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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

[9900] - A FACE ESCONDIDA DA HISTÓRIA...


"1143, quem não sabe esta data não é bom português" é das primeiras frases que o
professor de História nos ensina. Mas há pormenores peculiares da história nacional que
continuam na sombra.
Procure nas entrelinhas de todos os seus livros de História, vasculhe a biblioteca da sua
antiga escola, pergunte aos mais sábios e só muito dificilmente alguém saberá estes
pormenores da História de Portugal. É que todos conhecemos a saga dos
Descobrimentos, a sequência de reis à frente e até as datas mais simbólicas. Mas contam-se
pelos dedos da mão os que sabem que, afinal, Lisboa não é, no papel, a capital de
Portugal ou que os lusitanos têm um gene único.
Regressámos à sala de aula, mas desta vez com histórias que contrariam muitas das
verdades absolutas que conservamos desde os tempos de escola. Descubra tudo nos
próximos 10 tópicos. 

Lisboa não é a capital oficial de Portugal 

A capital oficial do país é Coimbra, onde a corte morou até 1255. Nesse ano, D. Afonso III
quis mudar toda a corte para Lisboa, que se havia tornado numa cidade cada vez mais
próspera. O estuário estava de tal forma desenvolvido que podia receber os navios de
mercadorias, o que motivou muita gente a escolher viver por perto. A certa altura,
Coimbra tinha ficado para trás nas condições de vida que oferecia. Então D. Afonso III fez
as malas e rumou para a cidade. Mas nem ele, nem nenhum outro rei assinou qualquer
documento que oficializasse Lisboa como capital oficial portuguesa: passou a sê-lo de
facto, na prática, porque a corte lá vivia em permanência. Algo que nunca foi oficializado,
pelo que Coimbra continua a ser a capital oficial de Portugal.

Badajoz já foi capital de meio Portugal

Houve em tempos um reino muçulmano na Península Ibérica cuja capital era a cidade de
Badajoz. O Emirado de Badajoz – em muçulmano chamada Ta’waif al-Batalyaws – vinha
desde o rio Douro até ao Alentejo, incluía as cidades de Lisboa e de Santarém, mas
também Castela e Leão.

Portugal já teve cinco capitais ao longo da
História

São 900 anos de História, portanto o número não é de espantar. Tudo começou em
Guimarães, o berço de Portugal, seguindo depois para Coimbra – que permaneceu
efetivamente como capital até ao reinado de Afonso III em 125 [?] – e mudou para Lisboa
quando a residência oficial da corte passou a ser em terras do Tejo. Pelo caminho
estiveram também o Rio de Janeiro (Brasil) e Angra do Heroísmo (Açores), a primeira
durante as Invasões Francesas e a segunda durante o conflito entre liberais e absolutistas.

Há um gene que só os portugueses têm

Chama-se A26 – B38 – DR13 e é um gene que só existe nos descendentes de lusitanos. A
informação presente nesse gene não existe em mais nenhum lugar, nem mesmo noutros
povos fixados junto ao Mediterrâneo.

Tivemos um rei chamado D. Martinho I

Não é que haja um rei escondido do povo português durante séculos. Apenas o
conhecemos por outro nome: D. Sancho I. Quando nasceu, o pequeno Sancho não estava
destinado a subir ao trono: quem devia assumir as rédeas da corte era o seu irmão, o
infante D. Henrique. Por isso, os pais da criança – D. Afonso Henriques e D. Mafalda de
Sabóia – decidiram-lhe dar-lhe um nome que, embora não tivesse tradição monárquica,
combinava bem com ela: D. Sancho I nasceu a 11 de novembro, daí ter sido agraciado
com o nome Martinho. Mas a vida deu voltas. O infante D. Henrique morreu aos oito anos
e foi Martinho quem teve de o substituir. Foi então rebatizado com o nome que chegou
aos nossos livros de História: D. Sancho I. 


Um dos nossos reis era sobredotado

D. Pedro V veio ao mundo a 16 de setembro de 1837. E veio com algo mais particular que
os outros: era sobredotado. Com dois anos sabia falar português, alemão e francês. Ainda
em criança, com cerca de 12 anos, já aprendia filosofia e escrevia de forma anónima em
publicações nacionais sobre assuntos sociais, como os meios de transporte e a
modernização de Portugal. O povo sabia das suas capacidades e colocava nele grande
esperança na forma como lideraria o país, mas Pedro V morreu aos 24 anos sem colocar
nenhuma das suas ideias em prática. 


Portugal já se chamou “Ofiússa”

Não há certezas sobre onde moravam exatamente os ofis. Alguns estudos dizem que vivia nas montanhas a norte, entre o Gerês, Trás os Montes e a Galiza, enquanto outros estudos juram que eles são da foz do rio Douro. De um modo ou de outro, os ofis eram famosos pelo facto de idolatrarem as serpentes. Por isso é que se chamava “Ofiússa“, que significava “Terra das Serpentes”. Daí o símbolo dos reis de Portugal ter sido uma serpente alada, a “Serpe Real”. No entanto, esse símbolo também surgiu por influência celta.

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Espanha nem sempre foi a nossa única
vizinha

Entre nós havia um pequeno país, o Couto Misto, que chega mesmo a ser mencionado
nos relatórios diplomáticos que antecederam o Tratado de Lisboa de 1864. Era um micro
estado que nasceu no século X e que se extinguiu apenas quatro anos depois de o
Tratado ter sido assinado. Este país não tinha mais do que 27 quilómetros quadrados e
era completamente independente: não tinha qualquer relação com a Coroa portuguesa
nem com a espanhola.

Antes dos lusitanos, estavam cá os
estrímnios

Os estrímnios – uma palavra que deriva do latim “Oestremni”, ou seja, “povo do extremo
ocidente” – foram o primeiro povo nativo em Portugal. Viviam entre a Galiza, no noroeste
espanhol, e o Algarve. Só mais tarde vieram os sefes, um povo que idolatrava a deusaserpente
Ofiusa e que eram menos numerosos que os estrímnios. A seguirchegaram à
Hispânia os galaicos e os lusitanos, que encontraram uma terra destruída pela guerra entre os
sefes e os estrímnios. Também estes recém-chegados tiveram de lutar com os sefes para se
poderem fixar por cá.

O pai de D. Afonso Henriques era um pastor
transmontano?

Pelo menos é o que sussurram os rumores. A versão oficial é que D. Afonso Henriques, o
primeiro rei de Portugal, nasceu do amor entre Teresa de Leão e Henrique de Borgonha,
conde de Portucale. No entanto, há outras que dizem que é filho de Egas Moniz ou mesmo
de pastor natural de Trás-os-Montes que teria sido incumbido por Egas Moniz de cuidar
do pequeno futuro rei. Os rumores até vão mais longe: sugerem que o rei era muito mais
alto que qualquer pessoa da sua família…

N.E. - Artigo de Maria Leite Ferreira
Jornal "Observador"
Sugestão de Tuta Azevedo

10 comentários:

  1. Grande Rei, na verdade, Pedro V. Brilhante como Rei e como "simples" pessoa. Uma pena, essa morte prematura.

    Braça real,
    Djack

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  2. Quanto a Afonso Henriques, isso já eu vi em documento da época, era de facto filho de Ibn-Al-Andaluz, um sarraceno que se disfarçou de odalisca e fez uma tournée pelo Reino, com dois meses no teatro Vimaranis de Guimarães, sempre com casa cheia. Nesse meio tempo, conheceu D. Henrique mas acabou por ter mais "contacto" com D. Tareja (era este o nome antigo da mãe do "Conquistador"), à qual se apresentou secretamente como emir de Al-Madan (ou Almada). Vai daí, nasce Afonsinho do Condado que depois se tornou Afonso de Portugal. A história é mais longa mas se quiserem saber o resto falem com o Djosa de nha Bia que ele sabe muito disto.

    Braça com espadeirada a torto e a direito,
    Djack

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    1. Ao reler a stóra, vi que ali onde escrevi "fez uma tournée pelo Reino" deveria ter escrito "fez uma tournée pelo condado". Portanto, nada de misturar condes e reis, embora eles fossem grandes comparsas, nesses tempos recuados em que o futuro Rei Afonso, ainda condezinho, e com tudo que havia de melhor na época à sua disposição, sequer tinha fraldas Dodot. Que tempos!...

      Braça de diazá,
      Djack

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    2. Djack, meteste o Djosa de nha Bia neste assunto porque sabes que durante muito tempo ele foi o caseiro do "castelo" construído por Djô Feio e a que ele deu o nome de Vila Ilina. Aquilo está em ruína, mas consta que o Djosa andou muito tempo a escavar o chão do castelo convencido de que o antigo dono deixou enterrados no local documentos secretos sobre a História de Portugal. Claro que o salafrário do Djosa o que queria era ir vender os papéis como raridades, esperando ganhar alguns escudos para o grogue.
      Ah, e como nunca encontrou nada, dizem que ele foi a uma sessão de espiritismo para ser convocado o espírito do Djô Feio, convencido de que este iria revelar onde estão verdadeiramente os documentos. Só que a pessoa que chefiava o centro apanhou-o com uma garrafa de grogue para aliciar os médiuns e correu com ele.

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    3. Nem mais! Mas o que tu não sabes é que o que o Djosa queria encontrar no solo da cave da Vila Ilina não era papelada sobre a história de Portugal, eventualmente recolhida pelo Djô Fei na sua qualidade de lídimo representante da Sociedade Histórica da Independência de Portugal. O que o nosso conhecido fusc queria era um mítico osso que se dizia ser do Rei D. Sebastião (segundo parece, uma tíbia muito falada à boca fechada na Rua de Lisboa) que segundo constava o Fei adquirira num vapor vindo de Marrocos. Ele mostrou-o uma vez numa sessão da SHIP que teve lugar no salão nobre da Câmara de São Vicente, mas desde logo se começou a duvidar da coisa, pois o osso tinha tamanho descomunal. Ora quando o decepcionado Djosa – que nada tinha encontrado depois de muito escavar – ia a sair de casa do Djô Fei deu perto da porta da rua com o famoso resto mortal junto a um saco de tacos de golfe que o Fei costumava levar para o "brown" de Soncente. Enviado às escondidas pelo ladrão para Lisboa, após análises feitas na Faculdade de Ciências verificou-se que afinal era… de baleia. Bem, mas eu estou para aqui a falar para quê? Está tudo na GEPSV (Grande Enciclopédia da Pirraça de São Vicente). Quem quiser saber mais, que a leia.

      Braça esquelética,
      Djack

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  3. Relativamente ao "Couto Misto" ou "Mixto", ver aqui: https://pt.wikipedia.org/wiki/Couto_Misto

    Cabe dizer que foi aqui que nasceu essa obra suprema da culinária de lanches e pequenos-almoços, fora de outras horas de aperto de fome que é a "tosta mista" e se descobriu que a pele também pode ser "mista", ao mesmo tempo oleosa e seca...

    Braça mistificada,
    Djack

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  4. O que aqui se diz sobre D. Pedro V é a única coisa que eu sabia de entre estas revelações.

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  5. Informações históricas muito interessantes! das questões aqui colocada apenas conhecia a de D. Pedro V, o rei de Portugal mais bem preparado intelectualmente. Foi pena o reinado tão curto. Era (quando estudei História de Portugal) o meu rei preferido; e a outra é sobre a origem da palavra "estímnios". De resto, quase nada sabia, salvo também a má língua que corria sobre a D. Tareja, a progenitora.

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  6. Isto é que se chama um condensado de história

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