Há uns tempos atrás, já aqui havia feito referencia àquilo que considero o primeiro restaurante digno do nome que existiu no Mindelo - Cabo Verde - por iniciativa de meu pai, em sociedade com três italianos ex-tripulantes de um navio torpedeado pelos alemães, no decorrer da II Grande Guerra - 1939/1945...
Esta foto deve datar do ano de de 1946 e mostra muita gente, no dia da inauguração, que o Valdemar, o Adriano e mesmo o Djack devem reconhecer...
O meu pai é dos suspensórios e calça branca e minha mãe descansa o seu braço esquerdo sobre o ombro direito do marido...
Mesmo por baixo da palavra "Café" está o pai do nosso colaborador A.Mendes...
Fico à espera que descubram outros personagens além dos dois putos de calção que, de cócoras, posam (com os cães da casa) e que são, com o é óbvio, meu irmão Tuta e eu próprio!
Pois é, Zito,
ResponderEliminarSe dificilmente chegaria aos teus pais, ao sargento Mendes e outros por a foto ser pequena, posso garantir o autor do cliché, o primeiro de pé de fato cinzento ou o célebre fotografo amador, responsàvel de muitas lembranças (José Vitoria). O terceiro (de preto) e o ultimo (de bigodes) são os irmãos João e José Pereira (sapateiros). O baixinho de branco era conhecido o Manuel (ou Antonio?) Madeirense. Finalmente, o primeiro dos três sentados à frente é cinéfilo Nena da Farmàcia. No entanto não tenho ideia do lugar.
Talvés acertasse em mais algum se o tamanho da foto permitisse.
Terei de ser sincero, como sempre, e dizer que nem as pessoas nem o local reconheço. Tenho uma ideia de que se situava algures na Rua de Lisboa, se bem me lembro de ouvir falar no Atlas (embora não de vê-lo). Mas uma coisa reconheço: esta fotografia é um luxo, não só no aspecto documental como no sentimental. Se fosse minha, isto é, se tivesse a ver comigo, estava emoldurada e bem à vista cá em casa. Não sei se o Djô Martins a tem na sua colecção, mas era de figurar nela, tendo em vista um futuro Museu da Fotografia de São Vicente que nunca mais surge. Um luxo, na verdade!
ResponderEliminarBraça entusiasmada,
Djack
O "Atlas" existiu na Rua de Lisboa, onde hoje é a Farmária do Leão...À direita do pai do Mendes está o Rui Machado e sentado no passeio, ao centro, o Armando Mões Joaquim, sócio-gerente da Droiagria do Leão (Central)...Ao lado da minha mãe, de cócoras em mangas de camisa e atrás deste, os italianos Antonio, Giuseppe e Michele, sócios (?) do meu pai...
ResponderEliminarDe notar que o letreiro que encima a designação Retaurante, era luminoso, concebido pelo meu pai a partir da máquina de um relógio de pêndulo...As letras acendiam em sucessão individual e palavra a palavra, apagavam do mesmo modo e o mecanismo, de corda, dava para quatro horas de funcionamento...Uma verdadeira novidade!
Caro Amigo Adriano
ResponderEliminarMemória boa... d'elefante (salvo seja)!
Uma dica para aumentar /diminuir a(s) imagens:
Pressionar a tecla Ctrl e em simultâneo ir rodando a "rodinha" do rato, consoante queira aumentar ou diminuir a imagem .
Resulta na perfeição.
AMIGO VALDEMAR, queria o Mendes dizer...
EliminarObrigado ao Arroz pela lembrança...
ResponderEliminarMeu Pai de "cara baixo"... sinal de que a foto foi tirada antes do almoço.!
Qué dê as mué?
Ementa: Bacalhau com todos / Massa á bolonhesa. Seria?
Venham mais destas!
Tanto quanto me lembro, massa, havia todos os dias...Eles, os italianos, chamavam-lhe PASTA SCIUTA (para nós, pasta-chuta) e como na altura as batatas não eram boas para fritar, serviam os bifes de vaca com vegetais salteados o que, na época, era uma autêntica heresia!
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ResponderEliminarEsta é realmente uma fotografia preciosa, daquelas que merecem mesmo ser emolduradas, como sugere o Djack. Eu na altura tinha apenas 2 anos, pelo que não identifico ninguém. Apenas teria um pouco mais de obrigação de reconhecer o José Vitória, visto que tenho uma afinidade familiar com ele. Mas só com a ajuda do olho de lince e a memória de elefante do Val foi possível confirmar que é mesmo ele. Mas identifiquei logo o local como pertencendo à rua de Lisboa. Pergunto por que não continuou o restaurante. O negócio não rendeu o que se esperava ou o que lhe sucedeu dava mais garantias?
Não deu, ao que parece, para deixar saudades...O bar tinha um visitante diário, Mr. Windam (?) que não sei se era do telégrafo, do consulado ou da Millers, e que bebia uns tantos Gin&Tonic com bastante gelo e hortelã, enquanto enriquecia o meu conhecimento de palavras inglesas, de tal forma que, quando comecei o inglês do 3º ano eu já tinha um vocabulário que fez o Dr. Rendall Leite abrir a boca de espanto...Creio que este foi o melhor dividendo do "Atlas" pois os sócios transalpinos de meu pai, depois de terem conseguido amealhar algum, abalaram para Roma e deixaram ao meu velho um baú de contas que ele levou anos a saldar...Depois, as elites mindelenses creio que achavam ser "rasca" ir a um restaurante, mesmo na Rua de Lisboa, e dos restantes, poucos eram os que se podíam dar ao luxo de gastar numa refeição o que lhes levada uma semana a ganhar...Foi pena pois meu pai fez um trabalho de muito mérito, com louça e talhares próprios, com o nome do restaurante gravado, toalhas e guardanapos de algodão da melhor qualidade, copos de pé de meio cristal, enfim, coisa refinada para a época, para não falar da óptima garrafeira, do mobiliário fabricado a preceito e que incluía um balcão e bancos altos, em mogno lacado, móvel expositor com uma panóplia de bebidas invejável e, claro, um serviço de profissionais pois dois dos italianos eram criados de mesa e outro cozinheiro...Quando se foram era de todo impossivel, naquele tempo, substitui-los...Creio que não chegou a funcionar dois anos!
EliminarUma história com um final desgraçado mas com um começo bem feliz que esta foto retratou para sempre. Mas o sonho é mesmo assim - nem sempre tem finais felizes.
ResponderEliminarBraça com admiração pelo trabalho (e sonho!...) paterno,
Djack
Não faz tempo que, em casa do Mano Tuta Azevedo, comi num prato ATLAS...
ResponderEliminarRealmente foi pena que não tenha continuado, mas nestas coisas o que manda é a procura.
ResponderEliminarClaro que este foto me provoca uma enorme nostalgia pois sou figurante dela, o primeiro miúdo de cocaras abraçando a saudosa Faisca; estou a lado do meu irmão bloguista. Já lá vão alguns anos, uns setenta e tais. Também não consigo lembrar-me de algumas pessoas mas a maioria já foi identificada estando somente na nossa memória. Foi de facto uma grande proeza na altura o meu saudoso VELHOTE ter aberto aquele BAR RESTAURANTE ATLAS... Era um empreendedor sonhador... Fartaram-se de trabalhar ele e a minha também saudosa VELHOTA . Se bem me lembro havia também um outro colaborador, miúdo de recados chamado MARCELINO. Ainda tenho nos ouvidos uma frequente frase de um dos italianos, quando se exaltava um pouco com o Marcelino, gritando-lhe :
ResponderEliminar-Marchelino, vá comprá banana, vá!!!
Dado o tempo passado, o bom tempo passado, tudo isto me parece ter acontecido noutra vida...
As pessoas, fisicamente já cá não estão, o local está bem longe, já só está na nossa memória, e no coração os vinte e tal anos vividos em S. Vicente, NÔS TERRA
Tuta Azevedo
Mr.. Windam, o inglês mais gordo que até hoje conheci não era funcionário da Western Telegraph C°, nem da Miller , Son's & C°. A história dele é singular e demonstra que nunca sabemos o que nos vai acontecer no dia de amanhã.
ResponderEliminarEsse inglês, que falava o crioulo e gostava da nossa terra tanto como o Djack ou o Zito, merecia lugar de destaque no célebre blog Praia de Bote na medida em que, quando chegou a S.Vicente, era um marinheiro. Estando bastante doente e, impossibilitado de seguir viagem, foi desembarcado para tratamento. Portanto havia o risco de - também - morrer em terra mas não seria cmida de tubarão. (Ah, quis dotor !!!).
Na falta de lugar adequado, a solução que encontraram foi de o entregar a uma senhora, proprietària de uma pensão (única?) onde seria seguido pois, no hospital iria logo para o "dezoito-dôs-oito".
O paciente inglês (embora a dificuldade de diálogo) foi mimado, acarinhada de tal forma que, quando se sentiu salvo, guardou a "enfermeira". Houve casamento, o brithis jurou na bandeira de Soncente e nunca mais saiu do Mindelo. Ficou a trabalhar pela extraordinària loja inglesa (na Rua de Lisboa) conhecida por "Bon Marché", fornecedora da Comunidade inglesa e de "gente bronque" até o encerramento feito com o respeito das leis civilizadas, quero dizer, remunerando os seus empregados. Depois disso não sei onde trabalhou, nem se trabalhou, mas sem a teima de regressar à Grã Bretanha.
O ùltimo job de mister Windam foi Cônsul de Sua Majestade Britânica, posto honorififico mas penso que lhe garantia um bom salário já que nunca enviaram um funcionàrio de carreira e tinham empregados locais como, p.e. o Sr. Djô Dias que, depois de reformado teve a honra de ser Pro-Cônsul de S.M. Britânica.
V/
P.S. - Numa próxima ocasião falarei dos Madeirenses de Cabo Verde que eram muitos e cidadões que mereceram (também) a nossa estima.
Obrigado, Val, pela historia de um homem que nunca esqueci mas cuja odisseia desconhecia...Eu tería 11 a 12 anos e apenas estava interessado em ir aprendendo aquilo que ele com toda a naturalidade deste mundo me ensinava...Recordo que a primeira palavra que aprendi foi "window" que ele dizia ser a mais parecida com o seu próprio nome...Tempos felizes!
EliminarSou eu a agradecer-te, Zito, por teres trazido o nome deste "anglo-caboverdiano".
EliminarAproveito o ensejo para rectificar coisa de pouca importância mas que conta mesmo assim pois, como a lingua, ninguém quer ver o seu nome "esfranganhode".
No entusiasmo de rememorar uma estorinha, esqueceu-me de falar da ortografia do nome do senhor que é WINDHAM.
Como disse a senhora que foi aos Correios perguntar se tinha carta do seu filho Humberto que fez questão "sê nome n' ta escrivide c'U. Ta escrivide é c'H "
Um braça d'mêmêra d'Sintontom.
Obrigado, outra vez, Val...Eu nunca tinha visto o nome do nosso homem escrito: sabia-o, apenas, de ouvido...
EliminarJá bastas vezes tenho dito que o Valdemar tem uma memória do tamanho da nossa baía e que tudo o que ela retém devia ser escrito. Não precisam revestir uma integridade narrativa para assumirem a forma de um bloco de memórias denso e rico na sua diversidade. Tenho um tio que vai fazer 87 anos e nunca teve uma ausência prolongada de S. Vicente, mas noto que ele não detém o repertório do Valdemar.E de outras pessoas da sua afixa etária digo o mesmo. Ora, tudo isso poderia ser registado para um dia dar à estampa. Embora alguns o minimizem por motivações políticas, a ilha de S. Vicente e a sua cidade do Mindelo têm uma marca de originalidade e de uma singularidade que são património do país como um todo.
ResponderEliminarCaro Amigo,
EliminarSabes perfeitamente (pois serviste de mediador) a causa da interrupção dos Contos e de mais coisas ainda do tempo d'O Liberal.
Confesso que venho pensando no que sugeres mas ainda não nasceu o entusiasmo para mais do que as participações em comentàrios aqui e no Praia de Bote.
Portanto, se os nossos dois "irmãos" bloguistas irem aparecendo...
Acho que posso responder pelos dois "brodas": enquanto a gente por aqui estiver, estás connosco e nós contigo...Esta restrita "comunidade" que aqui se formou, de forma tão espontânea, amiga e solidária, é um autêntico oásis no meio do deserto de escuros interesses que caracteriza o mundo de hoje...Nós somos, a excepção e eu, particularmente, sinto-me honrado por tão ilustre companhia!
ResponderEliminarBraça...