Andamos todos distraídos com a questão da 'Oficialização do Crioulo' e do ALUPEK, mas o ArrozCatum publicou há dias um muito interessante artigo, que é um Editorial do "Jornal de Angola" sobre o ACORDO ORTOGRÁFICO ou o DESACORDO ORTOGRÁFICO (dependente da perspectiva reaccionária ou revolucionária)... De facto (ou melhor, 'de fato', se se usar o novo acordo), um verdadeiro ALUPEK à escala global, ou seja, da LUSOFONIA. Como sabem, Angola tem sido muito crítica em relação a esta Reforma da Língua Portuguesa, língua que é considerada um Património Angolano, e o editorial reflecte esta posição com um título bem acutilante: "Património em risco"!!!
'Bonne Chance', Angola, nesta luta pois aqui, estamos noutra, temos um 'problema de trazer para casa ' o ALUPEK, a confusão da Oficialização do 'Crioulo', ou seja, na prática, a adopção da versão de Santiago, vulgo 'Badio', como língua oficial, para além da ameaça da erradicação pura e simples da língua portuguesa em Cabo Verde, um projecto muito caro aos fundamentalistas!
(José Fortes Lopes)
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Gualberto Rosario
7/3 às 11:24
Caro José Fortes, devo manifestar o meu desacordo. As pessoas falam do novo acordo ortográfico sem o conhecerem. Eu tive que estudar o acordo para escrever um romance inteirinho na base do novo acordo. E, uma vez estudado, não só não tive dificuldades em escrevê-lo como foi tudo mais fácil. Hoje, só escrevo, e com naturalidade, no respeito pelo novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa. Confesso-lhe que é muito melhor. Não é a primeira vez que a Língua Portuguesa sofre evoluções dessa natureza. Tenho algumas "velharias" cá em casa. Vou transcrever uma parte da primeira página de "Portugal Contemporaneo", de Oliveira Martins (figura insuspeita quanto ao bom uso da Língua Portuguesa). Logo na primeira página vem: "LIVRO QUARTO A ANARCHIA LIBERAL". E, depois, continua: "No dia 15 de agosto, D.Pedro abriu solemnemente as camaras. A physionomia da assembléia era diversa em tudo da de 26-8. Bem se póde dizer que não estava alli a maior parte da nação...". A edição é de 1919. Asseguro-lhe que não errei na transcrição. O "chi" que foi substituído pelo "que", o "m" que caiu em "solenemente", a palavra "camara", em vez de câmara, o "ph" que foi substituído pelo "f", o "y", que desapareceu, "assembléia", substituído por "assembleia". Comparativamente ao que ocorreu, na penúltima reforma, a atual é muito suave. Mas tem a virtude de unificar a Língua Portuguesa, o que é importante para uma língua que se afirma crescentemente como língua de relações internacionais, mas, sobretudo, de tornar a sua escrita mais fácil para todos nós, especialmente para as crianças.
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Uma opinião respeitável como as demais. Só que ele se esqueceu das particularidades do Acordo que são uma autêntica aberração em termos linguísticos e gramaticais. Como não sou especialista no assunto, baseio-me na opinião de ilustres homens da cultura como o falecido Vasco Graça Moura e outros. Eu estava nos antípodas do Vasco em questões políticas, mas nesta e em tudo o que se relaciona com a cultura, estava inteiramente com ele.
Penso que a língua portuguesa até devia justificar uma certa clarificação, mas não em muito do que foi Acordado. Há dias tive dúvidas sobre se escrevia "encarnar" ou "incarnar". O meu subconsciente dizia-me ter já visto as duas formas. Então fui ao ciberdúvidas. E o que encontrei? Uma especialista da língua tivera a mesma dúvida e pesquisou a fundo. Correntemente, predominava "encarnar" e os dicionários o consagram. Mas depois encontrou textos de escritores de renome com a outra forma. E encontrou um dicionário prestigiado que continha "incarnar" e dizia que era o mesmo que "encarnar". Ora, estas coisas é que não deviam acontecer, mas acontecem em muitos casos. Ou seja, há dúvidas na língua que permanecem por resolver, baralhando as pessoas.
(Adriano Miranda Lima)
Gualberto compreendo os vosso argumentos mas sou solidário com Angola. Este acordo é uma amputação, a origem etimológica latina das palavras desaparece. O intuito era facilitar a vida aos brasileiros e parece que até eles estão com os pés atrás. Repara que os franceses os ingleses nunca foram longe neste tipo de simplificações. O francês conserva até o ph (em physique). O americano simplifica o inglês naquilo que é essencial ou seja americaniza-o mas nunca faz amputações, diz mathematics etc. Portanto o Acordo é para mim uma moda/negócio. Eu nunca o aplicarei, de resto nem sei em que é que consiste.
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ResponderEliminarSou por evoluções/reformas não por revoluções. Não concordo com simplificações da língua que cortem com a raiz etimológica das palavras. Sem essa raiz ficamos perdidos. Como te disse nenhum estado civilizado até hoje foi tão longe nesta reforma. Repara que ela é ainda muito polémica em Portugal, há vozes que contam em Portugal que se levantaram contra e estão a combatê-la. Por outro lado não conheço, da minha 'entourage' alguém que a aplique.
Mas muito pior do que esta questão do Acordo é o que está para acontecer em Cabo Verde a respeito do ALUPEC, da oficialização do crioulo e da subliminar intenção de destronar o português dos hábitos e das práticas do funcionalismo público e do Estado. Ou seja, convencem-se de que não tardará que seja o crioulo a língua utilizada nas ciências, nas matemáticas, na filosofia, na literatura e em tudo o mais. Se isso se se concretizar, do que duvido, a questão do Acordo Ortográfico será algo de somenos para os cabo-verdianos.
ResponderEliminarMas muito pior do que esta questão do Acordo é o que está para acontecer em Cabo Verde a respeito do ALUPEC, da oficialização do crioulo e da subliminar intenção de destronar o português dos hábitos e das práticas do funcionalismo público e do Estado. Ou seja, convencem-se de que não tardará que seja o crioulo a língua utilizada nas ciências, nas matemáticas, na filosofia, na literatura e em tudo o mais. Se isso se se concretizar, do que duvido, a questão do Acordo Ortográfico será algo de somenos para os cabo-verdianos.
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