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sábado, 2 de julho de 2016

[9402] - SOMOS MUITOS MILHÕES...


Não há quem não saiba que são os taxistas quem mais depressa, e melhor, faz a leitura da realidade. Ora, eu comecei o dia na cidade da Praia com um motorista de táxi a dizer-me que "o Benfica é universal" - coisa que eu dispensava ouvir - para iniciar uma conversa sobre futebol em que o Miguel - assim se chama o taxista - me garantiu que o apoio a Portugal é total. "Cabo Verde é Portugal", lembrou o Miguel, secundado pelo presidente da República de Cabo Verde, que, há dias, chamou à conversa as origens cabo-verdianas de Renato Sanches, Nani e Eliseu, os três titulares na selecção portuguesa.
Houve uma polémica sobre o onze da selecção apoiado por onze milhões que, afinal, eram mais porque faltavam lá os cinco milhões da diáspora. Pois que se esqueceram, como dizia Pessoa, que a nossa pátria é a nossa língua. Por Portugal somos dezenas de milhões. Ninguém me contou, eu vi na ilha de Santiago em Cabo Verde. A nossa vitória é a vitória de dezenas de milhões.
Foi nos penáltis, malditos penáltis. É uma dor no coração, uma lotaria, uma coisa que devia ser proibida sempre que não houvesse a certeza de que Portugal ia ganhar. Mas a diáspora é muito grande. "Cabo Verde é Portugal", todo o mundo que fala português é Portugal. Que lindo foi ver este jogo em Cabo Verde, com portugueses e com cabo-verdianos, todos juntos em defesa da língua que grita bem alto o apoio a Portugal. Fica o conselho para os governantes portugueses: a diáspora e os cidadãos dos países que falam português merecem também uma homenagem. Somos dezenas de milhões em apoio à selecção de Fernando Santos. Aqui em Cabo Verde, para lá de Cristiano Ronaldo, herói de toda a miudagem, há que destacar Nani, Eliseu e Renato Sanches. Daqui partiram para fazer Portugal mais forte.

(D.N. Paulo Baldaia - Colab. J.F.Lopes)

3 comentários:

  1. Concordo com a eminente comentarista e lamento pelos que estão passando por momentos horriveis pela não aceitação da realidade.
    De notar que desta vez o artigo não veio de nenhum activista pela consevação da lingua lusôfona como vem sendo desde os primôrdios de Cabo Verde que, popularmente se expressava nos seus dialectos. Foi peciso a picadura (não do rika mas) do futebol para fazer-nos andar.
    Afinal, o futebol é mesmo do e para o Povo !!!

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  2. Pois é, o futebol costuma ser desprezado pelos intelectuais, mas é hora de prestarem mais atenção ao fenómeno. Veja-se que nenhuma outra ex-potência colonizadora consegue aglutinar adesão e entusiasmo nos antigos domínios em torno do seu futebol, tal como sucede com Portugal. Alguma razão concreta haverá.

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