A REGIONALIZAÇÃO: UM MOMENTO DE PAUSA, A HORA DAS TÁTICAS...
Após o acto de prestidigitação organizado pelo governo, com a Cimeira Fantoche sobre a Regionalização, no início do ano de 2015, em que o único regionalista convidado foi o convicto Onésimo Silveira e em que se notou a condenação ao silêncio do MPD (reconhecemos incontestavelmente a nossa aproximação às actuais posições do MPD sobre esta matéria, embora este partido tenha que fazer mais um esforço,) cumpre-nos um momento de pausa e reflexão sobre a questão da Regionalização. Sabemos que a nossa ilha de S. Vicente, que foi condenada à estagnação e ao retrocesso, está a passar momentos bem difíceis. Sabemos que outras parcelas do território cabo-verdiano estão abandonadas e desgovernadas.
O que fazer? Que táticas adoptar e empregar? Como contrariar a tática de desgaste do poder em relação ao Regionalista e ao tema da Regionalização? Como contrariar a perfídia, o cinismo e a hipocrisia reinantes em Cabo Verde? Esta é a questão que perpassa os Regionalistas na medida em que este poder conseguiu aquilo que nenhum outro poder até agora tinha conseguido: dividir para reinar, a anestesia e a infantilização geral dos cabo-verdianos, em Cabo Verde e na Diáspora.
Um país pequeno, estatizado, assistido de fora, em que toda a gente se conhece e depende do Estado (ou seja, do Partido no Poder), que vive em Democracia Formal, e em permanente estado de coação psicológica, desinformação e omissão, torna-se extremamente difícil exprimir opiniões, participar em movimentos de cidadania e ir em contra-corrente com o pensamento reinante, aquilo a que chamo de Pensamento Único (que vê o mundo pintado entre quem está comigo e quem é contra, quem defende que tudo está bem e bom, que os outros são lunáticos, que os regionalistas são idiotas, etc). Para os calculistas, os arrivistas e os mesmos que chegarão sempre à hora do banquete, do jackpot, os riscos não compensam os ganhos de uma hipotética vitória!!
Neste momento tendo em conta a situação de coma político intelectual que perpassa a sociedade mindelense outrora motora das transformações socias, económicas e políticas, o desenlace da questão da Regionalização só pode ser em Mesa de Negociações, antes e depois de clarificada a situação política em Cabo Verde. Os regionalistas reconhecem assim, explicitamente, que a sociedade mindelenses há muito deixou de existir ou está infantilizada graças ao excelente trabalho político realizado ao longo de 40 anos, que consistiu no desmantelar desta ilha farol de Cabo Verde, e que competirá à vanguarda regionalista travar por ela esta batalha de restauração da dignidade perdida!
Sendo assim, não se espera uma saída em massa da população mindelense para exigir da Praia a abertura dos cordões à bolsa e o fim do centralismo que mata Cabo Verde à mingua. A população está resignada à sua condição indigente. E o governo e os partidos sabem isso !!! Depois, os intelectuais e os outros não poderão reclamar dos defeitos do modelo de Regionalização e de outras consequências…
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