto é mesmo notícia que teria agradado ao nosso saudoso Zito, que para além de outros sofrimentos, ressentiu muito estes últimos anos da sua vida, ao ver a situação pouco dignificante em que se encontra S. Vicente.

    ResponderEliminar
  2. É um centenário que tinha de ser comemorado e esperemos que o seja condignamente.

    ResponderEliminar
  3. Bom vento aos corajosos que pretendem comemorar este Centenàrio.

    ResponderEliminar
  4. Todos os assuntos relacionados com o "velho" Gil Eanes, apaixonavam o meu pai, o que aliás ficou demonstrado pelas múltiplas incursões do AcA no tema. Onde estiver, estará com certeza a rejubilar-se!!!

    ResponderEliminar
  5. Salvo melhor opinião, existe um erro nos nomes dos Liceus:
    1- Infante D. Infante D. Henrique (Praça Nova)
    2- Gil Eanes ( antigo edifício dos CTT adaptado)1974 / Jorge Barbosa
    3- Novo Liceu : Adriano Moreia / 1975 -Ludgero Lima ...
    ----

    O que interessa é que o comemoremos com o merecido entusiasmo e camaradagem!
    ...
    Nota curiosa: Ao tempo as mais ilustres individualidades pugnavam pela edificação do Liceu em Santo Antão, outros por Nicolau :- Diziam ser S. Vicente "folgazona demais"! (artigo na Vos de Cabo Verde)

    ResponderEliminar
  6. Como diz o título, esta seria uma notícia que o meu pai faria questão de dar e acompanhar, tendo sido ele uns dos meninos do liceu. Até eu cheguei a ser... :)
    Um beijinho

    ResponderEliminar
  7. Um grande liceu, com grandes alunos e grandes professores. Tudo em grande, como deve ser este centenário.

    Braça gileanista,
    Djack

    ResponderEliminar