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sexta-feira, 1 de maio de 2015

[8092] - PARAÍSOS MODERNOS - MONTE TRIGO...

MONTE TRIGO - SANTO ANTÃO - CABO VERDE


Bom dia Amigo(a),

queres conhecer um lugar em Cabo Verde onde ainda as pessoas deixam a porta aberta e um vizinho entra para atender o telefone sem levar nada consigo ao sair? Ou onde se coloca o colchão na rua para dormir nas noites quentes e a subida da maré é a maior preocupação? Se já estás a preparar as malas para o conhecer, saiba que para alcançar a aldeia piscatória de Monte Trigo é preciso levantar-se bem cedo antes de se fazer à estrada. (English version unavailable)

Partindo do centro de Porto Novo é preciso cerca de duas horas de carro. Primeiro, uma estrada asfaltada interligada com outra calcetada e por fim a maior parte do percurso é feito por caminhos de terra e pedras que desafiam os motores mais potentes dos carros no alto das montanhas, ou não estaríamos nós na Ilha das Montanhas. No final da viagem ainda é preciso fazer-se ao mar num bote para completar a ligação entre a localidade de Tarrafal de Monte Trigo e Monte Trigo. Este trajecto dura quase quarenta e cinco minutos sobre o mar onde está um dos maiores bancos de pesca do país. Nesta altura a decisão de deixar o telemóvel ligado é irrelevante pois nenhum dos serviços das operadoras móveis estão disponíveis. Telefonar aqui só é possível pela rede fixa. 

Pedro Pires, o padeiro dos pescadores
Numa aldeia piscatória composta por cerca de duzentas e oitenta e quatro pessoas o mais provável é que fossem todos pescadores ou dependentes da pesca. Mas, Pedro Pires, de 57 anos e morador local, foge à regra e é padeiro. Dono da única "indústria" da zona, a sua padaria produz pães e bolachas com os cerca de dezoito quilos de farinha que levam dois dias para serem vendidos à população. O curioso é que Pedro Pires vende um pão de 100 gramas por sete escudos quando o preço máximo que se pode aplicar é de doze escudos. "Os sacos de farinha e açúcar são trazidos pelos pescadores nos botes e eles não me cobram nada. Por isso vendo a um preço justo à comunidade", explica o padeiro que já criou sete filhos com os lucros deste negócio que "não o deixa dormir sem jantar", como conta orgulhoso. 


Divertir-se em Monte Trigo
Após a faina no mar os fins-de-semana são habitualmente dedicados ao futebol. No minúsculo campo de terra batida que fica junto à praia defronta-se Marítimos e Natchok, as duas únicas equipas locais. Durante o jogo o grito "bola ao mar" faz parar a partida até que alguém vença as ondas e traga o esférico para terra debaixo dos braços. Que recomeçe o jogo. 
Os serões das noites são passados em família à frente da televisão. A localidade recebe os sinais dos canais RTP1, RTP-África, SIC, SportTV, Record Cabo Verde e Record, mas do canal da Televisão de Cabo Verde (TCV) nem sinal. O mesmo acontece com a Rádio de Cabo Verde (RCV) que não é sintonizada em Monte Trigo. 

Eletricidade...
Em Monte Trigo as pessoas conservam os alimentos em frigoríficos a gás. Isto porque a energia eléctrica só está disponível no final da tarde até antes da meia-noite, como nos conta Graciete Fortes, uma moradora da localidade de 28 anos. "Aqui só temos electricidade durante todo o dia na festa de Santo António [3 de Junho] e no fim do ano", explica Graciete e avança que todas as casas pagam 710 escudos mensais à Câmara Municipal pela energia eléctrica. Enquanto isso afirma que não pagam a água fornecida pelo Serviço Autónomo de Águas do Porto Novo porque a empresa espera que todas as casas estejam ligadas à rede antes de começar a cobrar. "Mesmo assim aqueles que não têm água canalizada podem comprar uma lata de vinte litros por um escudo na santina local. Eu, por exemplo, com duzentos escudos tenho água para cerca de três meses aqui em casa", diz sorrindo. 
Por causa do isolamento os serviços de saúde são assegurados por um Agente Sanitário. As mulheres grávidas têm que fazer todo o percurso pela estrada para terem os filhos em Porto Novo ou então pela via marítima para darem à luz na ilha vizinha, São Vicente. 

A despedida
Durante a nossa viajem por Monte Trigo paramos numa casa para almoçar. Jorge, o "guia" que nos acompanhava durante a visita deixou sua bolsa com alguns litros de feijão e peixe seco no passeio da estrada e subiu ao terraço connosco para comer. Perguntámos-lhe se não tinha medo que alguém lhe roubasse as coisas ao que ele respondeu: "quem é que vai apanhar a bolsa se não lhes pertence?" e terminou sua refeição sem grandes preocupações. 

Na hora da partida despedimo-nos e Jorge apanhou sua bolsa e seguiu para casa... Ainda há lugares assim em Cabo Verde 

Até para a semana...

(Dai Varela)




7 comentários:

  1. Surpresa ao ver meu trabalho mudar de dono

    Para minha surpresa vejo que no blogue do ArrozCatum está publicado um texto meu mas como se pertencesse a outro autor. Eu nem queria acreditar por isso que enquanto lia apenas conseguia dar umas gargalhadas.

    Não é que uma crónica que fiz em 2011 aquando de uma visita à localidade de Tarrafal de Monte Trigo, no concelho de Porto Novo de Santo Antão, agora aparece como sendo de outra pessoa? E trata-se de um texto publicado também no jornal A Nação, do tempo que trabalhei lá como jornalista, e que agora aparece com outro título e assinado pelo Luis De Sousa Lobo, com foto dele e tudo.

    Eu não sei o que pensar: se foi ele a enviar o texto como sendo da sua autoria ou se foi o editor do blogue a publicar sem o conhecimento do Luis de Sousa Lobo. Mas o certo é que o texto está lá com sua foto.

    Quem quiser confirmar a crónica publicada no meu blogue, este é o link: http://daivarela.blogspot.com/2011/10/monte-trigo-ainda-existem-lugares-assim.html

    O meu direito de autor é protegido pela Decreto-Lei nº1 de 27 de Abril de 2009, e como define o Artigo 5º:

    "Por direito de autor entende-se a faculdade exclusiva que autores de obras literárias, artísticas e científicas têm de fruir, utilizar e explorar as mesmas ou autorizar a sua fruição, utilização e exploração por terceiros, no todo ou em parte, nos termos e dentro dos limites da presente lei."

    Ademais, não me parece ser boa ideia plagiar texto de um probloguer (quase) sempre online...

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  2. José Fortes Lopes no Facebook Caro amigo Dai Só pode ser um lapso. Este artigo foi colocado pelo amigo Zito Azevedo (um blogue amigo, pois estás na lista) uma pessoa que podia meu pai e tu o teu avô. Para mim é uma pessoa íntegra e que não anda a procura de protagonismo, nem precisa. Tudo o que faz é por amor a CV a sua terra adoptiva. Portanto a questão da autoria poderia ser ratificada comunicando ao Zito o lapso sem necessidade de vir protestar em praça pública

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  3. Quando digo praça pública estou a dizer facebook

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  4. Mandei hoje, ao Dai, cópia do mail que recebi do senhor Lobo, com o texto que publiquei e sem qualquer outra referencia autoral pelo que, a convicção de que o remetente seria o autor parece-me legítima...Lamento o sucedido mas isento-me de qualquer intenção menos lícita com referencia ao Dai Varela pessoa que, aliás, admiro - e ele sabe disso!

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  5. Como disse ao Dai Varela tudo isto era de evitar pois todos os malentendidos têm uma origem e razão. Poupava-se a este senhor isto. Eu achei o artigo tão relevante que até o publiquei no meu mural. Portanto tenho culpas nisto mas estava piamente convencido da autoria do texto do Sr Lobo. Quanto às piadinhas ironias sobre ArrozCatum eu informo às pessoa que o nome ArrozCatum vem de um um prato muito consumido em S. Vicente por todas as classe sociais da ilha desde há gerações. Este nome do Blogue deve estar no imagináruio do amigo Zito, este luso tão mindelense como eu, pois era um prato muito consumido até os finais do anos 70 em S Vicente nos tempos em que viveu aí ( depois de ter sido expulso manu militari em 1977 da terra que adoptou desde a primeira infância). No fim das festas costumava-se consumir abundantemente, arroz c'atum ou caldo de peixe malaguetod ou canja de galinha quente. O arroz com atum fresco de 'Plurim de Pex' feito em tomate e calda com pimentos e malagueta é um prato saborossíssimo!!!!

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  6. Amigo José, apenas duas palavra para dizer que não acredito que os mindelenses tenham perdido o hábito do "arroz c'atum"...Claro que com o fechamento da fábrica de conservas de S.Nicolau ter-se-há que voltar aos primórdios do atum fresco; o sabor é algo diferente mas identicamente "gourmet", e faz parte da história gastronómica da nossa ilha!

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  7. É pura ignorância fazer blagues e piadinhas ao blogue Arroz c'Atum usando trocadilhos e outras expressões do imaginário mesquinho, insultando este prato bem mindelense. Gosto do arroz c'atum

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