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segunda-feira, 23 de julho de 2018

[10076] - CAMPEONATO DO MUNDO DE FUTEBOL - RESCALDO

FRANÇA - CAMPEÃO DO MUNDO DE FUTEBOL - 2018

Fin!

E assim terminam mais umas semanas sempre entusiasmantes, que caracterizam estes períodos dos grandes torneios de futebol. Mais entusiasmo para uns que para outros, como sempre no desporto.
Fiquei, agradavelmente surpreendido com a capacidade russa, para organizar uma competição a esta escala, e pelo envolvimento da população.

Quanto à Bola! Ganhou a França, e diga-se que com todo o mérito. Foi a equipa mais adulta e eficaz do torneio, que mostrou quase sempre uma grande qualidade, aliada a um exasperante sentido prático. Os franceses aprenderam a dura lição da final do Euro 2016, e desta vez entraram com a plena noção do que tinham que fazer. Taticamente, estiveram irrepreensíveis. O futebol croata, que desde o primeiro momento da competição, prometeu muito, não desiludiu. Foi uma prestação fantástica desta belíssima geração de jogadores, que estou em crer, ainda dará grandes alegrias à sua desinibida presidente.

Resta uma menção honrosa para a Bélgica, que terminou no 3º lugar, também merecidamente, após um jogo sempre ingrato, como é este dos vencidos das meias-finais, e onde, mais uma vez ficaram a nu as deficiências da seleção Inglesa.

Fui abordando um pouco, todas as outras seleções, mas cabe ainda fazer uma curta e pragmática reflexão da participação portuguesa:
A queda nos oitavos-de-final, sabe a pouco, até porque, a qualidade parece existir. No entanto, teimou em não explodir novamente. Parece uma equipa inibida de colocar em campo, todo o seu potencial. Houve ainda jogadores que não corresponderam minimamente às expectativas, com o expoente máximo no “flop” que foi a presença de Gonçalo Guedes. André Silva, ficou perdido no esquema tático de Fernando Santos, e também acaba por passar ao lado desta competição. Os laterais estiveram muitos furos abaixo do desejável, até Raphael Guerreiro, que fez um grande europeu, parecia desta feita, algo debilitado fisicamente. Já no centro da defesa estivemos melhor, com Pepe e Fontes em bom nível.

No meio campo as coisas complicaram-se, notou-se a falta de Danilo, e não houve quem conseguisse, realmente pegar no jogo e transportá-lo para o ataque, à exceção de alguns momentos de William Carvalho.
Faltou obviamente algum talento para acompanhar Cristiano Ronaldo. Falta aliás, a esta equipa, um verdadeiro número 10 (à moda de Deco e Rui Costa), que tenha a capacidade de levar a bola para os últimos 30 metros, e que a entregue redonda para os finalizadores!

No ataque, para além do solitário CR7, uns pormenores de Bernardo Silva e outros de Quaresma, não foram suficientes.
Essencialmente, o que mais falta faz a esta talentosa geração, é um treinador com a competência necessária. 

Nunca fui um entusiasta do futebol praticado pelas equipas de Fernando Santos. A conquista do título europeu em 2016, foi um feito assinalável, mas que convenhamos, teve para além de vontade e competência, laivos de milagre dos deuses. Não sou daqueles que gostam de minimizar os feitos nacionais, mas também não me sinto confortável a glorificar, só porque sim!

Resumindo: Parece-me que estes rapazes, que fizeram coisas muito interessantes e relevantes nas camadas jovens das seleções, e que demonstram qualidade nos melhores campeonatos do velho continente, necessitam de um líder mais corajoso e menos conservador.

Reencontro marcado para o Euro 2020, onde Fernando Santos, terá a oportunidade de desmentir todas as barbaridades que lhe apontei. (E eu ficarei então muito feliz por estar errado!)

sexta-feira, 13 de julho de 2018

[10075] - CAMPEONATO DO MUNDO DE FUTEBOL - FINAL

Mbape e Modric as estrelas da final.


Finalmente!

E chegamos ao dia “F”, depois de muitas horas de peripécias, com mais ou menos queda, chegaram à final as equipas que fizeram por isso, e que não falharam nos momentos cruciais.
Ficaram relegados para o “triste” jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares: uma Bélgica que deixou a sensação de “quase lá”, e que praticou um futebol por vezes entusiasmante, e uma Inglaterra, que confirmou que ainda não está preparada para mais altos voos.

A final:
A Croácia, confirmou o alto potencial que tem evidenciado nos últimos torneios. Acabou por não ceder no aspeto físico, apesar de ter mais quilómetros nas pernas e demonstrou ser uma equipa que consegue um equilíbrio entre: Estratégia – Arte – Intensidade, e que não deixa ninguém indiferente. Palpita-me que, excluindo os francófonos, o resto do planeta estará a torcer por eles!
Por sua vez, a França não desapontou quem apostou na sua imensa qualidade e consistência. Está por direito próprio naquela que é a segunda final consecutiva de uma grande competição, facto, desde logo assinalável. Isto, apesar de ter uma equipa muito jovem e com muitos estreantes em grandes competições (não se nota!), a experiência acumulada das suas principais unidades, deverá indicar o caminho do sucesso, daquela que parte como favorita à vitória no jogo do próximo dia 15 em Moscovo.

Bem! mas estamos a falar da mesma França que partiu como clara favorita à final do Euro 2016!!! Será que teremos um Ederic no caminho destes gauleses???


domingo, 8 de julho de 2018

[10074] - MUNDIAL DE FUTEBOL RÚSSIA - MEIAS FINAIS

Neymar - Acabou por passar ao lado de um grande Mundial. 


Porta aviões ao fundo!


Caiu mais um dos grandes favoritos, o Brasil. Embora praticando um futebol de grande qualidade, faltou baliza aos canarinhos, e quando falo de baliza, é da adversária. Numa equipa onde o ponta de lança, faz todos os jogos e não marca qualquer golo… fica difícil!

Por outro, lado a Bélgica montou um sistema tático irrepreensível e muito inteligente, fixando Hazard e Lukaku nas pontas, junto à linha de meio-campo, que prenderam sempre 3 elementos da seleção do Brasil, brilhante!!! Depois teve uma transição atacante venenosa e vertiginosa, com um De Bruyne a comandar as tropas. Pecou somente o selecionado belga na segunda parte, por falhar a definição do último passe, de outra forma, teria sentenciado a partida mais cedo.
Quanto ao Brasil, tentou de tudo, é verdade, mas não houve acerto no último momento, e quando era preciso aparecerem, a verdade é que as estrelas se apagaram, e além do mais, no futebol é necessário concretizar!

A Europa ficou assim com e exclusividade das meias finais do torneio. E ficam três das equipas mais consistentes deste campeonato do mundo, e que melhor futebol têm praticado: França, Bélgica e Croácia, embora esta última, pareça já presa por arames!!!

FRANÇA-BÉLGICA
Grande partida em perspetiva, naquela que seria provavelmente a final mais “justa”. Os franceses e os belgas, chegam a esta meia-final com um registo de vitórias em todos os jogos efetuados, e diga-se que de forma clara e justa!

Torna-se quase impossível fazer um prognóstico para esta contenda, tal o equilíbrio entre os dois conjuntos. Pela maior constância e inteligência tática, para além da tremenda qualidade demonstrada em todo o torneio, vou arriscar uma ligeira vantagem belga.

CROÁCIA – INGLATERRA
Este “lado” da grelha, propiciou, e não acho que apenas teoricamente, uma campanha menos exigente. A Croácia eliminou uma Rússia, que apesar de tudo, acaba por surpreender, pela persistência em fazer a vida difícil aos seus adversários, a Espanha que o diga. Mas não dá para abusar da lotaria dos penaltis… um dia a “sorte” muda!

Os ingleses, não tiveram ainda uma partida a sério, frente a uma seleção de 1ª linha (a derrota com a Bélgica na fase de grupos, não entra para estas contas). Parece-me uma equipa curta e com algum déficit de criatividade. Seria de esperar que neste particular os croatas fizessem a diferença, o que pode bem acontecer, porque têm uma equipa, com mais talentos, o pior é que parecem já bastante desgastados e com dois prolongamentos a mais. Parece pouco? são só mais 60 minutos nas pernas, que poderão ditar uma balança mais inclinada para os súbditos de sua majestade.
Muito equilíbrio! a condição física vai decidir!



quarta-feira, 4 de julho de 2018

[10073] - MUNDIAL DE FUTEBOL RÚSSIA - QUARTOS DE FINAL

Cavani (Uruguai) - Após marcar o 1-0 aos 7 minutos de jogo

CHEGADOS AOS QUARTOS!

Terminou a segunda fase, entre algumas confirmações e outras deceções. A seleção das quinas, voltou para casa, depois de um jogo onde finalmente apresentou alguns laivos de qualidade, mas que perante um Uruguai muito adulto e compacto, não teve o engenho para desfazer a táctica bem engendrada por Tabarez. Tinhamos vaticinado que se faria a diferença nos detalhes, e o detalhe teve um nome… Cavani!
A maior surpresa, terá sido a eliminação da Espanha, que na falta de plano B ao "TIKI-TAKA", não conseguiu levar de vencida, uma selecção banal como a Russa. Prevaleceu o factor casa na semi-lotaria dos penaltis.
Quanto ao resto, o esperado adeus da Argentina de Messi, ante uma França com personalidade e qualidade e a prevalência dos que se perfilavam como favoritos.

Vejamos então, o que nos reservam os quartos-de-final:

URUGUAI-FRANÇA
Por mais que gostasse de ver a França contorcer-se mais uma vez diante de uma nação mais pequena de futebolistas guerreiros e quase “europeus” no estilo destes uruguaios, julgo que vai prevalecer a lei do mais forte e aos sul-americanos, desta vez, Suarez e Cavani, não serão suficientes. A França tem mais soluções.
A França parte como favorita à passagem às meias-finais.

BRASIL – BÉLGICA
Palpita-me que nenhum dos conjuntos queria encontrar o outro nesta fase, mas os caprichos dos emparelhamentos dos grupos, assim o ditou. Este é um grande jogo em perspectiva. Os Belgas, que têm confirmado as suas credencias, e embora tenham tido um inesperado sobressalto frente ao Japão, chegaram com grande facilidade e qualidade futebolística até aqui. 
O problema é que, encontra pela frente um Brasil em crescendo e com intérpretes de elevadíssima craveira. Se tudo correr com normalidade, julgo que o Brasil não deverá deixar fugir a possibilidade de passar à próxima fase, no entanto, a Bélgica terá as suas hipóteses, e se houver pouca concentração dos canarinhos, não vai perdoar.
Ligeiro favoritismo do Brasil, nesta contenda.

RÚSSIA – CROÁCIA
Aos Russos, esta é uma prenda inesperada, pois, a maioria já nem contava estar ainda em acção nesta fase. Os Croatas apresentam um conjunto de qualidade muito superior aos Russos, pelo que em princípio, a passagem às meias, seria indiscutível. Mas de repente, parece que o “factor casa”, começou a valer, pelo que tornou as contas do apuramento, menos claras.
Não deixo, contudo, de dar o favoritismo ao conjunto de Modric e companhia.

SUÉCIA – INGLATERRA
Os suecos foram apurados, num grupo nada fácil, e lá vão andando em pezinhos de lã. É verdade que eliminar a Suíça, não é nenhum feito histórico, mas o resultado é que chegam aos quartos, em condições de fazerem uma gracinha, até porque a Inglaterra, apesar de ter uma bela equipa, toda baseada na Premier League, não tem uma ideia de jogo muito consistente. Vai ser uma partida muito equilibrada, em que, quem errar menos terá o prémio de acesso às meias-finais.
Apresenta-se um muito ténue favoritismo britânico.

Paulo Azevedo

sexta-feira, 29 de junho de 2018

[10072] - CAMPEONATO DO MUNDO DE FUTEBOL - III


ANTEVISÃO DOS OITAVOS- DE-FINAL


FRANÇA – ARGENTINA

A França demonstrou ser um conjunto mais equilibrado, isso apesar de não deslumbrar. A equipa alviceleste, não convenceu, assim como Messi, pareceu sentir a falta dos seus companheiros do Barça. Será com certeza, um dos jogos mais interessantes de seguir desta fase, tratando-se quase de uma final antecipada.
Com as devidas reservas, parece-nos que a França parte com alguma dose de favoritismo.


URUGUAI – PORTUGAL

O Uruguai passou pela fase de grupos com três vitórias, mas a verdade é que não foi posta completamente à prova. Quanto a Portugal, ainda não convenceu, tendo como atenuante o fato ter estado num grupo, claramente mais competitivo.
Estamos perante uma “tripla”, pelo que tudo se resolverá nos “detalhes”. Esperemos que um deles seja um CR7 inspirado.


ESPANHA – RÚSSIA

Se tudo correr com normalidade, e apesar do “factor casa”, a Espanha também parte como clara favorita nesta eliminatória. Na verdade, a Rússia, soçobrou claramente, no único verdadeiro teste da primeira fase contra o Uruguai.
A Espanha parte como clara favorita.


CROÁCIA – DINAMARCA

O futebol de grande qualidade e eficácia, praticado pelos croatas, um dos conjuntos que encerraram a primeira fase, só com vitórias, deverá ser suficiente para uma Dinamarca, pragmática, mas com acções muito previsíveis.
Quanto a mim, os croatas perfilam-se para serem uma das grandes “surpresas”, deste campeonato.


BRASIL – MÉXICO

O México começou em alta e acabou em baixa a fase de grupos, deixando poucas razões para acreditar que tem soluções para derrotar um super-favorito Brasil, que apesar de ter contra, o comportamento egoísta de Neymar, tem claramente mais argumentos.
Com grande dose de confiança, o Brasil, pode ir marcando o hotel para a próxima fase.


BÉLGICA – JAPÃO

À Bélgica terá saído o brinde desta fase de apuramento. O futebol não é uma ciência exacta, mas não acreditamos que os Nipónicos tenham o mínimo de argumentos para esta talentosa selecção belga.
A Bélgica parte com uma dose muito elevada de favoritismo.


SUÉCIA – SUIÇA

No jogo de menor cartaz destes oitavos-de-final, defrontam-se duas equipas muito parecidas, embora a Suiça tenha individualidades mais criativas do seu lado. Contudo, já assistimos (Suécia – México), como o conjunto sueco pode ser terrível mente eficaz.
Guardo aqui, uma pequena dose de favoritismo para o conjunto sueco.


COLÔMBIA – INGLATERRA

Mais uma partida com forças altamente equilibradas, isto apesar de estarmos perante duas equipas com características algo distintas. Os colombianos, mais repentistas e imaginativos, os ingleses mais físicos, retilíneos, mas, contudo, mais tecnicistas que em gerações anteriores. Vejamos se o facto desta Inglaterra, não ter sido realmente posta à prova na primeira fase (a partida com a Bélgica não contou), não lhe custará o apuramento.
Outro jogo de “tripla”, com ligeiro favoritismo para os ingleses.

Paulo Azevedo

[10071] - CONTOS EM CRIOULO - 2ª PARTE


TCHUTCHINHA

(CONTINUAÇÃO)


Naquêle nôte pességers en’pude dermi d’rivóde quêle castigue que tava de riba de Crispin.

Tchutchinha, um mocreta mute mestóra que ta te v’rá sê camin pe Dacár, f’cá pequentóde: 
-- Cuitóde!, se Crispin en’tevêr quem por êle, êl’ê  muito bem capéz de torná v’rá pe Côbe-Verde, i, inda temá castigue ne c’labôce. Um rapéz assim inda nôve, tchô de coraja d’impeitá terra d’estrengêr, devia ser pertigide. Lá ne Dacár ele t’otchá lôg trabóie i jé’le te podê jedá sê m~e tudes fim de mês. Menhá, sim, que nôs d’simbarcá, m’ta bâ im cáta de sê ti:
É um pècóde ninguém vèlê,le.

Pósse de mar tava te gripassá ne costóde déquêle navi i já uns prescadôr que tava tê bem de Gorê, ne sês canôa, bâ tchegônde pa perte, te perguntá s’êle en’dinha grôgue pe trocá pa pêxe. Nhô Tiôfe mandá pô pêpêl im dias i, espôs de tude na fórma de lei, êle tive ordá pe daxá desimbarcá pessêgêr. Assim que senal abri, quêle navi intchê de fí de Cóbe-Verde, uns te pedi nutiça, ôtes te trèzê inc’menda, cada um te lêvá sê perênte que tinha tchegóde, num brafunda de braça, tchôre i sodêde. Despôs contra meste bâ bescá Crispin.
-- Bô tem denhêr pe pagá esse viaja?, g’rinha sim?
-- Nõ senhor!, nhe ti Jõ tinha mandóde dezê qu’êle tava pagá êi, ne Dacár. Cê derâ-me ba pa terra, qu’ hoje mesma nô ta bem trezê conta desse passaja.
-- Crispin, já-me ti te fezê demâs. D’êi de borde, bô en’de sêi.
Menhá, na bóca da nôte, gente te levantá fèrre i bô tem que v’rá pe Cóbe-Verde, pe p’liça temá conta de bô destine. Inda se bô tevésse denhêr dêsse viaja, nhe Tiôfe ta fetchá ôie; assim êle te riscá mâs prejuize.
-- Nunca Dês desimpará sês fi! Sô se m´fôr mute meldiçuóde pe en’percê um alma de cridéde pe bâ na terra tchemá nhe ti Jõ, quê p’êle bem velê-me! M’te bradá pe conciença de cês tude pe mí-ne tem que v’rá ôte vez, pe bâ pená n’incristia de marga vida i cadêa. Cês tude vèlê-me p’amor de Dês!
Foi nesse dezende-fêzende que Tchutchinha antrá ne conversa:
-- Môce!, mim, ê que ti ta bâ ter c’bô ti. C’pitõ mas lôg m’tê bem. Cê podé cunfiá nâ mim. Mim ê c’nhecida ne tude esse Dacár! M’tem créte c’gente de q’lidéde. Nhe padrin ê Antône Alcantra; cê en’de c’nhecê-le? Qónde te bem navi ê ne nha casa que português –de-lisboa te bem desprajá. M’tem fama na tude esse Dacár!
Nha nôme ê Tchutchinha, lá des Fontaínha de Nª Sª de Livramente
-- Nõ, en’de percezá mâs estóra! M’t’ estratá de saída desse navi i q’ónde m’vrá m’qrê otchá esse trapaça resulvide.

Tchutchinha en’bêm nequêle datérde i nhô Tiôfo, especencióde, mandá trancá novamente Crispin ne paiôl. Naquêle outrom dia, sôl já te cambá na mar, gente de terra  tinha vinde  pe despedí i trezê inc’menda pâ sês famía. Um canôa bem te tchegá i trezê ne sê pôpa Tchutchinha, te çaná cúm lence, sês ôie resguardóde c’uns ôcle escure.
-- Nome de M’rissentissima!, onde ti de Crispin?
-- Êle m’rrê esturdia, debóxe dum lingada de vapor!
-- Dióbe d’inferne. Nôs tem que levá esse desgraçóde na volta.
-- Nhe Tiôfe, cê en’dí ta bâ levá côsa nenhuma! Cê ti t’esquecê margura dum pobre que ti te fegí de sê terra, im cáta de trabóie n’estrangêr, pur via de planeta mó ne sê rebêra de nescença. Ocê quê de nôsse naçõ, cê tem alma i conciença de torná m’tê ne penitença um fí de Côbe-Verde? Já cê esquecê tante precisóde te pedi ajuda? Cê ao mim ê honróde, sem vergonha de dezê que mim ê mocreta limpa, sô de gente princepal ne suciadéde de Dacár, ma mim ê incapéz de en’vèlê um cuitadin. M’espêra q’ômènes cê preduésse esse pêcador i fezêsse um c’ridéde p’êle g’rentisse um pô pe sê m~e . D’onte pâ hoje m’temá imprestóde, m’ganhá denhêr vive n’honra de nhô côrpe pe m’remésse esse despesa de passaja de Crispin. Cê temá esse conta i Dês que dá ocê boa viaja, nhe Tiôfe!

Mim ê limpa i honróde i cunecide ne suciadéde de tude esse Dacár. M´’tem créte m’tem fiadôr qu’ê nhe padrim Antône Alcantra. Esse denhêr foi ganhóde debóxe de goste de nhô côrpe. Nunca m’bençuá tante nhe mucindéde c’mê desd’esse nôte, prequê m’jedá um fí de nhe legar otchá um greta pe podê trabaá pe sê vida i leviá pena de sê m~e.

Cê mandá cumfrí esse dinhêr i soltá Crispin pe m’lêv’êle pa terra! Dês e as alma santa tem que dá ocê boa vija ne mei desse mar, nhe Tiôfe.

L. Romano.

COLABORAÇÃO: DJEU

terça-feira, 26 de junho de 2018

[10070] - CONTOS EM CRIOULO - 1ª PARTE



TCHUTCHINHA

CONTO: Linguajar caboverdiano da Ilha de Santo Antão / Extraido do “Negrume”

Já aluz de porte de Dacár ta te parcê naquele bóca da nôte.
Túdes pessêgêr dexá sês legar pe bem temá fê de nutiça. Nhe Tiôfe metê ne sê japona, infiá sê barrête i mandá p’inclercê farôl de prôa pe seg’rança de sê navi. Ele tava tê bem de Semecente c’rregóde de gente. De Dacár quele viajá tava continuá p’a Costa., tê Bissau.

Assim c’m’ assim, sô naquêle ótrum dia ê qu’êle táva antrá pe largá férre. P’rinquênte êle tinha que guentá véla, te bordêjá i perveitá algum rofêga pe tchegá mas perte de terra, que gente inda en’dá t’oiá, ma ôie ta dev’nhá pe quêle nóda escure que tava te lemiá quês luz de farôl na costa.
Êle tch’má contra-mêste i êle dá órda pe pôve bésse pe sês legar no prõ, i en´destrovésse marnhêr trofêgá, nem trepaésse mendamente na hora de bordada.

Foi assim: que pe móde êle ter ingatóde ne pertalôa de cambra de c’pitõ, que quêle môce de Sentantõ bem num cuncluta espancá de riba de nhô Tiôfe. Bordada foi demâs i luz tava pagóde naquele cónte.
-- Iszus! Nome d’Iszus, quem ê bô criatura?
-- Cê perdoê-me! Nha nome ê Crispin dus Santu.
-- Crispin dus Santu? Bô ê pessêgêr?
-- M´ti ta bem pe Dacár ter c’nha ti Jõ.
-- Vigia!, tchmá contra-mêstre p’êle trêze um lempiõ i dôs mar’nher pèquê nôs te c’um desgraçóde fegide!, nhô Tiôfe ba te dezê já sujeitónde quêle dióbe pe catchóce, num dataria de desofôr i meldeçõ. Árra c’u dióbe!
·         Crispin foi sujegóde i éntes quês metêsse êle p’plôit na côrpe êle tive que descubri_ -- que sê ti jõ ranj’êle carta de chamada, ma que félt’êle recurse pe comprá passaja i destratésse de p’ssaporte pe Dacár. Êle tinha preveitóde daquele navi ne Semecente, onde êle gátchà ne p’rõ, de nôte ne mei d’ôtes pessêgêr. Espôs, sempre escundide num atóde de culchõ, assim êle guentá; tê que quele pôve en’dá pe êle ,te  t’m’éle tembê p’um pessêgêr.

-- I vames a vêr um côsa, pequê bô fegi?
-- Pequê m’tinha caíde-na-sorte i mí-ne q’ria dexá nhã  m~e –vêa sem um ajuda d’um vintem de Dês.
-- Bô ê de Sentantõ?
-- Mí ê, nhe Tiôfe. Nhe pépé era cunecide pur Ontône Meguêl dus Santu; ele tinha side cóbe-chéfe ne R’bês’Alta, terra de tude nhe naçõ de famía.
-- M’oiá lôg que bô era gente de Sentantõ! Terra de pôve mas lançóde de mundo! Nunca vi!, te tchegá estebaquêróde, t’antrá num navi alheie sem pedi lecença, te f’cá imberóde na funde de p’rõ, n’industra de pendê p´estrengêr, sem veluá tramóa qu’êle te bem ranjá menhá céde ma guarda de c’petanía de Dacár. Sem sebê qu’esse navi ti ba ser multóde, n’imperpine de f’cá de corentêna, esse carga de riba de nha lombe, pequê mi qu’ê responséve. Árra c’u dióbe!
-- M’oá lôg que bô era de quêle terra de Sentantõ: sem méde, sem fiança i sem p’ssaporte.
-- Pur uvir a dezêr cê tembê cê ê d’alá!
-- Ni ê de banda de Senagóga, ne Rebêra Grânde.
-- Nhe Tiôfe, m’te pedi ocê pêrdõ! Inda m’tem quem pur mim ne Dacár. Em tchegónde m’te mandá rècóde i nha ti Jõ te bem bescâ-me, te pagá fiança i cê te dexâ-me bá pa terra ganhá um ajuda pe-me mandá nha m~e  que f’cá ne deficuldéde. M’incostá n’ocê pèquê me sube que cê era de Sentantõ.
-- Ondê que te morá bô ti Jõ? C’me sê nome intêr?
-- Morá mí-ne sébe derei temente. Na êle ti te vevê êi ne Dacár, dias-há! Sê nome ê Jõ Meguêl dus Santu. Nesse navi tem cristõ que sébe donde êle t’assistí. Ê sô mandá recóde menhá, qu’êle méme te bem tema conta de mim. Cê jedé-me, nhe Tiôfe! M’te f’cá ingregonhóde lá funde de p’rõ, i q’onde/ p’liça ba’mbôra, mite fiança ocê nhô mo  de palavra que mí-ne da ba intojá sê vida nem sê trabóie.
-- Môce!, dexá de cunfiadeza d’inchené-me nhes ubrigaçõ. Dexá de ser/tchefre! Contra-meste!, cê manda ftchá esse lançóde ne paiôl de convês, tê m’resolvê sê destine, depôs de vezita de c’petania, manhá céde.

(CONTINUA)

COLABORAÇÃO: DJEU

[10069] - CAMPEONATO DO MUNDO DE FUTEBOL - II

25 JUNHO - RICARDO QUARESMA - RÚSSIA 2018

Portugal nos Oitavos
Com uma magistral "trivela", ao minuto 45, Ricardo Quaresma, pôs Portugal na frente do marcador na partida desta noite contra o Irão, e que encerrava a participação de ambas as equipas na fase de grupos do Campeonato do Mundo.

Ao Irão era obrigatório ganhar, para almejar a próxima fase, à equipa da quinas, bastava o empate, ficando a ideia que o seleccionado, tinha ordens para adormecer o jogo, e foi o que fez na maioria do tempo, com posse de bola, mas sempre muito longe da área adversária.

Faltou à equipa das quinas, matar o jogo, como se diz em linguagem futebolística, quando Cristiano Ronaldo falhou a conversão de uma grande penalidade aos 52 minutos, este factor revelou-se num verdadeiro tónico para a equipa do Irão, que ganhou confiança e se lançou ao ataque.

Nessa fase, ficou patente a nossa incapacidade de construir jogadas de perigo em transição, de forma a aproveitar o maior balanceamento dos iranianos. Houve uma maior pressão sobre o nosso meio campo e defesa, mas temos que destacar neste particular, a assombrosa exibição de Pepe, um muro intransponível!

Diga-se que tivemos demasiadas intervenções do VAR, num jogo muito quezilento, principalmente por parte do conjunto treinado pelo português Carlos Queiróz, os iranianos tanto se queixaram do VAR, que lá conseguiram arrancar, em período de descontos (93 minutos), uma grande penalidade (quanto a mim inexistente), e que trouxe, o já habitual final dramático das partidas do conjunto de Fernando Santos.

A melhor notícia é que o empate chegou para passar aos oitavos-de-final da competição, onde vamos encontrar o Uruguai.

A Espanha, mercê do empate tardio que conseguiu contra a surpreendente Marrocos, qualificou-se em 1º lugar, no grupo de Portugal e vai defrontar a Organizadora, Russia, na próxima fase.

O Irão e Marrocos terminam assim a sua participação no Campeonato do Mundo de Futebol - Russia 2018.

É permitido sonhar mais um pouco, até ao próximo sábado... pelo menos!

Paulo Azevedo

domingo, 24 de junho de 2018

[10068] - OS DEGREDADOS



DEGREDADOS

Foi numa madrugada de janeiro melancólica e lúgrebe com um carme dantesco. Sob uma chuva miúda e fugida entre duas filas de guardas de baioneta armada, marcham para o cais os degredados.

Na rua erma e gélida qual catacumba em que a romper o silêncio apenas ressoava o passo regular da soldadesca, um taberneiro madrugador abria a loja, especava-se depois entre portas a ver desfilar aquele cortejo de desgraça e, erguendo o braço espalmando a mão suja murmurava rindo alvarmente:-- “ São vadios…”. E eles os párias que a justiça proscrevia, passavam cabisbaixo e andrajosos dardejando olhares de fome.

Eu, quedei-me a examinar esses presos dos quais apenas uns seis, de melenas e ar gingão inspiravam asco; a maioria dos da leva uns vinte talvez, tinham o tipo d’operários sem trabalho e caminhavam com uma atitude de verdadeiras vítimas da imperfetibilidade social.
Horrorizava ver, numa selva de baionetas, marchar para a morte lenta ou para o vício, esse contingente do grande exército dos sem pão; e levavam o sinete do vilipêndio, esses desgraçados que poderiam ser cidadãos honestos e generosos. O taberneiro o dissera! Eram vadios…

****

      Chegada ao cais a força fez alto, uniu as fileiras, e as coronhas da Mauser batendo pesadamente no solo produziram um som cavo e profundo como um dum rumor subterrâneo; as águas barrentas e revoltas do rio batiam numa fúria impotente contra a muralha do molhe e, de lá em baixo, fortemente atracado, o rebocador bambaleava-se galhardamente de popa à proa esperando fumegante o momento de conduzir os presos para o paquete.

-- Agora, no cais procedia-se à chamada; um sujeito grave, de certa idade bradava já em voz irritante o último nome da lista que tinha na mão: “ João Maria”, pronto! Disse um rapaz ainda imberbe que chorava em silêncio.

Uma mulherzita sua conhecida que chorava a meu lado contou-me a sua história. Ele era enjeitado, aprendiz de carpinteiro, um dia despediram-no e o pobrezito, depois de procurar em vão em que ganhar a vida, viu-se sem dinheiro e sem abrigo e passou a dormir nas praças públicas; foi preso várias vezes; por último deram-lhe parte e agora lá o mandaram para essas áfricas …

Afastei-me confrangido ao ouvir esta história que tinha tanto de singela como de trágica.
E enquanto os clarins dos navios de guerra tocavam a alvorada n’um tom plangente e triste como uma marcha fúnebre, a bordo do rebocador, esse contingente do grande exército dos sem pão dispunha-se de lágrimas nos olhos e coração opresso a partir para a morte ou para depravação se não morressem pelas febres aprenderiam a ser criminosos!
Eram vadios….

Armando D’Aquino
Em “ A luz” Lisboa, 25 janeiro de 1909

Nota: - Cabo Verde – A deportação portuguesa para Cabo Verde parece ter sido verdadeiramente significativa no século XIX. De acordo com os dados de António Carreira, foram deportados para o arquipélago 2.433 condenados, dos quais 81 mulheres”

COLABORAÇÃO: DJEU

quinta-feira, 21 de junho de 2018

[10067] -CAMPEONATO DO MUNDO DE FUTEBOL - I


ANÁLISE GERAL - 20 JUNHO 


GRUPO A

Rússia – Ganhou confiança com a goleada da estreia, não tendo ainda sido posta realmente à prova. Não me parece com tarimba para muito mais, contudo o facto e jogar em casa, pode ser galvanizador.

Arábia Saudita – Claramente uma das mais frágeis seleções do torneio. Alguma técnica, mas pouco mais.

Egipto – Com a estrela, Salah, em défice físico, e a derrota a abrir, as coisas ficaram muito complicadas, para uma seleção que prometia fazer uma gracinha.

Uruguai – Sem grande brilhantismo, mas com competência suficiente para passarem á segunda fase. Não nos parece uma equipa talhada para grades surpresas.

GRUPO B

Portugal – Uma entrada em bom plano e um apagão de ideias, uma equipa deprimida e muito previsível. Se não mudar os seus processos, será mais uma desilusão para os fans de Ronaldo, que parece estar muito mal acompanhado.

Espanha – Até ao momento, a equipa que praticou o melhor futebol, confirmando o seu estatuto de favorita. Uma equipa experiente e muito rotinada, vai ser difícil bater esta Espanha.

Marrocos – Uma equipa bem arrumada e altamente competitiva. Pode-se queixar de alguma falta de sorte, mas de qualquer forma, no futebol é preciso concretizar. Deixou contudo, uma boa imagem do seu futebol.

Irão – Bem arrumada defensivamente, mas com carências notórias, quando se torna necessário atacar, coloca-se em posição de ser a equipa que vai decidir sobre a classificação do grupo.

GRUPO C

França – Uma entrada tímida, mas com um potencial que convém confirmar. Grandes individualidades que ainda não acertaram como equipa. esta França não deixa de ser uma das mais fortes candidatas.

Austrália – O seu estilo de jogo direto e muito físico, deixa antever grades dificuldades para todos os que os defrontarem, no entanto, não nos parece ter ainda consistência para almejar chegar a uma fase mais adiantada.

Perú – Uma equipa com um futebol alegre e de ataque, no entanto, pareceu faltar alguma experiência destes palcos, num grupo muito equilibrado, vai ter a vida muito difícil.

Dinamarca – A experiência e competência, são adjetivos que colam bem com esta equipa muito compacta, complementada com elementos que podem desequilibrar, é uma seleção talhada para fazer a vida difícil a qualquer adversário.

GRUPO D

Argentina – Quando o seu astro Messi, não acerta, a equipa fica órfã de ideias, vida muito complicada para a seleção da Pampas, que teima em não acertar como equipa.

Islândia – Um pouco á imagem da Austrália, mas neste caso, com ideias de jogo mais concretas. Á imagem do Euro 2016, já provou que pode ainda causar alguma contrariedade aos favoritos à passagem no seu grupo.

Croácia – Recheada de nomes sonantes, que jogam nas principais ligas europeias., esta seleção tem tido, contudo, alguma dificuldade em afirmar-se, estamos sempre à espera que apareça a interpor-se entre as mais cotadas, veremos se é desta.

Nigéria – Um começo em falso para a seleção mais cotada de África, e o facto de estar num grupo muito equilibrado, vai tornar a tarefa de passagem á próxima fase, numa missão muito difícil.

GRUPO E

Costa Rica – Como em outras situações, vem de um grupo de apuramento, onde os competidores, estão num nível médio inferior às restantes confederações, pelo que mostra quase sempre o mesmo déficit competitivo. Para além do mais, ficou num grupo forte, onde as suas hipóteses são pouco mais que nulas.

Sérvia – Outra equipa recheada de excelentes individualidades, mas onde parece faltar ainda alguma consistência coletiva. Parece-nos tarefa muito difícil, contrariar o favoritismo da Alemanha e do México.

Brasil – Um futebol demasiado redondo e algo fulanizado, pode deitar tudo a perder, para uma das mais interessantes gerações de futebolistas brasileiros das últimas décadas. Vamos ter que esperar pelo segundo jogo, para aquilatar da real capacidade competitiva desta equipa, o que passa por termos um Neymar mais solidário.

Suíça – Uma equipa sem grandes individualidades, mas muito arrumada, que tornou a vida do Brasil muito difícil na primeira jornada. Cremos que discutirá a palmo, a qualificação com a Suécia e o Brasil.

GRUPO F

Alemanha – outra entrada em falso de um crónico favorito. No entanto, e pela inegável qualidade da equipa, se não se agudizarem alguns dos problemas internos, continuará a ser um dos principais candidatos à vitória neste mundial.

México – Surpreendeu a capacidade de anular a equipa alemã na primeira jornada, mas a verdade é que estamos a falar de um coletivo que já tem muita experiência internacional, e que está muito rotinado. Será com certeza uma equipa para chegar a uma fase mais adiantada da competição.

Suécia – Uma seleção que já nos habituou a atuar como um pendulo. Na linha de outas seleções escandinavas, será sempre um oponente desconfortável. Contudo, não lhe vemos qualidade suficiente para ir além da segunda fase.

Coreia do Sul – Um estilo muito próprio e alguma qualidade técnica, ainda não são suficientes para esta seleção almejar a mais do que uma passagem pela fase de grupos.

GRUPO G

Bélgica – Uma das seleções mais prestigiadas do certame, fruto da sua história recente e da posição no ranking. Contudo, demora em confirmar aquela, que para muitos, é a mais dotada das gerações de futebolistas Belgas, esperamos sempre ver um pouco mais.

Panamá – Uma passagem pela fase de grupos, e pouco mais se espera desta equipa de completos desconhecidos do planeta do futebol. Se conquistar algum ponto, será com certeza um feito assinalável.

Tunísia – Assim como as suas congéneres africanas, subiu um patamar na qualidade de jogo, contudo, parece-nos que ainda lhes falta a necessária experiência destes palcos, para poder sonhar com algo mais.

Inglaterra – Desde 1966 que esperam por algo grandioso, no entanto, e apesar de estarmos perante uma equipa recheada de excelentes executantes, não nos parece que tenham futebol suficiente para altos voos. passará sem problemas a fase de grupos, porque está num grupo claramente acessível.

GRUPO H

Colômbia – Está inserido num grupo onde partia como claro favorito, mas fruto da escorregadela inicial, ficou à mercê dos sortilégios de um dos mais equilibrados e imprevisíveis grupos.

Japão – Com aquele espírito lutador e alguma capacidade técnica, este japão tem vindo a crescer, de participação em participação. O empate com a Colômbia, estará intimamente ligado ao facto de esta ter jogado em inferioridade numérica, quase toda a partida, mas diga-se, que por culpa própria. Será a equipa capaz de desempatar o grupo? veremos!

Polónia – A sua estrela, esteve meio apagada na primeira contenda, contudo é uma equipa com excelentes argumentos, mas com um plano de jogo sempre muito linear, estamos em crer, que esta previsibilidade não a deixará ir muito mais longe.

Senegal – Um bom começo da seleção africana que já tem no currículo uma vitória a abrir com a França. Muito fortes estes senegaleses, são claros candidatos a passar à próxima fase, mas não terão ainda argumentos para muito mais.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

[10066] - CONVERSAS COM O MONTE CARA - I

“FALA”  COM MONTE CARA


-- Cmód bocê stá?
-- Fóra quel dorzin na costa… óli’m tâ bai….
-- Mninin de Deus, diazá bô câ dá’m um falinha…
-- Cmô bô sabê, és vida câ stâ fass….
-- Nim pâ mi nim pâ bzôt…
-- Mi’m bem de propozit dá um brasa e mostrá ês fotografia antig de Porto Grande…
-- Rapáz que temp sabê… sin falta de trabái… Tcheu navio de tudo nason!



-- Mont Cara dzê clarin pâ tud mund…
Ovi:- Tem um mont marinhêr na cidade…Bô câ maginá! Lá na Lombo, anton, era negóce de tud spêce que bô podê pensá! Descontód uns briguinha mód uns groguin d’màs, era temp d´ligria de pôv!....

COLABORAÇÃO: DJEU

sexta-feira, 1 de junho de 2018

[10065] - O DIA DO JOSÉZITO

Pai,

Neste que será sempre o teu Blog, não poderíamos deixar passar em claro, tamanha efeméride. O nosso amigo TÓZÉ, enviou-nos um "belo desabafo", que com a devida vénia, tomo a liberdade de partilhar com outros amigos... Ergamos então os nossos gins e brindemos!!!


Olá Grande Chefe,



Espero que estejas bem (nunca te tratei por “tu", mas como nos conhecemos há 40 anos, dou-me agora a essa liberdade!  ), porque nós ansiamos o teu regresso desta viagem que, convenhamos,  já se alongou demasiado!...

Mas já que resolveste ficar desse lado, cabe-nos aceitar… Falo no plural, porque a Rosário sente o mesmo. Olha, ela está a mandar-te um beijo e um braça, daqueles que só tu sabes dar e receber. Está ali sentada a beber um gin tónico. Como sabes, ela diz que foste tu quem a ensinou a gostar desse mix.

Sabes, em 2016 eu também quis fazer a viagem, mas o teu filho não deixou… Agora estaríamos os dois a degustar um qualquer “são brás", sem correrias, preocupações, desilusões, tristezas, perdas… Enfim… felizes!

Feliz estarias tu se o nosso Sporting não se tivesse tornado num “monte escatológico" de “gente” que derivou da normalidade para caminhos ínvios, desnorteados por carácteres oprobriosos…

Natural, isso sim, é o facto de ausente estares e seres presente. No tempo, que agora é todo teu, estás no nosso. Nos diversos brindes, nos gestos que ensinas, na gargalhada que se ouve e nos abraça; nos locais onde não vais, mas onde te evoco e Lhe peço para que continues bem…

No nosso presente, continuas a ser um presente que temos, daquele tipo que não cabe sob  a copa de qualquer árvore de Natal. Estás presente a cada gesto e passado … só se for o tornedó…

Estive muito tempo ausente no que concerne a esta exteriorização de sentimentos e tenho alguma dificuldade em ver a Maiúca. 

Contudo, tu sabes que falo muitas vezes contigo, não é verdade?!... 

Sem mails, facebook, whatsapp, esta carta vai selada com a vontade de te rever.

Porque não apareces para fazer um bacalhau à Zé do pipo?

Não esperes pelo dia em que for ter contigo … aparece… Serás sempre bem-vindo!



Até já!



TZ

quinta-feira, 31 de maio de 2018

[10064] - PEDRA DE NOSSA SENHORA - SANTO ANTÃO


RIBEIRA DO PENEDO -- ROCHA SCRIBIDA
SANTO ANTÃO

“…. Baltazar Lopes da Silva, em carta remetida a Arnaldo França, e que este deu a conhecer num artigo editado em 1999 na revista “EKOS do PAÚL”, embora assumindo-se como um “ epigrafista menos que amador”, opta pela tese de se tratar de uma inscrição de portugueses, eventualmente dos primeiros navegadores que aí aportaram.

Baseando-se nos conhecimentos que adquirira no curso de românicas concluído em Lisboa, o escritor identifica palavras portuguesas. “Diogo” e ao pé da cruz Antº (António) a fez”, e ainda uns caracteres “XPTO” que admite serem uma abreviatura de “Cristão” …”
IN – “Noticias lusófonas” – 18 Nov. 2003




Há algum tempo denunciamos este “crime”…. 
Voltamos para perguntar se já foi restaurada?!

COLABORAÇÃO: DJEU

domingo, 27 de maio de 2018

[10063] - AREIAS DE CABO VERDE - HISTÓRIA

EÇA DE QUEIROZ
AREIA DE CABO-VERDE

…” Tendo deixado de falar para resolver, o actual sr. Ministro da marinha nem fala nem resolve.
O parlamento fechou-se sem que sua ex.ª lhe apresentasse:
O orçamento do ultramar.
O relatório do seu ministério.
O mais simples e exíguo projecto de lei.

Da actividade com que sua ex.ª ocorre ao expediente dos negócios pendentes da sua secretaria, daremos ao leitor uma ideia contando uma história.
À exposição de Paris de 1867 mandou um habitante do arquipélago de Cabo Verde uma amostra das areias daquela costa. Examinou em Paris as referidas areias, a École des arts et des métiers, e em Lisboa a sociedade farmacêutica. Averiguou-se então que a areia das costas de Cabo Verde continha partículas de ferro.

Há tempos a casa A. Dubois & C.e, de Rouen, tendo catorze navios em navegação entre o nosso arquipélago e os portos europeus, lembrou-se de pedir ao governo português licença para exportar, como lastro, a areia de Cabo Verde, pagando ao governo a quantia que ele arbitrasse a cada tonelada de areia, e obrigando-se a casa Dubois a fixar o mínimo das toneladas exportadas, a fim de que o governo pudesse desde logo fixar no orçamento do estado esta nova receita.

Um amigo nosso, o sr. Regnauld, sócio da casa Dubois, negociantes milionários, cuja respeitabilidade foi afiançada em Lisboa pelo próprio sr. Thiers, o sr. Regnauld dizemos, veio pessoalmente a Portugal tratar do negócio, e expô-lo em toda a sua simplicidade ao sr ministro da marinha. S. ex.ª mandou ouvir a junta consultiva do ultramar. Esta deu o seguinte parecer sibilino:
Que, havendo aço na areia de Cabo Verde, e sendo o aço um metal, a exportação da sobredita areia se deveria regular pela legislação das minas!

Legislação das minas era muito menos lucrativo para o governo e muito menos dispendioso para a Casa Dubois, o nosso amigo Regnauld apressou-se a declarar que aceitava o contrato nas bases da legislação que se lhe inculcava. Considerada porém a areia de Cabo Verde como se fosse uma mina, era preciso: saber quem tinha descoberto a mina; registar a mina delimitar a mina; etc., etc. – o que tudo se tornava bastante difícil de se fazer – não havendo mina.

De sorte que, tendo-se primeiramente decidido, sobre a praia, que a praia se considerasse mina, resolveu-se depois sobre a mina, que a mina se considerasse praia.
O Sr. Regnauld apresenta-se, pede, suplica, exora: -- Meus senhores, considerem a areia como muito bem quiserem, considerem-na praia, considerem-na mina, considerem-na pano cru, considerem-na óleo de mamona, mas respondam-me uma coisa: digam-me sim ou digam-me não, como lhes aprouver, mas respondam-me por quem são, porque eu estou aqui a morrer de calor e de tédio, e quero ir-me embora para casa!

Tal tem sido em cada dia a linguagem do nosso amigo, o qual está em Lisboa há noventa dias: O seu requerimento foi apresentado há dez meses!
Não se lhe responde nada, senão que se está meditando o assunto.
IN- FARPAS- EÇA DE QUEIROZ – RAMALHO ORTIGÃO

COLABORAÇÃO - DJEU 

quarta-feira, 9 de maio de 2018

[10061] - A DESCOLONIZAÇÃO - CABO VERDE VI


O Governo de Transição 

O Governo de Transição tomou posse a 31 de Dezembro de 1974, na cidade da Praia. Foi constituído pelo Alto-Comissário, Almirante Vicente Almeida d’Eça, pelo Major Manuel Vaz Barroso (Ministro da Administração Interna), tenente-coronel Vasco Wilton Pereira (Ministro do Equipamento Social e Ambiente), e da parte cabo-verdiana, nomeados pela direção do P.A.I.G.C., os Drs. Carlos Reis (Ministro da Justiça e Assuntos Sociais), Amaro da Luz (Ministro da Coordenação Económica e Trabalho) e Manuel Faustino (Ministro da Educação e Cultura). 56
Logo no mês seguinte à tomada de posse do novo Governo, o Alto Comissário Almeida d’Eça expôs da seguinte forma às autoridades portuguesas a situação económico-social que o arquipélago então enfrentava:
“(…)
Não constitue, por certo, surpreza para ninguém se vos disser que o Governo de Transição veio encontrar uma situação alimentar e uma situação financeira extremamente difíceis.
Falando unicamente em géneros essenciais, as existências em açúcar e leite estavam a acabar-se, como veio a acontecer; quanto a milho, a reserva não era de forma alguma tranquilizante; apenas em relação a feijão se não levantavam problemas imediatos.
Do ponto de vista financeiro o tesouro encontrava-se em sérias dificuldades, praticamente sem reservas. (…)”57
Já na reunião da Comissão Nacional de Descolonização, de 25 de Janeiro de 1975, o Almirante Almeida d’Eça tinha concluído a sua intervenção com um pedido de apoio financeiro:

“Para terminar deseja-se unicamente dizer que se não for concedido pelo menos para os próximos 6 meses verbas para o subsídio não reembolsável e para o Plano de Fomento, a situação de Cabo Verde, que já é crítica no que respeita a aspectos alimentares, tornar-se-á catastrófica em pouco tempo.”58
Com efeito, o arquipélago estava então a enfrentar um período de sete anos de seca, seguida de uma praga de gafanhotos que tinha destruído as últimas culturas. Como consequência, considerou-se que 90% da população ativa, dedicada ao sector agrícola, estava no desemprego. 70% do gado tinha sido dizimado pela seca prolongada.
Relativamente ao sector industrial, o chefe do Governo de Transição afirmou
que:
“ (…) À parte uma ou outra pequena empresa, principalmente ligada à pesca, nada existe de significativo.

A CONGEL, uma das grandes empresas cabo-verdianas com capital de 50 mil contos, tem 160 mil contos de dívidas e entrou na situação de falência técnica. (…)”59
 Aquando da visita da Missão do Comité de Descolonização da O.N.U. a Cabo Verde, entre 25 de Fevereiro e 5 de Março de 1975, Abílio Duarte, na qualidade de dirigente do P.A.I.G.C., interveio perante representantes do Governo português e delegados da O.N.U., fazendo uma exposição em que apresentou de forma mais detalhada a situação socioeconómica do arquipélago.
Considerou que havia na altura cerca de 300 mil habitantes no arquipélago e 300 mil cabo-verdianos residentes no exterior. O PIB em 1973 tinha sido de 44 milhões de dólares, com participação de apenas 22% dos sectores produtivos. Em 1974, os subsídios não reembolsáveis por parte do Governo Português tinham constituído cerca de 70% das receitas públicas de Cabo Verde e a taxa de cobertura das importações pelas exportações era de 4%. Com efeito, na altura Cabo Verde importava todos os bens essenciais.

A taxa de desemprego atingia 50% da população ativa, problema que era parcialmente colmatado pelo sistema de “Apoio”, de contratação de mão-de-obra para construção de estradas. O rendimento médio diário per capita era, assim, equivalente a 0,2 US dólares. Na sua comunicação, proferida em francês, Abílio Duarte também caracterizou as condições habitacionais da população em meio rural e urbano:
“Dans les zones rurales et sous-urbaines la majorité de la population ne dispose que de maisons qui sont des constructions rectangulaires en pierre sèche et couvertes, en général, de chaume, avec une seule pièce et une fenêtre, sans électricité, sans eau canalisée et sans installations sanitaires.
Dans les zones sous-urbaines, qui grandissent vertigineusement à cause de la fuite des ruraux vers la ville, pressionés par la longue sécheresse que nous traversons, la situation est plus grave encore. Les constructions en pierre sèche avec les caractéristiques que nous avons mentionné, à cause du manque de logement, sont occupées par plusieurs familles, (…)”60
 
Importa referir que no Acordo de Transição assinado a 19 de Dezembro de 1974 entre o Governo português e o P.A.I.G.C., diversas cláusulas incidiam sobre a questão das relações futuras entre os dois Estados, como se pode constatar pela leitura dos Artigos 12º ao 16º do referido Acordo. Foram, assim, declaradas as intenções do Governo português de prestar assistência financeira, técnica e cultural ao Estado de Cabo Verde, de celebrar com o novo Estado acordos bilaterais de cooperação em todos os domínios e de não alterar a sua política em relação aos imigrantes cabo-verdianos. Por seu lado, o P.A.I.G.C. comprometeu-se a promover a salvaguarda dos cidadãos e dos legítimos interesses portugueses no arquipélago.61 

A independência do arquipélago de Cabo Verde foi proclamada às 12h00 do dia 5 de Julho, na cidade da Praia, e representando Portugal estiveram presentes o Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves, os ministros sem pasta Magalhães Mota e Pereira de Moura, o Dr. Álvaro Cunhal, o General Carlos Fabião, os Drs. Manuel Villas-Boas e Fernando Reino, o Eng.º Lopes Cardoso e o Dr. António de Almeida Santos.62 Estiveram também presentes delegados da O.N.U. e da O.U.A. e muitas delegações de países estrangeiros. Representando o novo Estado independente, presidiu à cerimónia o Presidente da Assembleia Nacional recém-eleito, Abílio Duarte, e nela participaram diversos altos dirigentes. Na cidade do Mindelo e na ilha do Sal realizaram-se simultaneamente curtas cerimónias essencialmente militares. No dia 7 de Julho foi realizada uma cerimónia semelhante na cidade do Mindelo.

A bandeira nacional portuguesa foi içada pela última vez às 08h00 do dia 5 de Julho, com honras militares, nas cidades da Praia, do Mindelo e na ilha do Sal.
Aquando do içar da bandeira nacional de Cabo Verde, “as forças em terra prestaram as honras correspondentes, os navios fundeados fizeram as salvas da ordenança. Na Praia, uma formação da Força Aérea Portuguesa sobrevoou o local da cerimónia e lançou flores e panfletos com palavras de saudação ao novo País.”63

Obtida a independência nacional, o então Primeiro-Ministro Pedro Pires confessou que convivia com o fantasma da fome, que durante três séculos assolou a população do arquipélago.64 Com efeito, especialistas do Banco Mundial afirmaram nessa altura que o Estado de Cabo Verde não era economicamente viável.

Contudo, em 40 anos de independência, não somente o espectro da fome foi ultrapassado, como outras grandes transformações ocorreram na sociedade caboverdiana: tendo a população residente aumentado de cerca de 200 mil habitantes em 1975 para quase 500 mil em 2013, em apenas 15 anos o PIB per capita quadruplicou, passando de 180 dólares em 1975 para 759 dólares em 1990. Referindo alguns indicadores respeitantes ao sector da Saúde, a taxa de mortalidade infantil, que era de 96 por mil em 1975, passou a ser de 21,7 por mil em 2003, tendo a esperança de vida à nascença atingido os 72 anos em 2004. No sector da Educação, a taxa de analfabetismo, que era de 70% por altura da independência, tinha diminuído para 25% em 2000(65). Para a obtenção destes e de outros resultados, os governos de Portugal têm sido dos principais parceiros dos governos de Cabo Verde.

56 Lopes, Cabo Verde, 407. 57 AN/TT, DCV - Descolonização de Cabo Verde, Caixa 2, “Governo de Transição do Estado de Cabo Verde” 58 AN/TT, DCV - Descolonização de Cabo Verde, Caixa 2, “Situação em Cabo Verde” 59 AN/TT, DCV - Descolonização de Cabo Verde, Caixa 2, “Situação em Cabo Verde” 60 AN/TT, DCV - Descolonização de Cabo Verde, Caixa 2, Visita da Missão do Comité de Descolonização da ONU a Cabo Verde: “Nas zonas rurais e suburbanas a maioria da população dispõe tão-somente de casas que são construções retangulares em pedra seca, e em geral, cobertas de colmo, com apenas uma divisão e uma janela, sem eletricidade, sem água canalizada e sem instalações sanitárias.   Nas zonas suburbanas, que crescem vertiginosamente devido à fuga dos rurais para a cidade, pressionados pela longa seca que atravessamos, a situação é ainda mais grave. As construções em pedra seca com as características que mencionámos, devido à falta de alojamento, são ocupadas por muitas famílias, (…).” (traduzido por mim)  61 AN/TT, DCV - Descolonização de Cabo Verde, Caixa 1 “Acordo entre o Governo Português e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC)” 62 Santos, Quase Memórias, 260. 63 AN/TT, DCV - Descolonização de Cabo Verde, Caixa 3, “Relatório Final” 64 Lopes, Cabo Verde, 468. 65 Ângela Sofia Benoliel Coutinho, “The Political Trajectory of President Pedro Pires”, Africa Confidential (London, 2011) 

O processo de descolonização de Cabo Verde   Ângela Sofia Benoliel Coutinho  (IPRI/UNL)