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domingo, 23 de outubro de 2011

A HIPOCRISIA DESPUDORADA...






3 comentários:

  1. Este post vem na sequência daquele em que dialogámos sobre esta hipocrisia que corroe o edifício moral em que acreditávamos habitar o Mundo Ocidental e Cristão. Deixo-lhe aqui o texto de um artigo de Viriato Soromenho Marques saído hoje no Diário de Notícias:

    "Henry Kissinger considerava o cardeal católico francês Richelieu (1585-1642) o verdadeiro fundador da moderna razão de Estado. Durante a Guerra dos 30 Anos (1618-1648), sempre que a selvagem matança entre os Habsburgos católicos e as várias forças protestantes estava à beira de enfraquecer, havia sempre ouro francês para subornar os chefes protestantes, levando à continuação da carnificina. Richelieu representa o realismo político na sua expressão mais nua e brutal: os Estados não têm valores nem religião, mas sim interesses materiais concretos. Para o cardeal católico, o interesse da França passava pelo enfraquecimento da católica Espanha.
    O assassinato de Kadhafi, às mãos de uma turba sedenta de vingança. As mentiras branqueadoras tentadas pelo CNT, que as imagens dos telemóveis denunciaram num instante. As declarações piedosas dos três países europeus (França, Grã-Bretanha e Itália), que arrastaram a honra da NATO no vergonhoso crude da sua ambição neocolonial. Tudo isso configura uma descida da política internacional ao inferno da força bruta, que nem a retórica dos direitos humanos disfarça. Kadhafi foi um monstro durante 42 anos, mesmo quando Bush lhe deu a mão, e Blair foi ao ponto de o visitar, em 2004, para não falar das pequenas vilezas de Sócrates. Os "combatentes" do CNT precisaram de oito meses de um fogo cerrado do maior poder aéreo do mundo para destruir as suas forças, mostrando que na Líbia ocorreu uma guerra civil, e não um levantamento popular. Se o CNT quisesse fazer a diferença, Kadhafi teria sido poupado, para responder em Haia. Mas aqueles que deixaram o povo líbio lançar-se num processo de somalização, queriam tudo menos que o monstro de Tripoli ficasse vivo para contar as suas hediondas histórias. Que fariam corar o próprio Richelieu."

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  2. Este post vem na sequência daquele em que dialogámos sobre esta hipocrisia que corroe o edifício moral em que acreditávamos habitar o Mundo Ocidental e Cristão. Deixo-lhe aqui o texto de um artigo de Viriato Soromenho Marques saído hoje no Diário de Notícias:

    "Henry Kissinger considerava o cardeal católico francês Richelieu (1585-1642) o verdadeiro fundador da moderna razão de Estado. Durante a Guerra dos 30 Anos (1618-1648), sempre que a selvagem matança entre os Habsburgos católicos e as várias forças protestantes estava à beira de enfraquecer, havia sempre ouro francês para subornar os chefes protestantes, levando à continuação da carnificina. Richelieu representa o realismo político na sua expressão mais nua e brutal: os Estados não têm valores nem religião, mas sim interesses materiais concretos. Para o cardeal católico, o interesse da França passava pelo enfraquecimento da católica Espanha.
    O assassinato de Kadhafi, às mãos de uma turba sedenta de vingança. As mentiras branqueadoras tentadas pelo CNT, que as imagens dos telemóveis denunciaram num instante. As declarações piedosas dos três países europeus (França, Grã-Bretanha e Itália), que arrastaram a honra da NATO no vergonhoso crude da sua ambição neocolonial. Tudo isso configura uma descida da política internacional ao inferno da força bruta, que nem a retórica dos direitos humanos disfarça. Kadhafi foi um monstro durante 42 anos, mesmo quando Bush lhe deu a mão, e Blair foi ao ponto de o visitar, em 2004, para não falar das pequenas vilezas de Sócrates. Os "combatentes" do CNT precisaram de oito meses de um fogo cerrado do maior poder aéreo do mundo para destruir as suas forças, mostrando que na Líbia ocorreu uma guerra civil, e não um levantamento popular. Se o CNT quisesse fazer a diferença, Kadhafi teria sido poupado, para responder em Haia. Mas aqueles que deixaram o povo líbio lançar-se num processo de somalização, queriam tudo menos que o monstro de Tripoli ficasse vivo para contar as suas hediondas histórias. Que fariam corar o próprio Richelieu."

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  3. Admirei o artigo com o quel, de resto, me identifico, perfeitamente. Aliás, não sei se algum dia me ocorreria ir tão longe
    (ou tão perto...)em busca da mina de onde brota a lama que em que chafurdam as ditas "razões de Estado"...Também Richelieu tinha razões que a razão "repudia"!
    P.S. Verifico que as suas mensagens me chegam aos pares...

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