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sábado, 28 de dezembro de 2013

(6333) - S. SILVESTRE...MILIONÁRIO!...


O FACTO...
A banda de zouk Kassav actua na passagem de ano na principal rua de Mindleo, Rua de Lisboa, indicou à Inforpress o vereador da Cultura, Humberto Lélis.Os custos da vinda do grupo a São Vicente deverá superar os dez milhões de escudos, sendo que boa parte da soma a Câmara Municipal deve conseguir com pelo menos três patrocinadores.
A banda chega a São Vicente no dia 29, proveniente de Dacar, Senegal, e o regresso deve ocorrer a meio do dia 1 de Janeiro.
O som e a iluminação na Rua de Lisboa estarão suportados por uma empresa nacional do ramo.
Humberto Lélis indicou tratar-se de uma prenda de Natal à população mindelense.
Recorde-se que os Kassav actuaram recentemente em Cabo Verde, mas na cidade da Praia, no passado mês de Junho, por ocasisão do Festival de Verão CVMóvel.
 
OS COMENTÁRIOS...
Dai Varela
Tem Mandioca no fim do ano de São Vicente...
Kassav (palavra em crioulo antilhano que significa mandioca) é uma banda de zouk de Martinica e de Guadalupe formada em 1979.
Realmente não entendo as vossas críticas pela vinda dos Kassav para nos dar música no final de ano no Mindelo quando se sabe que Cultura significa cultivar, e vem do latim colere. No final do ano estaremos a cultivar mandioca na Rua de Lisboa.
Acho perfeitamente normal que o pelouro da Cultura da Câmara Municipal de São Vicente ofereça esta prenda (mandiocada) após um ano a investir e a promover a Cultura da (na) ilha.
Por exemplo, quem não se lembra dos vários concursos literários para jovens escritores/poetas, ou das exposições colectivas de jovens artistas promovidas pela CMSV ao longo de 2013? E dos projectos musicais que a CMSV aparece como co-financiador para jovens artistas e que hoje estão no mercado discográfico a enriquecer ainda mais Cabo Verde? Quem não se lembra do Roteiro Turístico da ilha que qualquer forasteiro pode adquirir e conhecer as belezas de São Vicente? Quem não se lembra dos livros co-financiados pela CMSV? Das formações aos jovens dançarinos, actores e outros agentes teatrais? Ou dos fóruns, seminários e palestras no âmbito cultural desenvolvidos ao longo do ano? Ou de acções com foco na cultura criativa, digital, artes visuais? Quem não se lembra do plano para exigir trabalhos definitivos no cinema EDEN PARK ou então a sua expropriação ao abrigo da lei que classificou como Património Nacional o Centro Histórico do Mindelo feita através da lei de Base do Património Cultural (lei 102/III/90 de 29 de Dezembro).
Bom... eu não me lembro mas isso não significa que não tenham existido, nera. (Esse esquecimento deve ser de tanto comer casca de mandioca).
E depois, acho perfeitamente normal chamar-se grupos estrangeiros para se investir nosso dinheiro neles porque eles irão investir esse 10 mil contos num banco caboverdeano e pagar todos os impostos nacionais ao movimentar este montante. Vocês já sabem que esses grupos crioulos recebem seus dinheiros e os levam logo para países estrangeiros e é por isso que devemos sempre chamar os de fora.
Ao que parece São Vicente merece uma prenda de qualidade e isso não era possível com um grupo ou artista nacional. "O que é nacional é bom" mas não é no fim do ano. Esta é uma época que não pode faltar mandioca.
Ate porque aquele dinheiro nem era vosso, era da Câmara Municipal de São Vicente. De certeza que iriam comprar mandioca com esse dinheiro, nera.
 
João Branco
10 mil contos. Pumba! Nem se pode argumentar que isto será com o dinheiro dos contribuintes, pois está anunciado que há patrocínios a cobrir a maior fatia dos custos. Mas agora eu pergunto: a troco de que contrapartidas? E quando aparecerem iniciativas privadas e essas mesmas empresas vierem dizer (como dizem quase sempre): "já gastamos todo o orçamento, não podemos fazer nada", como é que fica? Podem dizer que é prenda de natal, mas eu chamo a isto concorrência desleal. Mas o Mindelo festeja, não é? E isso é o que importa mais! Dexpox de sab, morrê ka nada! Boas festas!
 

Antonio Sérgio Matos Barbosa Isto tem, na nossa tribo a boiar no meio do Atlântico, tudo a ver com a badalada apresentação dos Kassav em S. Vicente. Inicialmente até pensei que apesar da triste figura que fazemos a pedir esmola e festejar à tripa forra, esta apresentação pudesse servir para a promoção da Ilha. Mas, promoção como? Com a música dos outros quando temos música autêntica para promover a nossa cultura? Na verdade, ao mostrar e demonstrar o grande esforço financeiro que vai ser esta festa de uma noite, a edilidade sanvicentina o que fez foi dar mostras de grande falta de conhecimento do meio, das necessidades das pessoas e acima de tudo de imaginação. Seria tão difícil mobilizar os mesmos recursos para outras actividades, ainda que festeiras? S. Vicente e Cabo Verde precisam de outra casta de políticos.
 
Adriano Lima
Não posso deixar de concordar com tudo o que se diz, pois espanta-me a falta de decoro da Câmara ao esbanjar irresponsavelmente o dinheiro que tem e que é pouco, conforme bastas vezes se ouve. E foi a minha sobrinha, a actual vereadora pelo pelouro social, quem há tempos lamentava não poder dar a devida expressão à sua acção em virtude da insuficiência de recursos. Afinal, em que é que ficamos? Quanto ao assunto em si, não entendo como pode faltar sentido de responsabilidade à edilidade. A menos que a nossa gente de repente tenha optado por gostos e exigências de uma suposta sofisticação e haja fenómenos evolutivos que possamos desconhecer, não vejo como pode um cabo-verdiano prescindir da sua boa música e aceitar gastos extravagantes com a importação de música alheia. Eu, se for a uma festa na minha terra, o que quero ouvir é exactamente música da minha terra. Portanto, haja bom senso naquelas cabeças.
Quanto ao texto do Dai Varela, só posso aplaudir a fina ironia com que faz a denúncia deste caso, que, quanto a mim, é mais um pretexto que se dá ao badio para nos rotular com aqueles mimosos adjectivos.
 Mais uma vez digo que há um trabalho de consciencialização cívica e política que urge empreender na nossa querida e saudosa terrinha. Há, pois, sinais claros que merecem uma adequada leitura sociológica.
 
Valdemar Pereira
Que cada um festeje o seu fim do ano que nôs queremos perpectuar o nosso!
E KASSAV a fazer-nos passar o ANO é como sabotagem aos nossos costume!
Considero a mesma coisa se chamarem os martinicas para dançar nosso Carnaval!
Atenção: - Amador disso tudo, aceito que apareçam numa outra altura se vierem de
graça jà que andamos de tanga (pelo menos em S.Vicente; Praia e Sal [do Lélis] jà
não sei).
Bravo aos Mandingas que não quiseram ir a Santiago "carnavalar".
E pronto !!!

 
 

1 comentário:

  1. Excelente artigo Carlos Lopes e reacções adequadas. Eu como mindelense sinto vergonha desta paródia tão cara. Não é que seja contra música estrangeiros pois sou um fan de todas as variedades de música. Agora como dizem os americanos, Not Now e não no fim do ano, talvez no Festival da Baia e pelas mesmas razões que o carlos expõe no texto. Tenho dúvidas que seja oportuno estar a esbanjar 10000 contos em plena crise com a situação social no Mindelo. Na cidade onde vivo a festa do fim de é animada por conjuntos locais e de borla.
    A cultura em S. Vicente passa também pela música, mas aquela que educa os jovens, não somente para a festa e a desbunda.
    É preciso repensar a cultura nesta ilha que não deve servir só para festanças mas também para o dia a dia. Sou favorável a pequenos festivais de diversos tipos de música ao longo do ano a custo moderado em locais distintos como um Eden Park remodelado daí a minha militancia para a sua preservação
    Eu tenho sérias dúvidas sobre o caminho que se está a seguir CV, se a nossa ilha já não está Sodomada, a caminhar para o abismo moral.

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