A sua crítica à nossa cidade do Mindelo não nos deixa impávidos e serenos. Na verdade,
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Tony Park (foto encontra no Arrozcatum) |
Ora se procura o destino turístico
do prato de camarão a preço de cavala servido numa esteira de seda com um
serviço pronto a responder às suas demandas em troca dos seus dollares
australianos, infelizmente também o temos: devia procurar na ilha do Sal. Se
veio a São Vicente procurar das praias paradisíacas do cartão postal devia
inspeccionar a ilha da Boavista. Se procura o típico sitio em que tudo está
feito para o turista criando um ambiente de um não-lugar, veio ao local
errado.
Ora o problema em si não é seu nem
de São Vicente, mas sim do estereótipo que se cria do que é bom e mau turismo. O
problema é querer absorver um local numa simples passagem sem tentar perceber os
detalhes que fazem a própria pérola. O problema é pensarmos que os outros têm
que ser como nós. O problema é não termos tempo para absorver as visões dos
outros em detrimento da nossa.
Não estamos aqui a referir que não
tem razão em alguns pontos, mas certamente deverá rever a forma como viaja e
como interpreta a maneira de ser e estar dos outros. Uma pessoa que escreve para
tão conceituado jornal não deve cair nestes erros de principiante. O turismo de
consumo rápido, não é nossa ambição. O turismo que é feito num suvenir a dizer
Cabo verde não é o nosso objetivo. Um turismo feito em função do turista não é
real. Um turismo que não mostre as nossas virtudes mas também os nossos defeitos
não nos ajudará no caminho do nosso desenvolvimento.
Queira aceitar o nosso convite
para voltar e perceber que aqui oferecemos Morabeza, acompanhado de uma boa
moreia e um pontchim da terra ao som de uma boa morna. Queira aceitar o
nosso convite para lhe podermos mostrar a nossa ilha vizinha cheio de montanhas
e ar fresco. Queira dar a oportunidade de perceber que somos mais parecidos
consigo do que realmente pensa. Queira ter um bom dia.”
Anónimo de São
Vicente
in BLOG DE ODAIR VARELA
...oooOooo---
Não consegui entender, ainda, a razão de as pessoas se acolherem à barricada do anonimato sempre que as questões afloram problemas desconfortáveis ou de algum melindre social, como se fosse perigoso ou menos meritório encarar as coisas de cara descoberta ou seja, de nome escancarado, que é única forma de as pessoas se sentirem responsáveis pelo que pretendem comunicar aos outros..Mas, enfim, cada um é como cada qual mas, se é vergonha a gente declarar-se de orgulho ferido, então, é melhor ficar calado...
Por isso, não me vou alongar muito...Apenas referir que estes navios de cruzeiro não vão, segundo julgo, nem à Boavista nem ao Sal e, se se pretende que o seu afluxo ao Porto Grande aumente, então é mister que se criem condições similares às que outras ilhas parece oferecerem...Depois, afirmar que "...o turismo feito em função do turista não é real..." não acredito que queira significar que se devem "fabricar" turistas à medida do "turismo" (!) que temos para lhes oferecer...Se sim, então, o melhor é ficar quieto e não fazer absolutamente nada...Se se acha que morêa frite, pontch e morna é o suficiente, então eu compreendo o anonimato...Mas, particularmente, acho a três coisas o máximo!
Zito Azevedo
18.03.2014
18H38
O anónimo exprimiu-se bem, sem dúvida. E, de facto, não se vê qualquer razão para deixar de se identificar. Com o seu comentário, está a lembrar ao australiano que a oferta turística não tem de ser sempre a de um produto massificado, e isso é pura verdade. Mas só que esses navios de cruzeiro não vêm propriamente carregados senão com passageiros destinados ao consumo do bom, do fácil e do fast, a preços reduzidos. É normalmente gente reformada da classe média que se mete nesses cruzeiros.
ResponderEliminarA oferta singela, mas de significado eminentemente cultural, que o comentador sugere é procurada por pessoas especiais e essas, pelo seu escasso número e pela aleatoriedade da sua demanda, não são as que encherão os cofres da nossa terra. São casos singulares como o do alemão que se apaixona pela música do Mindelo e ali fica, ou do que se instala numa montanha de S. Antão para encontrar no silêncio e na contemplação da distância o que não encontra numa cidade barulhenta.
Mas isto só significa que a nossa resposta terá de ser modelada também para uma certa oferta para o turista de massas. E nisso o australiano tem razão, sobretudo quando a publicidade não condiz com a realidade.
Só pessoas especiais conseguem gostar e apreciar S. Vicente :)
ResponderEliminarPaula Simão