Já intervim algumas vezes, como
elemento da sociedade civil integrado num movimento
para a descentralização e regionalização de Cabo Verde, na discussão da
necessidade do estudo da descentralização/regionalização como estratégia
governativa, sugerindo ao Governo, há mais de dois anos, a constituição de uma
comissão pluridisciplinar e multisectorial para o efeito, não tendo obtido
resposta oficial durante muito tempo, lapso de tempo que fomos – alguns da
diáspora e outros residentes - aproveitando para estudar o assunto e até
apresentar propostas. O silêncio governativo levou-me a dar o título, ao meu
penúltimo livro, de Ês ca ta cdi!,
sendo ês, os governantes.
Estranhámos esse silêncio, dado
que, já no século XVIII, alguém que ideologicamente os nossos governantes
conhecem, Alexis de Tocqueville, dizia que “o poder local é a escola primária
da democracia”. Segundo este pensador, “só o envolvimento significativo dos
cidadãos na vida local e regional levaria à criação da massa crítica de
participação. A partir daqui, alguns se dedicariam às causas políticas
(governativas, de gestão) em outras dimensões, nomeadamente a nível nacional”.
Entre nós, o poder político centralizado tem inibido, e bastas vezes emperrado
mesmo, a participação dos cidadãos. Essa a razão e justificação para a defesa
do estudo da descentralização e regionalização do poder por que nos temos
batido, a fim de dispersar alguns poderes alapados aos ministérios na Praia.
Vá lá que o Primeiro-Ministro
finalmente se decidiu a vir à liça, parecendo admitir o interesse do estudo da
questão, propondo um seminário (ou coisa que o valha) para o estudo da
descentralização e da regionalização do poder, embora muito limitadamente e
controladas estritamente pelo poder central, o que, convenhamos, limitada à desconcentração
e governadores civis alvitrados, assemelha-se mais a travestis da
descentralização e regionalização, por não adiantar nada; seria como virar o
disco para tocar o mesmo fado. A vera descentralização/regionalização que a
sociedade civil defende implica crédito na emancipação dos cidadãos para
gerirem os seus destinos e, forçosamente, revisão Constitucional e reforma
profunda da Administração Pública, que, de resto, já devia ter sido feita há
mais tempo.
O seminário que se propõe deverá
incluir todos os elementos da sociedade civil que lançaram o repto e vem
estudando e apresentando propostas, além dos elementos do governo, forças vivas
do país e da diáspora implicados na matéria e até, se houver consenso, de
elementos de um ou outro país onde a regionalização esteja aplicada.
Arsénio de Pina
Nota da Gerência - É com imenso prazer que recebemos hoje, nas nossos despretenciosas páginas, o amigo Arsénio, um homem que estuda as coisas e, por isso, sabe do que fala... E, quem ganha somos nós e aqueles que nos dão o prazer das suas visitas... Bem-vindo, Arsénio!
Grande satisfação ver aqui o Arsénio, conterrâneo que conhece a terra onde nasce e se encontra ligado e, ainda, muitas outras por onde passou e adquiriu experiencias em penca que se adaptam à nossa nação.
ResponderEliminarGanhamos imenso com a vinda deste Homem que muito tem para dar a um Cabo Verde Novo que aceite os conhecimentos que adquriu, nomeadamente, ao serviço da UNESCO.
Bem haja !!!
O Arsénio é uma mais-valia cujas palavras e experiencias não devíam caír em saco roto...Infelizmente, há sempre os que, não sendo surdos, não querem ouvir!
EliminarO Arsénio é uma grande mais valia. Uma pessoa de uma grande vivência, de grande conhecimento que deu muito a Cabo Verde. É uma pessoa que consegue fazer as pontes entre as gerações e compreendeu a necessidade de uma maior abertura do sistema caboverdiano para que as gerações vindouras tenham chances. Estou convencido que Arsénio poderá jogar um papel charneira nesta nova transição esperando que ainda contribua muito para Cabo Verde
ResponderEliminarA palavra do Arsénio é forte, precisa, eloquente e significativa, sem precisar de grande verbalização discursiva para acertar em cheio no alvo. É mesmo uma grande valia a experiência do Arsénio e o contributo que não cessa de prestar à resolução dos problemas de Cabo Verde.
ResponderEliminarEu felizmente tive a oportunidade de crescer com o Sr Dr Arsenio de Pina. Mas penso que hoje depois de mais de cinquenta anos o sr dr ja nao se lembra de quem sou. Ele era um Pai para mim. O filho dele o Ermanito e Eu brincavamos como dois irmaoszinhos, e a minha avo Maria Joana Dias, era como a Mae de todos nos. A Dona Silvia a esposa do Dr Arsenio, era uma Sra tao gentil e muito linda. O Sr Dr Ermano o Pai do Dr Arsenio tambem um homem de grande qualidade. Mas depois de tanto tempo so ficaram as baos recordacoes. A minha avo Maria Joana Dias, morreu ha ja muitos anos aqui nos USA. Mas durante a vida dela longe de Cabo Verde, falamos constantemente sobre o Sr Dr Arsenio de Pina, Dona Silvia, Ermanito, e Dr Ermano��
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