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sexta-feira, 18 de julho de 2014

[7192] - I N S A N I D A D E ...


Que diabólicos pensamentos passarão pela cabeça de quem dispara um míssil - ou o que quer que seja - contra uma aeronave com cerca de 300 inocentes civis a bordo?
O que se passa, afinal, nessa guerra estúpida e fratricida que na Ucrânia lavra sob o olhar complacente e cúmplice da Rússia?
Será que o homem, de novo prisioneiro dos seus mais baixos instintos, regressa à selva num recuo civilizacional sem paralelo da História da Humanidade?
Que espécie de vida querem os donos do mundo legar aos seus  filhos,  com milhares de vidas sacrificadas em nome de ódios irracionais, sepultadas sob os escombros da destruição gratuita e animalesca provocada pelos senhores das guerras?


4 comentários:

  1. As interrogações aqui colocadas são de grande pertinência.
    Graças ao progresso tecnológico, sobretudo o registado nas últimas décadas (os transportes aéreos, a net, o skype, etc), o homem devia sentir-se mais próximo da mente e do coração do seu semelhante, mas continua tão distante como em eras longínquas. Nenhum progresso material está a ser capaz de instilar compaixão no coração do homem a ponto de rejeitar, sob todo o pretexto, fazer mal gratuitamente ao seu semelhante. Portanto, tudo indica que a porção reptiliana do nosso cérebro (que ainda não evoluiu e impulsiona o instinto) permanece intacta e imune às influências da racionalidade.
    Temos um importante legado teórico que vai desde um Platão a um Hume, um Leibniz, um Newton, um Kant e um Einstein. Com base nisso tentamos localizar e fortalecer pontos de apoio interiores na nossa sensibilidade (que se diz humana) e entendimento, mas a realidade demonstra que tudo se esgota na própria epistemologia. Esta quase se limita a ser um fim em si mesmo, entusiasmando-se nos conceitos e princípios que destila, mas incapaz moldar a mente de modo a dar-se o salto que transporte o homem para a espiritualidade que deve ser um sonho secreto. Ou o sonho de quem nos criou.
    Quando olho para as caras de alguns cossacos e eslavos e me recordo da barbárie que ocorreu não há muitos anos nos Balcãs, convenço-me de que são uma das máscaras do primitivismo que ainda persiste persiste em nós. Foi gente dessa estirpe que disparou o míssil contra o avião comercial.
    Como diz Kant, o nosso conhecimento não reflecte uma realidade objectiva em si porque é o resultado de simples representações construídas pelas estruturas da razão. E, assim sendo, existirão, admite-se, outras vias conducentes à verdade que estão fora das estruturas da mente, possivelmente localizadas ou oscilando no limiar entre a razão que conhecemos nos seus limites e outras capacidades que se expandem numa dimensão inapreensível. Mas pergunta-se se o nosso cérebro continuará a evoluir numa relação de causa-efeito entre as potencialidades neuroniais e a crescente complexidade dos desafios do espírito, como admite Edgar Morim. É essa dimensão desconhecida que abrange o campo das especulações estéreis e perpétuas, como é a metafísica, ou será onde a consciência se rende resignada, refugiando-se na fé tout court?

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  2. Eu tentei dar o mote para conversarmos um pouco acerca da natureza humana, mas... ninguém apareceu. Penso que momentos trágicos como estes, em que a bestialidade humana se desvenda sem máscara e em toda a sua fealdade, devia fazer-nos reflectir sobre quem somos, o que somos e para onde caminhamos. Como espécie humana, claro.

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  3. Esta tragédia deixa-me quase sem palavras. Todos sabemos que os desastres acontecem, e por vezes há aviões que se despenham, e aí temos as terriveis consequencias. Lamentamos, mas são acidentes, acontecem... Isto porém é diferente; daí toda a revolta que nos assalta. A Guerra sempre foi um Monstro Hediondo (como disse o escritor) mas a guerra antiga aquela que era travada frente a frente num campo de batalha (embora também não a aprove, pois não aprovo nenhuma) tenho de chamar-lhe um combate leal. Actualmente está um homem, poderei chamar-lhe assim? sentado frente a um instrumento, até pode estar regalado a tomar café, carrega num botão e dispara um objecto horroroso que vai matar a kilómetros de distância. E ele o executor fica impávido, sereno quiçá satisfeito até.Onde está a consciencia desta gente? Não entendo.
    Já escrevi no meu modesto blog, há algum tempo, que o ser humano não evoluiu ao nível de todo o
    resto. Sim porque a evolução foi grande em muitos factores. Por vezes essa evolução (aqui não me refiro a guerra nem a armas) até foi fatal para muita gente. Mas muita coisa foi também benéfica. O ser humano não evoluiu:- já devia ter outra forma de pensar, e naturalmente de agir. Teve experiencias horriveis, devia ter aprendido com elas, e sentir que a vida é para todos viverem, e nada tem mais valor do que a vida, a familia, a paz. Desde pequena que ouço dizer " o mundo está bem feito." Permitam que discorde dessa afirmação:- no que respeita à Natureza, SIm! Quanto aos ocupantes da terra os seres humanos, Não! Claro que existem exepções, são a grande parte, e ainda bem, são os que sofrem, se não fisicamente, mas psicológicamente com toda a certeza.
    Isto é tudo muito triste, esperança no melhor, é dificil. Que mais tragédias estarão na forja?...

    Zito amigo, perdoe a minha intromissão tão extensa, e tão pouco bem escrita, mas o assunto não me inspira para fazer melhor.
    Abraço.
    Dilita.

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  4. É isso mesmo, Dilita. O homem não evoluiu nada desde há mais de 2000 anos. O progresso material conferiu-lhe um revestimento exterior de verniz (civilizacional) mas o miolo continua exactamente o mesmo. A capa de verniz é tão ténue que estala à mínima circunstância adversa. E estalando emerge a tal componente reptiliana do cérebro, a que comanda o instinto primária. E olhe que isso acontece com qualquer raça e em qualquer quadrante geográfico. Porém, é mais chocante quando acontece com povos de cultura ocidental, os que exteriormente ostentam o tal verniz civilizacional e são os mais directos beneficiados no campo das ideias e dos princípios humanísticos.

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