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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

[7337] - MAUS AUSPÍCIOS...


O 25 de abril só chegou ao Tarrafal a 1 de maio de 1974, quando as portas se abriram e todos os presos políticos foram libertados. Em dezembro de 1974, porém, as portas voltaram a fechar-se. No interior ficaram 70 cidadãos cabo-verdianos, adversários do PAIGC e afetos na sua maioria à UDC e à UPICV, formações que não teriam lugar no regime de partido único. Libertados a pouco e pouco, os últimos foram abrangidos por uma amnistia decretada aquando da independência. O campo viria a ser extinto "para sempre" em 19 de julho de 1975, por uma das primeiras leis da República de Cabo Verde...

FaceBook - José Rui Além

7 comentários:

  1. Não concordo de modo nenhum com bastante do que se passou no "pós" (como neste caso apontado ou noutros, em Portugal e Cabo Verde), mas compreendo. Uma revolução sempre transporta coisas boas mas também sempre se salpica de injustiças e ignomínias. São as dinâmicas revolucionárias que geram essas situações. Afinal, mais ou menos brandas e curtas em Portugal como em Cabo Verde. O que não invalida que muita gente tenha sofrido durante esse período. E que deveria ser compensada por isso, sem complexos de qualquer espécie.

    Braça revolucionária sã,
    Djack

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  2. Pois é, amigo...Só que, passados 40 anos, ainda não foi pronunciada uma única palavra sobre uma compensação, no mín imo, moral!

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  3. Para que conste no historial revolucionário:
    DR BALTAZAR LOPES DA SILVA- NHÔ BALTA

    ..." Como este cabo - verdiano era temida pelo regime fascista português!

    --- " O mesmo se passou no período pós - independência... onde a geração que ele ajudou a formar, já no poder, chegou a equacionar a sua prisão!
    ..." Os jovens de hoje poderão perguntar: - porquê prender um Homem (já reformado) que dedicou toda a sua vida à caboverdianidade e a defender o Povo?!

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  4. O 25 de Abril trouxe a esperança de que as liberdades cívicas seriam o pano de fundo para a resolução dos problemas. Cabo Verde, que não fora palco de guerra, tinha direito a decidir sobre o seu destino em perfeita liberdade, pelo que não fez sentido ter sido metido num caldeirão revolucionário, a ponto de se ter mandado abrir o portão do campo de concentração para reprimir o delito de opinião. Esteve lá preso pelo PAIGC um familiar meu por afinidade que, enviado para Portugal apenas com a roupa que tinha no corpo, jurou que nunca mais regressaria a Cabo Verde. E, de facto, morreu há 4 anos, tendo mantido a sua decisão. O seu delito foi simplesmente ter aderido a um partido diferente do PAIGC. E tive outro familiar que, tendo escapado à prisão, passou no entanto as passas do Algarve, vendo-se coagido a ir viver para Portugal. O seu delito foi o mesmo

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    1. Amigo, em condições normais eu, neste momento, estaria no Mindelo...

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  5. É sempre difícil falar deste período pois temos todos familiares e amigos e nós mesmos que por um acaso da História tivemos que ficar de um lado ou do outro da barricada. Perdão sim, mas deve haver reconhecimento oficial de factos que roçaram crimes de estado e que muita gente alegremente ignora.

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  6. De facto, "prender" gente por "pensar diferente" e por querer o pluripartidarismo nas nossas ilhas, não é coisa que se esqueça com facilidade! Afinal, o PAIGCV, trazia o modelo igual ao de Salazar nesta matéria, e com rotúlo de revolucionário.
    Quase todos tivemos pessoas amigas e familiaresx nesse sofrimento. Já não havia lugar ou não deveria ter havido, para tal procedimento. É uma grande nódoa que ficou. O tempo devia ter sido de concórdia e de liberdade de pensar...

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