Os primeiros Radiotelegrafistas em
Cabo Verde
Durante a II Guerra Mundial
Introdução:
Se a II guerra mundial não chegou a ultrapassar o fundeadouro
do porto de Sal-Rei da ilha da Boa Vista, onde um ou outro vaso de guerra
alemão, italiano ou inglês terá fundeado ao largo da ilha em observações
provocatórias, no que se refere à ilha de São Vicente a coisa atingiu volumes
expressivos.
E nem é de estanhar que tenha sido assim. A posse da baía do
Porto Grande devia ser uma tentação para qualquer chefe militar conhecedor do
mundo.
Dizem que é tão profunda e limpa de recifes, que por diversas
vezes, submarinos alemães e ingleses conseguiram iludir os canhões de Monte
Branco e João Ribeiro, penetrando na enseada e emergindo dentro dela, sem que
os defensores tivessem coragem para as atacar.
Estes episódios frequentes alertaram as autoridades
portuguesas que sentiram a necessidade de defender não só a baía do Porto
Grande, mas também o próprio arquipélago de Cabo Verde.
Apesar do governo das ilhas estar oficialmente instalado na
cidade da Praia (ilha de Santiago), a cidade do Mindelo (ilha de S. Vicente) é
o centro nevrálgico do arquipélago que é preciso defender a todo o custo.
Face a este perigo as autoridades portuguesas fizeram
instalar nas ilhas um vasto reforço militar constituído por um corpo de tropas
expedicionárias.
A missão das tropas expedicionárias tinha por base a previsão
de que a acção de um possível inimigo fosse inicialmente exercida por meios
navais e aéreos, seguidos de uma ou mais tentativas de desembarque de forças
terrestres. Competia às tropas estacionadas nas ilhas, defender a integridade
do território contra essas forças estrangeiras, beligerantes ou não.
O conceito de defesa da ilha de S. Vicente consistia
essencialmente numa sólida ocupação e, em caso de emergência, manter a todo o
custo a posse das regiões de Monte Branco, João Ribeiro, cidade do Mindelo e do
de amarração do cabo telegráfico submarino “Italcable”
“Italcable (servizi
cablografici radiotelegrafia e radioelettrici SpA) era uma empresa
inglesa/italiana que operava diversos cabos submarinos transatlânticos, que
ligavam cidades da costa sul da Europa às Américas e que foram cortadas ou
quebradas durante a II Guerra Mundial, excepto Mindelo”
A defesa da ilha do Sal consistia na defesa do seu aeródromo.
A defesa a ilha de Santo Antão consistia em defender as suas
reservas de água potável que abasteciam a ilha de S. Vicente ali em frente.
O corpo de tropas expedicionárias era inicialmente
constituído por várias unidades de Infantaria, agrupadas sob o comando do
Regimento de Engenharia 2 de entre outras.
TCor ManTm António M. Viegas de Carvalho
A seguir: Mobilização e
embarque.
Pesquiza - A,Mendes
Zito, este assunto remete-nos para o que o Praia de Bote publicou há cerca de um ano sobre as Tropas Expedicionárias, e com algum pormenor descritivo. Mas vê-se que o objectivo aqui se prende com a missão específica do serviço de comunicações (telegrafistas). Mas tenho de dizer que está incorrecta esta afirmação: "O corpo de tropas expedicionárias era inicialmente constituído por várias unidades de Infantaria, agrupadas sob o comando do Regimento de Engenharia 2 de entre outras". A afirmação é incorrecta e até absurda. Primeiro, porque unidades de infantaria não podem ser agupadas sob o comando de Engenharia. Segundo, porque as forças de engenharia não foram de escalão regimento, mas de companhia. Estou em Lisboa mas logo que chegar a casa darei mais pormenores confirmadores sobre as tropas de engenharia presentes na altura em S. Vicente. De todo o modo, fica desde já esclarecido que as tropas expedicionários foram comandadas por uma estrutura de comando à frente da qual estava um brigadeiro, que não era de engenharia.
ResponderEliminarDificilmente se desconfiaria dos escritos de um Tenente-Coronel, seja ele de que arma for...
ResponderEliminarMas, meu amigo, estamos aqui para repor a verdade e ficamos a aguardar os seus preciosos esclarecimentos, nós e os que eventualmente tenham ou venham a ler este post. A gerencia e colaborador A.Mendes, agradecem, desde já...
Abraço...
Devido à sua configuração S. Vicente é um ponto estratégico no 'teatro' caboverdiano, militar e mesmo num conceito mais abrangente. A sua defesa e preservação é crucial para a preservação do conceito de Cabo Verde. Isto é um dado estratégico e político de mais de cem anos. E tem que ser mantido sem o qual cabo Verde afundar-se-á no 'mar'.
ResponderEliminarADENDA AO 1º. CAPITULO - (Introdução)
ResponderEliminarPeço desculpa pelo erro na transcrição.
Deve ler-se:
..." O CORPO DE TROPAS EXPEDICIONÁRIAS ERA INICIALMENTE COMPOSTO POR VÁRIAS UNIDADES DE INFANTARIA, AGRUPADAS SOB O COMANDO DO REGIMENTO DE INFANTARIA 23, ARTILHARIA DE COSTA E DE CONTRA AERONAVES E DA 2ª. COMPANHIA DE SAPADORES MINEIROS DO REGIMENTO DE ENGENHARIA 2, DE ENTRE OUTRAS..."
OBS: - Em 1 de Março de 1940 o Regimento de Sapadores Mineiros dá origem ao Regimento de Engenharia 2 .
Um pergunta:
ResponderEliminarAquela "sebida" e descida" que ia do Comando Militar até á lajinha, que nós chamávamos o 23, terá a alguma coisa a ver com o Regimento 23?
Amigo Amendes, só agora pude regressar aos comentários porque houve um malware a importunar a minha intervenção. A correcção que fez a respeito da constituição das forças repôs a verdade. Já tinha desconfiado que ter sido apenas um lapso. Quanto ao chamado Regimento de Infantaria 23, não havia uma unidade agrupada ou organicamente integrada com essa designação. Como 3 ou mais batalhões compõem um regimento, apenas houve intenção de criar uma estrutura de comando para enquadrar os batalhões de origem diferente que foram destacados para Cabo Verde. Deu-se-lhe o nome de RI 23. E acima desse comando de regimento havia um comando hierarquicamente superior (à frente do qual estava o brigadeiro Nogueira Soares), já que além de unidades de infantaria havia unidades de artilharia, engenharia e vários serviços.
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