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terça-feira, 23 de setembro de 2014

[7448] - O REGRESSO AO MAR...

Composição de "Clube Matiota" - Através de José F. Lopes

Quatro séculos antes destes navios, andavam pelos mares fora caravelas, naus, galeões e outras artes de navegar ostentando, nas velas, a rubra cruz de Cristo e na alma dos marinheiros a ansiedade de vislumbrar outras terras e outros povos  e,  foi assim que,  como escreveu o Poeta, "...entre gente remota edificaram, novo reino que tanto sublimaram!...
Mas, estas naus de aço, não tiveram missão  menos importante do que aqueloutras, agora, no transporte de bens e pessoas entre os quatro cantos do país ultramarino...Eles foram os cordões umbilicais através dos quais fluíam as mercadorias que abasteciam as necessidades de milhões de pessoas e instituições, colaborando activa e decisivamente,  no seu progresso e desenvolvimento!
Foram como que um retorno ao "mare nostrum" que, anos volvidos, haveria de ser, de novo, olvidado durante décadas em que, embriagados pela Europa, vivemos de costas viradas para a nossa maior riqueza: a 3ª maior zona económica exclusiva da Europa e a 11ª maior do mundo...
Felizmente, tudo leva a crer que, uma vez mais, Portugal e os portugueses estão receptivos aos apelos do oceano e a compreender que, para estarmos na Europa da União não é forçosamente necessário ignorar o mar que banha metade das nossas fronteiras!
Refira-se que a minha primeira experiência marítima aconteceu com o "Colonial" que me transportou de Lisboa a S.Vicente em 1943. Depois, em 1952, 1953, 1956, 1960 e 1969, conheci outros, como o Rita Maria, o Pátria, o Quanza e o Amélia de Melo e o Funchal... Estes navios levaram-me a Lisboa, daí a Luanda e mais tarde, de regresso ao Porto Grande, entre outras viagens...
Só se me lembro que as viagens eram óptimas e que a bordo destes navios se comia muitíssimo bem!



4 comentários:

  1. Assino por baixo, Zito. O mar é a nossa vida e a nossa única garantia de futuro. Há muito que questiono a opção tomada depois do 25 de Abril, a Europa, onde nunca estivemos de verdade nos séculos precedentes. O Melo Antunes tinha razão na sua tese que alguns, pejorativamente, consideravam terceiro-mundista, só porque não abdicava do ancoradouro africano e tinha o mar como o espaço privilegiado da nossa vida. Agora é tarde, mas é ainda tempo de tomar as opções estratégicas conformes com a nossa mais explícita vocação. Ou seja, apetrechar-nos convenientemente para tirarmos partido da nossa extensa zona económica exclusiva. Que se reabitem as frotas marítimas e pesqueiras, que se estreitem cada vez mais as relações com os PALOP. Mas para isso precisamos de políticos de larga visão e não de amadores e ainda por cima de gente que nem sequer conhece a História do seu país.
    Desses navios, só viajei no Vera Cruz e foi como transporte de tropas.

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  2. Aproveito para elogiar o belo texto do Zito que acompanha as imagens dos barcos que nos ligavam, separavam e faziam-nos circular nesse "espaço privilegiado da nossa vida" que é o mar.
    Ora bem, a minha primeira experiência marítima, embora sem memória dela, foi exactamente quando nasci, a bordo do vapor "Guiné" em viagem do Porto Grande de Mindelo para Lisboa. Logo, minha maternidade flutuante. De tal modo que no meu registo de nascimento, que diz "nascida a bordo", trazia a longitude e a latitude a demarcar o local, em pleno mar. O interessante é que na altura, 1946, a Companhia Colonial de Navegação, armador do "Guiné," entregou um documento aos meus pais, o qual exarava que eu viajaria sempre graciosamente no "Guiné". Infelizmente quando o pude fazer, já o barco não existia.
    Mais tarde, outras viagens se seguiram nas então chamadas: Licenças Graciosas da minha mãe que era professora. Daí recordar-me de "Ana Mafalda", "Manuel Alfredo" "Rita Maria" etc, etc.
    No fundo, o Zito trouxe para este excerto, memórias de uma geração em que me incluo.
    Abraços

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  3. P.S. ...Não posso e nem devo ser ingrata! A Valdemar Pereira e a Joaquim Saial, devo o facto de estar na posse de fotografias do vapor "Guiné" que há anos andava eu à procura. Para mim e para as mostrar aos filhos e aos netos...
    Aproveito este espaço de encontro fraterno, para reiterar o meu agradecimento a ambos
    Abraços

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  4. Dona Ondina, filha de Neptuno! Não sendo, necessáriamente, caso único, não creio que haja muitos exemplos similares...Foi, no entanto, azar que o "Guiné" não tivesse resistido, mas a C.C.N. bem que poderia ter transferido a "borla" para outro dos seus muitos navios...Não quero, no entanto, deixar de enfatizar que a composição que ilustra este post apareceu no FaceBook de "Clube Matiota" via José Fortes Lopes...
    Saudações, cara amiga!

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