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segunda-feira, 23 de maio de 2016

[9238] - O COLAPSO DO ELEFANTE BRANCO...

200 milhões de euros depois, as seis mil habitações previstas inicialmente quedaram-se pelas 2.188 construídas de facto e, destas, boa parte não estão habitadas. A história estava mal contada e as contas feitas ao contrário. O programa "Casa para Todos" é um dos maiores buracos financeiros do país...


Já se previa, mas a máquina de propaganda do anterior governo soube ocultar a situação real do programa Casa para Todos. Agora, depois de se escavar mais fundo, pode-se ver que a “obra de regime” de José Maria Neves, a sua grande bandeira eleitoral nas eleições de 2011, entrou em colapso.

Para trás ficaram as acusações violentas à então oposição, de que estaria contra o programa, e que Casa para Todos respirava estabilidade financeira. Hoje, contudo, percebe-se que um dos maiores investimentos públicos caboverdianos estava assente em frágeis estacas e que, ao contrário de ter sido estruturante para resolver o problema de habitação de Cabo Verde, pelo contrato, transformou-se num dos maiores buracos financeiros do país.

A história conta-se em poucas palavras: 200 milhões de euros depois, as seis mil habitações previstas inicialmente quedaram-se pelas 2.188 construídas de facto e, destas, boa parte não estão habitadas. Ademais, com obras paradas, o projeto regista, até ao momento, 20 milhões de euros de dívidas aos empreiteiros. Agora, passado o ciclo do ilusionismo político, resta ao novo governo tentar renegociar a linha de crédito com as autoridades portuguesas.

As falhas, segundo o governo de Ulisses Correia e Silva, comprometem as duas partes (Cabo Verde e Portugal), mas as boas relações entre os dois Estados podem facilitar as negociações e continuar o programa.

Com impacto financeiro sobre a economia, fazendo crescer por arrasto a dívida pública, esta, para além da TACV e da miríade das barragens que não resolveu nada de substantivo ao nível do desenvolvimento da agricultura, é a maior dor de cabeça deste governo

O ministro das Finanças explicou à Lusa algumas das razões do colapso, para além da previsível má-gestão promovida pela IFH (a imobiliária do Estado responsável pelo programa, e uma das frentes avançadas para a compra de consciências em períodos eleitorais): "A questão que se coloca é a da sustentabilidade do projeto. As casas foram construídas, o modelo de negócio que tinha sido estabelecido não funcionou, muitas dessas casas foram para intervenção social, renda resolúvel, e as mais caras não estão a ser vendidas com a celeridade necessária. Mais, o dinheiro está quase todo consumido e temos ainda obras para realizar", esclareceu Olavo Correia.

Redação - Cabo Verde Direto

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