MONTE TCHOTA - "Entany" continua sem avaliação psicológica...
Rrevelação foi feita à agência Lusa pelo comandante da 3ª Região Militar, o responsável máximo pelos interrogatórios do autor confesso dos crimes, pese embora não ter qualquer experiência ou formação na área de investigação criminal. Uma circunstância vista com preocupação por uma fonte da PJ que falou com o nosso jornal
O comandante da 3ª Região Militar, tenente-coronel Carlos Monteiro, disse à agência Lusa que o autor confesso do massacre de Monte Tchota ainda não foi sujeito a avaliação psicológica. Segundo o militar, a avaliação psicológica "será o procedimento posterior", alegando que os testes não foram ainda realizados porque "existe uma fita de tempo que vem sendo escrupulosamente cumprida pela equipa de investigação criminal militar", sublinhou.
De todo o modo – e apesar de a avaliação psicológica ainda não ter sido realizada -, o tenente-coronel é perentório em afirmar que “se presume” que o crime tenha sido premeditado.
Sem formação específica na área de investigação criminal, o comandante da 3ª região Militar é, por inerência, a autoridade judiciária militar, o que faz dele o responsável máximo pela investigação, uma circunstância que é “incompreensível” para fonte da Polícia Judiciária (PJ) contacta pelo nosso jornal.
Militares não têm experiência em investigação criminal
“Os militares não têm qualquer experiência nesta matéria, correndo-se sérios riscos de a investigação ficar inquinada”, disse a nossa fonte da PJ, adiantando que a “deveria ser o Ministério Público a assumir da direção da investigação”, e adverte para a possibilidade de ocorrerem “falhas processuais” que poderão anular parte da acusação.
Ainda segundo a notícia da Lusa, o coronel Carlos Monteiro delegou a responsabilidade da investigação num oficial subalterno, ao que se supõe um licenciado em Direito, mas esta informação não foi possível confirmar pelo nosso jornal.
As preocupações da nossa fonte da PJ assumem particular relevância quando é o próprio comandante da 3ª Região Militar a reconhecer implicitamente que a investigação poderá ter algumas lacunas. "Continua-se em interrogatórios, no sentido de, na medida do possível, fazer encaixar todas as suas declarações, depois de se fazer uma análise minuciosa de diversas declarações do arguido com perguntas diversificadas", disse Carlos Monteiro à Lusa.
A nossa fonte sublinha a expressão “na medida do possível” para justificar os seus receios. “Uma investigação não pode ser feita ‘na medida do possível’, ou se faz ou não se faz”, disse ao nosso jornal o investigador da PJ.
Recordamos que Manuel António Silva Ribeiro (conhecido por “Entany), de 22 anos, é o autor confesso dos assassinatos de oito militares e três civis, ocorridos a 25 de abril no destacamento militar de Monte Tchota. Na ocasião, enquanto a maior parte da comunicação social caboverdiana direcionava as causas do crime ora por um alegado “acerto da contas do narcotráfico” ou por razão de um suposto “ataque terrorista”, o nosso jornal foi o primeiro a indicar o autor do massacre e as suas motivações, tendo ouvido na altura uma fonte com ligações à família de “Entany”. (in Cabo Verde Direto)
Redação | com Lusa
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