Carlos Araújo |
Hoje, por todo o lado se fala da regionalização e sente-se a presença de uma vaga que acreditamos irá aumentando, podendo até tomar proporções desmedidas.
É óbvio que os regionalistas estão carregados de razões e que a sua ação é patriótica e democraticamente progressista. De facto, a centralização exagerada de todos os factores de desenvolvimento, bem como o uso abusivo dos mesmos, deixou São Vicente sem a mínima capacidade de se auto-desenvolver.
Devido a essa situação, o tempo tratou de ir criando na alma dos Mindelenses um sentimento de angústia em todo semelhante ao sentimento do colonizado. Sentimento esse, que não parará de crescer se não forem tomadas as medidas corretas.
O momento é de opinar. Que cada um dê o seu contributo e esteja aberto para pôr em causa as suas próprias ideias, nos parece a posição mais responsável.
É que:
a) Estamos a trabalhar sobre a nossa pátria Cabo-verde.
b) Bairrismos, ressentimentos, raiva ou mesmo ódio só contribuirão com atrasos no processo, ou precipitá-lo-ão rumo a fracassos desnecessários.
c) São necessárias soluções que irão satisfazer as necessidades da população.
d) São necessárias soluções libertadoras.
Talvez, a melhor forma de procurarmos a nossa solução, para o problema que nos afecta, fosse tentarmos acordar do longo “sono colonial“ e descobrir, ainda que gatinhando, o nosso próprio caminho.
Um caminho novo, que, deixe definitivamente para trás um modelo de organização do estado que não serve as necessidades do homem cabo-verdiano e em particular do são-vicentino.
Cientes de que a regionalização é uma exigência feita pelo dinamismo da democracia, nunca será errado tentarmos saber o que efectivamente queremos, para podermos saber, não só, como o procurar e, como também, de o desfrutar quando o encontrarmos.
O que o cidadão são-vicentino quer, é o que todo o homem enquanto ser social quer. Ele quer fazer uso do seu direito de se auto-desenvolver.
Um auto-desenvolvimento que só será alcançado quando os habitantes da ilha forem capazes de:
a) Sentirem-se engajados num processo de desenvolvimento participativo, devidamente tutelado pelo governo de um país uno e indivisível.
b) Receber influências do país inteiro enquanto parte do todo.
c) Influenciar o desenvolvimento do país, na qualidade de parte do todo.
d) Ter a capacidade e o dever de gerir, em comunhão com a nação, na qualidade de parte do todo, a sua economia, a sua cultura, os seus meios de produção.
e) Poder fazer uso da possibilidade de se abrir ao exterior dentro dos limites legalmente definidos.
Assim se liberta o homem para que ele possa ser, dentro de um quadro organizado, senhor do seu destino. Uma organização necessariamente menos custosa, por ser mais equilibrada e produtiva.
Nota: Não estamos a esquecer que os Objectivos exigem uma organização para os conseguir e as organizações têm custo e os custos elevados inviabilizam os Projectos. O que pensamos é que os fantasmas de custo e dificuldades legais, não têm a importância que alguns analistas lhes dão, precisamente por não passarem de fantasmas.
Em resumo diremos que, para resolver os problemas que vêm afetando os são-vicentinos, vai ser necessário:
Iº - libertar-se do quarto estreito imposto pelo centralismo quase abusivo e quiçá vexatório a que estão submetidos.
2º - Engajarem-se num processo de auto-desenvolvimento natural
3º - Encontrar a melhor forma de governo que permita o auto-desenvolvimento do todo e das partes.
Sem comentários:
Enviar um comentário