Creio que todos nós, numa altura qualquer das nossas vidas, já experimentamos situações em que, como reza o adágio "a necessidade aguçou o engenho"...
Como já relatei noutras crónicas, uma das condições para se poder concorrer a um cargo de "aspirante provisório" do Quadro Administrativo de Angola, isto em 1955, era ser apurado para "todo" o serviço militar, independentemente das provas de aptidão física a que todos os concorrentes eram sujeitos.
Ora, na altura, vi-me confrontado com uma situação duplamente peculiar, qual seja a de que as inspecções militares, em S.Vicente, só se realizavam depois das provas documentais e físicas na Praia e, alem disso, como S.Vicente dava sempre um numero razoável de inspeccionados para a recruta, eu corria o risco de ser arregimentado para o serviço militar e lá se ia à viola um eventual aspirante de Angola...
Ora, um sargento amigo de meu pai, sabendo dos meus problemas, encontrou uma solução com as medidas perfeitas para a minha situação:
ir à inspecção ao Porto Novo, que era dois meses mais cedo e, além disso, aquela localidade nunca dava mais do que três ou quatro elementos para a recruta... E, assim, se fez...
Preparada a papelada, lá fui no Carvalho de manhãzinha, fiz a inspecção, almocei com o Dick Ferro que tinha tido o mesmo problema mas vivia na Ponta do Sol e regressei na mesma casca de noz antes do por-do-sol...
Tinha apanhado o Nº 159 da classe de 1955 e, segundo as expectativas, eu jamais seria chamado do meu refúgio na O.T.E. - organização territorial do Exército - por ter excedido o contingente...
Pouco mais de um ano depois, estava eu a bordo do "Ganda" a caminho de Lisboa com destino a Angola porque, na altura, "a necessidade aguçou o engenho" e não creio que tenha prejudicado, nem o Estado, nem a Nação!
Solução engenhosa e dentro da lei, Zito. Creio que ficou no que se chama "reserva territorial". Isto quer dizer que poderia vir a ser chamado se necessário. Felizmente, não foi. Mas poderia ter sido se tivesse ocorrido uma situação de guerra como fora a de 1940.
ResponderEliminarBoa história, à portuguesa. Haverá povo que se saiba desenrascar melhor que nós? Comigo aconteceu uma coisa do género. Onde morávamos, aqui em Almada, só deixavam a miudagem entrar para a escola com sete anos e os meus pais queriam que eu fosse logo aos seis (faziam eles bem!). E como isto, para além de ser um país de desenrascanço é um país sempre descontrolado e com pouco rei e ainda menos roque, lá na terra, podia entrar-se com seis anos. Resumindo, lá fui eu matricular-me no Alentejo, onde frequentei a escola por 15 dias, ao cabo dos quais fui transferido para aqui, sem qualquer problema. E ganhei um ano, o que não me fez mal nenhum, antes pelo contrário.
ResponderEliminarBraça espertalhona,
Djack